Guia Bravo!: 6 exposições imperdíveis para visitar em São Paulo em março
Seleção que conta com mostras cujos temas permeiam críticas socioambientais a memórias da música brasileira

Março em São Paulo não é apenas sinônimo de outono suave e noites mais longas: é um mês em que a cidade recebe diversas manifestações artísticas. Galerias, museus e centros culturais preparam uma programação que mistura nomes consagrados, jovens talentos e diálogos que transitam entre críticas socioambientais na Amazônia aos retratos que ressignificam a beleza negra e queer.
Para não perder nada, selecionamos cinco exposições imperdíveis que capturam o espírito plural da cena paulistana. Confira!
1. MAM São Paulo: Encontros entre o Moderno e o Contemporâneo

O Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) propõe uma reflexão sobre as fronteiras entre arte moderna e contemporânea em uma exposição que reúne mais de 200 obras de seu acervo. Em núcleos temáticos como “Natureza: fim da representação”, pinturas de Tarsila do Amaral dialogam com instalações de Adriana Varejão, enquanto em “Corpos: políticas da relação”, fotografias de Claudia Andujar confrontam esculturas de Lygia Clark. A mostra revela como temas como urbanismo e tecnologia permeiam ambas as eras, desafiando a ideia de uma linha cronológica rígida.
Uma sala especial é dedicada ao diálogo entre o neoconcretismo de Hélio Oiticica e a arte digital de Laura Lima. Aqui, o público interage com projeções que respondem a movimentos corporais, reforçando a tese da curadoria: a modernidade não foi superada, mas ressignificada.
Parque Ibirapuera, Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Portão 3, São Paulo
25 de março até 08 de junho
De terça a domingo, das 10h às 20h
Entrada gratuita
2. Sala de Vídeo: Janaína Wagner – Transamazônica, Entre o Real e o Mítico

(Janaina Wagner / MASP/divulgação)
No MASP, a artista mineira Janaína Wagner apresenta uma trilogia filmada na Rodovia Transamazônica (BR-230), símbolo dos projetos de desenvolvimento da ditadura militar. Em Curupira e a máquina do destino (2021), o mito do protetor das florestas ganha forma ciborgue, sabotando tratores em cenas que misturam realismo e fantasia. Já Quebrante (2024) homenageia a professora Erismar, que descobriu mais de 50 cavernas na Amazônia, muitas ameaçadas por garimpos ilegais.
A mostra inclui um arquivo histórico com fotos inéditas da construção da Transamazônica nos anos 1970, cedidas pelo Incra. Em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), o MASP promove debates com lideranças indígenas, como Alessandra Korap Munduruku, sobre os impactos da rodovia em territórios tradicionais.
MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – Av. Paulista, 1578, São Paulo
Até 30 de março
terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a quinta das 10h às 18h (entrada até as 17h); sexta das 10h às 21h (entrada gratuita das 18h às 20h30); sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até às 17h); fechado às segundas.
Ingressos: R$ 75 (entrada); R$ 37 (meia-entrada)
3. Zanele Muholi: Beleza Valente

Com a frase “Eu uso a fotografia para confrontar e curar, por isso me denomino ativista visual”, a sul-africana Zanele Muholi (Umlazi, 1972) define sua prática artística, que une arte e política em um gesto de resistência. Sua primeira individual no Brasil, Beleza Valente, em cartaz no Instituto Moreira Salles (IMS), reúne mais de 100 obras — fotografias, vídeos, pinturas e a escultura A Portadora das Águas (Mmotshola Metsi) (2023) —, traçando um panorama de duas décadas de carreira.
Nascida durante o apartheid, Muholi testemunhou os limites da transição democrática sul-africana: mesmo após a Constituição de 1996 (que proibiu discriminações raciais e de gênero), a violência contra corpos negros LGBTQIAPN+ persistiu. Em resposta, trocou o fotojornalismo de denúncia por retratos que celebram a beleza e a dignidade de sua comunidade.
Com curadoria de Daniele Queiroz, Thyago Nogueira e Ana Paula Vitorio, a exposição destaca como Muholi desmonta estereótipos de gênero e raça.
IMS Paulista – Av. Paulista, 2424, Bela Vista, São Paulo
Até 22 de junho
Terça a domingo e feriados das 10h às 20h (fechado às segundas).
Última admissão: 30 minutos antes do encerramento.
Entrada gratuita
4. Jovem Guarda 60 Anos | MIS

O Museu da Imagem e do Som celebra seis décadas do movimento que revolucionou a música e os costumes brasileiros. Com 500 itens do acervo do jornalista Washington Morais, a exposição exibe desde o primeiro disco de Roberto Carlos (Splish Splash, 1963) até figurinos usados por Wanderléa no programa de TV. Uma sala interativa recria o estúdio da TV Record, onde o público pode “participar” virtualmente do Jovem Guarda, escolhendo looks da época e cantando karaokê de clássicos como “Quero Que Tudo Vá pro Inferno”.
Documentos censurados pela ditadura revelam como letras aparentemente inocentes eram vistas como subversivas.
MIS – Av. Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo
Até 15 de dezembro de 2025
Terças a sextas, 10h às 19h; sábados, 10h às 20h; domingos, 10h às 18h
Ingresso: R$30 (inteira), R$15 (meia); grátis às terças.
5. Heloisa Hariadne: A Cor do Ar

No Farol Santander, Heloisa Hariadne transforma a percepção da paisagem em uma experiência sensorial. Suas pinturas e instalações, como Respiração Cromática (2025), dissolvem fronteiras entre o visível e o intangível, explorando o ar como um tecido vital que conecta humanos e natureza. A série Atmosferas Compartilhadas (2024) simula o movimento das nuvens em pinceladas translúcidas.
A artista desenvolveu uma parceria com o Instituto de Astronomia da USP para criar projeções em tempo real da poluição do ar em São Paulo, usando dados de satélites. Na instalação Ar Invisível, sensores de CO₂ acionam luzes UV que revelam micropartículas suspensas, transformando dados técnicos em uma experiência estética e crítica.
Farol Santander – Rua João Brícola, 24, Centro, São Paulo
Até 15 de junho
Terça a domingo, 09h às 20h
Entrada para visitação, mediante a compra de ingressos, até às 19h, podendo permanecer até às 20h.
Ingresso: R$ 35 (inteira), R$ 17,50 (meia-entrada) e R$ 31,50 (clientes Santander).

6. Eleonore Koch na Galeria Paulo Kuczynski
Neste fim de semana, a Galeria Paulo Kuczynski inaugura sua aguardada sede ampliada e modernizada em São Paulo. A reabertura é marcada pela individual de Eleonore Koch (1926-2018), única discípula de Alfredo Volpi. A mostra Não são coisas do cotidiano, só parecem traça sua trajetória desde Natureza-morta (1949) até Despedida com tulipas (2001), revelando sua busca constante por ordem em meio ao caos. A amizade entre Koch e Kuczynski começou no fim dos anos 1970 e resultou na doação de parte de seu acervo à galeria. A exposição também conta com obras da colecionadora Clara Sancovsky.
Galeria Paulo Kuczynski
Alameda Lorena, 1661
Até 17/05
De segunda a sábado, das 10h às 18h30
Entrada gratuita