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Panorama da Arte Brasileira: 7 artistas para prestar atenção

Intitulada "Mil graus", a mostra reflete sobre as condições climáticas e os desafios da adaptação humana

Por Redação Bravo!
Atualizado em 4 out 2024, 11h55 - Publicado em 4 out 2024, 08h00
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Gabriel Massan, continuity flaws rumors of a leak, 1920x600 (38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus/divulgação)
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A arte brasileira sempre encontrou formas de refletir e reagir às complexidades do mundo contemporâneo, e a 38ª edição do Panorama da arte Brasileira não é exceção. Com o nome “Mil graus“, a mostra será inaugurada no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), em 5 de outubro.

O título evoca a ideia de um “calor-limite”, uma referência às condições climáticas, assim como os aspectos mais profundos da existência, que desafiam e impulsionam adaptações e – por que não – os processos artísticos. Com curadoria de Germano Dushá e Thiago de Paula Souza, e curadoria-adjunta de Ariana Nuala, a bienal do MAM apresenta as obras de 34 artistas de 16 estados brasileiros. Em decorrência da reforma da marquise do Parque Ibirapuera, onde o MAM está localizado, a mostra será realizada no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP).

Ao todo, ela ocupará o térreo e o terceiro andar do MAC USP, totalizando mais de 130 obras, das quais 79 são inéditas e foram comissionadas para o 38º Panorama. Há obras digitais, representações tridimensionais e algumas até que usam materiais orgânicos.

A curadoria se organiza em torno de cinco eixos temáticos: Ecologia geral, Territórios originários, Chumbo tropical, Corpo-aparelhagem, e Transes e travessias. Essas linhas não são pensadas como segmentos isolados, mas sim fios condutores que instigam reflexões e conexões entre as obras.

Além da exposição, o Panorama promoverá uma programação pública com atividades abertas, incluindo ativações de obras, performances e conversas com curadores.

Confira alguns dos artistas que estarão presentes na Bienal e que merecem atenção especial durante a visita:

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Antonio Tarsis (Salvador, BA, Brasil [Brazil], 1995), Ascender o silêncio [To Light Up the Silence], 2024 (1000°/reprodução)
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Antonio Tarsis

Nascido em Salvador em 1995, Antonio Tarsis busca transformar o comum em arte. Caixas de fósforo, caixotes e até carvão viram ferramentas para suas criações, coisas que normalmente iriam para o lixo acabam ganhando uma nova vida nas suas mãos. O resultado? Obras que mostram as marcas do tempo, com cores desbotadas, papéis delicados e texturas bem únicas.

Ele também curte brincar com fogo, literalmente! A pólvora queimada aparece como parte do seu estilo visual, e isso faz suas peças terem uma pegada explosiva (sem trocadilhos). Ao unir esses materiais com colagens e desenhos, Tarsis cria uma metáfora sobre a fragilidade da memória e as mudanças sociais.

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Dona Romana (Natividade, TO, Brasil [Brazil], 1941) Centro Bom Jesus de Nazaré, sítio Jacuba [Bom Jesus de Nazaré Center, Jacuba Ranch], Natividade, TO, desde [since] setembro de 1989. (Emerson Silva/reprodução)

Dona Romana

Dona Romana Pereira da Silva é uma figura mística e respeitada líder espiritual. Ela possui uma trajetória marcada pela sabedoria e pela criação artística. Residente no Centro Bom Jesus de Nazaré, a 3 km da zona urbana, no sítio Jacuba. Apesar de sua escolaridade limitada, conseguiu aprender o básico da leitura e escrita em casa. Romana relata que há mais de 35 anos é guiada por três curadores espirituais, cujas vozes a orientam em suas ações e decisões.

No sítio onde vive, Romana criou um vasto acervo de esculturas feitas de pedra tapiocanga e cimento, retratando figuras humanas, animais, pássaros, formas estelares e geométricas. Estas peças, entrelaçadas por fios e antenas, convivem com cadernos manuscritos, desenhos, livros e objetos que, segundo ela, estão destinados a servir a quem precisar no futuro. Além disso, ela armazena provisões, como grãos e água, com o mesmo propósito.

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Dona Romana (Natividade, TO, Brasil [Brazil], 1941) Centro Bom Jesus de Nazaré, sítio Jacuba [Bom Jesus de Nazaré Center, Jacuba Ranch], Natividade, TO, desde [since] setembro de 1989 (Emerson Silva/reprodução)

Reconhecida por seu trabalho e influência, Romana foi homenageada em 2007 pela cidade com a medalha de honra ao mérito “Pio Pinto de Cerqueira”.

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Lucas Arruda (São Paulo, SP, Brasil [Brazil], 1983). Sem título [Untitled], da série [from the series] Deserto-Modelo, 2022 (Everton Ballardin/reprodução)

Lucas Arruda

Lucas Arruda, nascido em São Paulo (SP) em 1983, desenvolve uma pesquisa artística focada na representação da paisagem, que vai além da mera visualização. Seu trabalho investiga a relação entre luz, percepção e memória, revelando estados mentais contemporâneos por meio da combinação de abstração e figuração. Utilizando técnicas variadas, como pinturas a óleo, projeções de slides e instalações de luz, suas paisagens habitam o espaço entre o aparecimento e o vazio, criando atmosferas que evocam tanto questões visuais quanto metafísicas.

Ao construir e reconstruir memórias, Arruda explora o ciclo constante de transformação e permanência. Suas obras, muitas vezes ancoradas na tensão entre o etéreo e o terreno, conduzem o observador a uma contemplação meditativa sobre o tempo, a matéria e as sensações vividas.

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Maria Lira Marques (Araçuaí, MG, Brasil [Brazil], 1945).Sem título [Untitled], 2021 (Edouard Fraipont/reprodução)

Maria Lira Marques

Maria Lira Marques, nascida em Araçuaí (MG) em 1945, desde a infância demonstrou interesse por trabalhos manuais, inspirada pela mãe, que confeccionava presépios de barro. Mais tarde, aprendeu técnicas de cerâmica com sua vizinha, Joana Poteira, o que impulsionou sua carreira artística. Sua primeira exposição ocorreu em 1975 no Sesc Pompeia, em São Paulo, e, desde então, suas obras foram exibidas tanto no Brasil quanto em diversos países, como Bélgica, França e Estados Unidos.

Seu trabalho se destaca pelo uso de pigmentos naturais e pela representação da paisagem sertaneja, especialmente com a série Bichos do Sertão, em que cria animais imaginários que compõem um vasto bestiário. Além de artista, Maria Lira se coloca como pesquisadora e ativista cultural, promovendo o trabalho de artesãos do Vale do Jequitinhonha. Em parceria com o Frei Xico, fundou o Museu de Araçuaí e liderou o Coral Trovadores do Vale, preservando a cultura regional.

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Labō & Rafaela Kennedy (Belém, PA, Brasil [Brazil], 1995 & Manaus, AM, Brasil, 1994) Amoré, 2023 (1000°/reprodução)

Rafaela Kennedy

Rafaela Kennedy é uma artista visual nascida em Manaus (AM) em 1994. Na fotografia, ela busca refletir sobre sua conexão com suas ancestralidades travestis. Sua prática criativa é marcada pela observação das interações sociais e dos corpos ao seu redor, criando imagens que promovem uma vivência não normativa e celebram a diversidade.

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Como líder do Ateliê TRANSmoras, Rafaela trabalha para fortalecer a autonomia de artistas e lideranças trans no Brasil. A associação, que teve início na Unicamp, agora possui um espaço no Centro Cultural São Paulo, oferecendo apoio e visibilidade à comunidade trans. Em 2022, foi agraciada com o “Women’s in Residency Award” na feira de arte Zona Maco e participou de uma residência artística na Casa Wabi, em Puerto Escondido, no México.

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Sallisa Rosa (Goiânia, GO, Brasil [Brazil], 1986) Sem título [Untitled], 2023. _Cortesia_ Sallisa Rosa e A Gentil Carioca (Pedro Agilson/reprodução)

Sallisa Rosa

Sallisa Rosa, nascida em Goiânia (GO) em 1986, é uma artista cujo trabalho transita entre diversas linguagens, como fotografia, vídeo, performance e, mais recentemente, desenho. Atualmente, está em residência artística na Rijksakademie, em Amsterdam. Algumas de suas temáticas são memória, esquecimento e estratégias de criação de futuros. Sua obra é marcada por uma abordagem intuitiva e pela relação com o território e a natureza.

A artista tem especial interesse em grandes instalações em espaços públicos e institucionais, utilizando a terra como material central, explorando o plantio, o barro e a cerâmica. Seu compromisso com práticas artísticas colaborativas é um dos aspectos centrais de sua trajetória, sempre voltada para a partilha de saberes e a construção de processos coletivos que conectam arte e vida.

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Solange Pessoa (Ferros, MG, Brasil [Brazil], 1961). Sem título [Untitled], da série [from the series] Dionísias, 2017 (Estúdio em Obra/reprodução)
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Solange Pessoa

Solange Pessoa, nascida em Ferros (MG) em 1961, é uma artista cuja obra reflete a riqueza do mundo natural, entrelaçando temas de vida e morte através de processos criativos que utilizam materiais orgânicos encontrados na propriedade de sua família. Mineira de uma região marcada pelo barroco colonial e pela extração de ferro, Solange transforma elementos como terra, musgo, couro, cera e até sangue em um meio expressivo que dá vida às suas obras.

Seu trabalho sugere uma interseção entre passado e presente. Com uma perspectiva animista, Solange atribui agência a cada fenômeno material, refletindo isso em suas esculturas em pedra-sabão, que evocam formas ancestrais, como espirais e fósseis, além de representações corpóreas, como úteros e entranhas. A instalação monumental Catedral (1990-2003) é um exemplo de sua prática, com elementos suspensos e ancorados que remetem a cavalos fantasmagóricos e memórias da colonização, conectando passado e presente em uma reflexão profunda sobre a história e a natureza.

38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus

De 5 de outubro de 2024 a 26 de janeiro de 2025. De terça a domingo, das 10h às 21h.
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – Av. Pedro Álvares Cabral, 1301 – Vila Mariana
Gratuito

 

 

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