A história do casal que enganou o mundo da arte com falsificações milionárias
Em Wolfgang e Helene Beltracchi, dois pintores alemães que ganharam notoriedade por reproduzir e vender cerca de 300 obras de grandes mestres
Alguns artistas entram para a história por suas técnicas, estilos e habilidades singulares. Mas poucos garantem um lugar nessa lista elevada graças ao talento para a charlatanice. E é justamente aí que entram Wolfgang e Helene Beltracchi, dois pintores alemães que ganharam notoriedade ao falsificar cerca de 300 obras de grandes mestres — de Picasso a Monet — em um esquema internacional que faturou mais de US$ 100 milhões.
E não foram apenas colecionadores que caíram no golpe, mas também instituições. “Sempre achei interessante ir a museus — até mesmo ao MoMA — e ver meus trabalhos lá”, debochou Wolfgang ao site Deutsche Welle. Algumas das pinturas superavam os originais, como afirmou a viúva do pintor Max Ernst, uma dos mestres copiados.
Até que, em 2011, após anos de fraude, o casal foi sentenciado à prisão: Wolfgang recebeu seis anos, enquanto Helene cumpriria quatro. O deslize que derrubou o esquema foi uma escolha técnica equivocada. Ao reproduzir uma pintura de Heinrich Campendonk, de 1914, Wolfgang usou um pigmento que não existia na época: o branco de titânio.
A história rodou o mundo, e muitos compradores preferiram não admitir publicamente que foram enganados, para não colocar sua reputação em risco. O curioso é que os Beltracchi acabaram alcançando fama justamente por causa da própria picaretagem.
Mesmo na prisão, Wolfgang Beltracchi manteve a prática artística, desta vez pintando seus colegas de cela — gesto que lhe rendeu simpatia, inclusive da Justiça, e contribuiu para a redução da pena.
Ao sair, recebeu uma nova chance. Ele expôs no Art Room9, em Munique, com a mostra “Freedom”, agora composta apenas por criações originais. “Cumpri minha pena. Qualquer um que me critica quer vingança — ou é invejoso”, declarou ao Deutsche Welle. E ele manteve a notoriedade com seus próprios desenhos. Uma galeria, na Suíça, chegou a vender todas as peças dispostas, assinadas pelo artista.
Atualmente, ele vive de suas próprias produções, de forma quase independente. O contato com a rotina do pai, restaurador de obras, foi o que despertou seu talento para a arte. Sua primeira cópia foi feita aos 14 anos, a partir de uma pintura de Picasso. Durante a juventude, levou uma vida hippie e percorreu diversos países da Europa. Chegou a ter uma breve experiência como sócio de uma galeria antes de se lançar sozinho no caminho da falsificação. Até que, em 1992, conheceu Helene — sua paixão e futura parceira no crime e na arte.
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