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Denilson Baniwa mapeia afetos e resistências indígenas em obra comissionada por Inhotim

A partir de uma imersão na história da fotografia, o artista criou uma cartografia visual que acompanha a jornada de um professor universitário indígena

Por Humberto Maruchel
Atualizado em 6 ago 2025, 13h39 - Publicado em 6 ago 2025, 09h00
 (Ana Clara Martins/divulgação)
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Comissionada pelo Instituto Inhotim, a obra iepē pisasu ara uosika (“um novo dia nascerá”), de Denilson Baniwa, propõe uma nova forma de olhar para o retrato. Inspirado pela trajetória de Claudia Andujar e provocado pela curadoria da instituição, o artista mergulhou na história da fotografia e em técnicas como a cianotipia — processo que utiliza sais de ferro e luz solar para gerar imagens em tons de azul. A pesquisa, no entanto, só ganhou corpo ao se deparar com a realidade de indígenas que migraram para centros urbanos.

A peça nasceu do encontro com Alfredo Himotomo Yanomami, professor e universitário que vive entre Boa Vista (RR) e sua aldeia. A partir dessa convivência, Denilson construiu uma cartografia de afetos — um diário visual composto por imagens, textos, mapas e objetos — que articula a experiência do deslocamento com a busca por pertencimento. É também um gesto político, que desafia os limites do retrato tradicional ao incluir fragmentos de vivência e resistência.

“Voltar à história da fotografia foi um exercício fundamental para este trabalho. Depois disso, fui a Roraima, a Boa Vista, conversar com pessoas indígenas que vivem em contexto urbano, para entender a história da migração delas para a cidade, os motivos que as fizeram sair da comunidade e os motivos para permanecer na cidade”, afirmou o artista à Bravo!.

“Essa trajetória tem a ver com a minha história e também com a história de várias pessoas indígenas no Brasil e no mundo. E das pessoas que conheci, criei uma amizade com o Alfredo Mono. Ele é universitário, cursa licenciatura e é um intelectual cultural na Universidade de Roraima. Além disso, Alfredo é professor em sua aldeia Yanomami, ensinando a língua Yanomami para jovens da comunidade. Ele divide seu tempo entre a universidade e a aldeia: passa 15 dias na universidade e os demais na aldeia, onde dá aula. Ele vive em Roraima por causa da universidade, mas também enfrenta o contexto de violência e racismo presente na cidade de Boa Vista, onde sofre constantemente com esses desafios.”

A obra marca a nova fase da Galeria Claudia Andujar, que celebra dez anos com a inclusão de trabalhos de mais de 20 artistas indígenas da América do Sul. A exposição reforça o legado de Andujar e amplia sua missão ao dar visibilidade a temas como espiritualidade, território e resistência a partir de vozes indígenas. Entre os nomes presentes estão Aida Harika Yanomami, Edgar Kanaykõ Xakriabá, Graciela Guarani, Julieth Morales, Paulo Desana e UÝRA.

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