Centenário de Thomaz Farkas é celebrado em nova exposição no IMS
A mostra "Thomaz Farkas, todomundo" reúne 500 obras do artista, incluindo fotografias, filmes, equipamentos e documentos
O fotógrafo e cineasta húngaro Thomaz Farkas (1924-2011) é o tema da nova exposição no Instituto Moreira Salles (IMS), em São Paulo. A retrospectiva “Thomaz Farkas, todomundo” resgata obras desde os anos 1940, marcando o início da carreira do artista, que completaria 100 anos em 2024. A mostra abrange suas diferentes fases, do abstrato ao documental, com cerca de 500 itens expostos, incluindo fotografias, filmes, equipamentos e documentos.
A curadoria é assinada pelo cineasta e crítico Juliano Gomes, pela curadora independente Rosely Nakagawa, cofundadora da Galeria Fotoptica com Farkas, e por Sergio Burgi, coordenador de Fotografia do IMS, com assistência de Alessandra Coutinho.
Além de seu trabalho fotográfico, Farkas se destacou na produção de documentários, tendo dirigido três e produzido quase 40 obras, que integraram a chamada Caravana Farkas. Muitas delas foram criadas com recursos próprios do fotógrafo. Durante a retrospectiva, serão exibidos dois filmes: Todomundo (1978-1980), um curta-metragem que retrata diversas torcidas de futebol brasileiras, e Subterrâneos do futebol (1965), de Maurice Capovilla.
Nos anos 1950, ele fundou, ao lado de Geraldo de Barros, o laboratório fotográfico do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
O acervo do IMS inclui registros do centro de São Paulo na década de 1940, com imagens inéditas em cores da cidade e a icônica série do estádio do Pacaembu, caracterizada pela presença de pessoas e experimentações formais. Farkas também documentou o universo das escolas de samba e a cultura carioca, retratando a herança da diáspora africana e a vida cotidiana do Rio de Janeiro, e também retratou momentos históricos como a inauguração da cidade de Brasília.
Qume foi Thomaz Farkas?
Thomaz Farkas nasceu em Budapeste em 1924 e imigrou para o Brasil aos seis anos. Em São Paulo, seu pai, Dézso, abriu a famosa loja Fotoptica a qual Farkas assumiu nos anos 1960 após a morte do patriarca. Em 1979, ele inaugurou a Galeria Fotoptica, em parceria com Rosely Nakagawa, que promoveu uma grande revolução na produção cultural no país.
A fotografia é uma paixão que vem da infância. Sua primeira câmera veio ainda aos oito anos. Os registros do fotógrafo iam desde paisagens do cotidiano familiar até a dinâmica cultural urbana, como a construção do estádio do Pacaembu. Aos 18 anos, tornou-se sócio do Foto Cine Clube Bandeirante. Na década de 1960, ele foi preso durante a ditadura militar de sob acusações de colaborar com uma guerrilha.
Uma das principais influências de Farkas no início de sua carreira foi o Straight Photography, que contava com expoentes como Paul Strand, Ansel Adams e Edward Weston. Esse movimento defendia uma fotografia mais objetiva, menos manipulada e rica em detalhes, sendo considerado uma das sementes do fotojornalismo. Farkas chegou a lecionar Fotojornalismo na Escola de Comunicação da Universidade de São Paulo (USP) e morreu em 2011, aos 86 anos, em decorrência de falência múltipla dos órgãos.
IMS Paulista | 8º e 7º andares – Av. Paulista, 2424 – Bela Vista
De 19 de outubro de 2024 até 9 de março de 2025
Entrada gratuita