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Brasil recebe de volta 750 obras de arte afro-brasileiras

A coleção será doada ao Muncab após 30 anos de exibições na América do Norte

Por Redação Bravo!
5 out 2024, 08h00
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Revolta dos Malés, de Sol Bahia (Con/Vida/reprodução)
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Finalmente, de volta ao lar. Cerca de 750 obras de arte de artistas brasileiros, predominantemente negros, serão repatriadas ao Brasil após 30 anos de exibições nos Estados Unidos e no Canadá.

A informação foi divulgada pelo jornal britânico The Guardian. Entre as peças, encontram-se esculturas, pinturas, vestimentas e objetos religiosos, em sua maioria classificados como arte popular, criada por artistas autodidatas. As obras serão doadas ao Muncab (Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira). Um dos destaques é a imponente estátua “Oxalá”, de Celestino Gama da Silva, com mais de dois metros de altura. As peças são, em grande parte, de artistas oriundos da Bahia, Pernambuco e Ceará.

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Oxalá, de Louco Filho (Con/Vida/reprodução)

A coleção, formada ao longo de décadas, é um testemunho da rica diversidade cultural do Brasil. A maioria das obras, repleta de simbolismo religioso e cultural. A viagem começou após a visita da historiadora Marion Jackson e da artista Barbara Cervenka a Salvador. Em entrevista ao jornal, elas explicaram que a maioria das peças foi adquirida diretamente dos artistas, muitas vezes com recursos próprios. Entre 1992 e 2012, Jackson e Cervenka viajaram ao Brasil pelo menos uma vez por ano. Para o transporte, utilizavam métodos criativos e desafiadores – algumas precisaram ser enroladas em colchões e embarcadas em navios.

“No início, parecia uma cacofonia de objetos. Mas, à medida que olhávamos mais de perto, começamos a identificar os criadores e o contexto das obras. Conhecemos os artistas, retornamos aos Estados Unidos com algumas peças e continuamos essa troca”, contaram ao The Guardian.

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Procissão da Irmandade da Boa Morte, de Lena da Bahia (Con/Vida/reprodução)

As duas fundaram a Con/Vida, uma organização sem fins lucrativos dedicada a promover exposições de artistas marginalizados, com poucos recursos ou que vivem em contextos de instabilidade política. Agora, a organização e o museu em Salvador estão trabalhando na logística para trazer as obras de volta, o que deve ocorrer até o próximo ano.

“Com o passar do tempo [Cervenka tem 85 anos e Jackson, 83], percebemos que não conseguiríamos manter o mesmo ritmo necessário para um projeto dessa magnitude. Queríamos garantir que essas obras tivessem um futuro”, disse Marion Jackson ao The Guardian.

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