Arquitetura para um mundo quente: conheça os destaques da Bienal na Oca
A 14ª Bienal de Arquitetura acontece no Pavilhão da Oca, no Parque Ibirapuera, até 19 de outubro, destacando projetos que buscam soluções para a crise climática
Conciliar conhecimentos ancestrais com as soluções mais modernas é fundamental para enfrentar a crise climática. Partindo desse princípio, a 14ª Bienal de Arquitetura estruturou sua programação deste ano. Organizado pelo IABsp (Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo), o evento ocupa o Pavilhão da Oca, no Parque Ibirapuera, até 19 de outubro.
Com curadoria de Renato Anelli, Karina de Souza, Marcos Cereto, Clevio Rabelo, Marcella Arruda e Jerá Guarani, a mostra — intitulada “Extremos: Arquitetura para um Mundo Quente” — reflete sobre as respostas que a arquitetura pode oferecer diante da emergência climática. O resultado reúne 179 projetos inovadores e comprometidos com esse debate, incluindo trabalhos de jovens profissionais. Uma das novidades desta edição é o retorno da programação à Oca.
“Estamos felizes em retomar um movimento de concentração e força dessa que é a mais importante exposição de arquitetura das Américas, com uma história que começa há mais de 70 anos, em 1951, quando o IAB organizava as mostras de arquitetura dentro da Bienal Internacional de Arte de São Paulo. Optamos por voltar ao Parque Ibirapuera, na Oca, e concentrar lá as respostas da arquitetura às mudanças climáticas ao redor do mundo, para reafirmar com a máxima clareza para a sociedade o papel da arquitetura como campo capaz de propor caminhos diante das transformações do nosso tempo”, declarou Raquel Shenkman, presidente do IABsp, em comunicado à imprensa.
Entre os destaques desta edição está o arquiteto chinês Kongjian Yu, morto recentemente em um acidente aéreo no Brasil. Ele foi o criador do conceito de cidade-esponja, que propõe centros urbanos com maior capacidade de absorção e aproveitamento das águas pluviais.
Outro ponto imperdível é a seção Ficaremos aqui, que ocupa todo o segundo andar da Oca com 14 construções experimentais de baixo impacto. Algumas delas em escala real, unem saberes tradicionais e pesquisas com novos materiais, como telhas de plástico reciclado, solo-cimento, cânhamo e diferentes usos da madeira, combinando inovação arquitetônica e respeito aos ciclos da natureza.
Sacred Waters – Indigenous Ecologies in Mumbai
Desenvolvido pelo coletivo Urbz, o projeto busca fortalecer a relação das comunidades indígenas com a água em Mumbai. A proposta inclui desde um galpão para barcos e equipamentos de pesca até áreas seguras de atracação. Também prevê barracas de comida para mulheres venderem sua culinária, espaços de processamento de peixe que unem técnicas tradicionais e práticas contemporâneas, além de áreas de lazer voltadas para crianças, jovens mães e idosos.
Woven Breathing Façade: Hygroscopic Responsive Textile Architecture
Desenvolvido por Ye Sul E. Cho, Jane Scott e Ben Bridgens, no Reino Unido, o projeto transforma a fachada em um organismo vivo. Feita com madeira higroscópica entrelaçada, a estrutura se abre e se fecha com calor, umidade e chuva, ventilando e protegendo sem eletricidade. Inspirada em técnicas de cestaria, a fachada atua como uma membrana respiratória, demonstrando design responsivo ao clima e alternativas sustentáveis aos sistemas tradicionais de construção.
LIFE COSTadapta
Assinado por José Antonio Sosa, Evelyn Alonso, Héctor García, Iñaki Pérez e ULPGC, o projeto atua na costa norte de Gran Canaria, região altamente exposta ao avanço do mar. A iniciativa aposta na criação de charcos de maré artificiais que funcionam como barreiras contra inundações e, ao mesmo tempo, como espaços de convivência para a comunidade. Em escala real, o protótipo servirá de laboratório vivo, incentivando práticas sustentáveis, fortalecendo a biodiversidade e ressaltando a importância de preservar o litoral diante das mudanças climáticas.
Águas do Cadaval: regeneração com tecnologias tradicionais
Desenvolvido pela Frente Ilê Odé Ibualamo, o projeto parte da remoção de um território tradicional em Carapicuíba para discutir resistência e justiça climática. A proposta combina técnicas contemporâneas e saberes ancestrais na regeneração urbana, preservando vínculos culturais e a memória de uma comunidade de matriz africana.
Domo Pompeia – T03
Desenvolvido pela Turma III da Pós-Graduação “Arquitetura em Madeira” do Núcleo da Madeira/IPT, o Domo Pompeia é uma estrutura circular, leve e desmontável, construída manualmente em madeira. O projeto acadêmico une experimentação e pesquisa estrutural, valorizando a sustentabilidade e o aprendizado prático sobre resistência e plasticidade do material, tornando-se também um espaço de contemplação.
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