Poema de Manoel de Barros inspira mostra coletiva de 23 artistas
Com curadoria de Priscyla Gomes, a exposição "Meu quintal é maior que o mundo" será inaugurada em 8 de fevereiro na galeria Casa Triângulo

O quintal pode alcançar um significado muito mais amplo do que a extensão de uma residência. Foi pensando nisso que a galeria Casa Triângulo criou a exposição coletiva Meu quintal é maior que o mundo, que será inaugurada em 8 de fevereiro, e conta com curadoria de Priscyla Gomes. A mostra reúne obras de 23 artistas brasileiros de diferentes gerações, abordando o quintal como um espaço de transição entre o doméstico e o universal.
O título da exposição remete ao poema O Apanhador de Desperdícios, de Manoel de Barros, que convida a uma nova percepção sobre o cotidiano, valorizando o que muitas vezes passa despercebido na correria do dia a dia. A proposta curatorial explora a ideia do quintal como um lugar de convivência, contemplação e transformação, onde o contato com a natureza, a espiritualidade e as tradições se entrelaçam. A exposição reúne pinturas, esculturas, instalações e fotografias que exploram diferentes abordagens sobre esse tema.

A curadora, Priscyla Gomes, enfatiza que a exposição tem como objetivo ampliar o sentido do quintal como um espaço simbólico, mas que pode representar desde um refúgio para a introspecção até um ambiente de interação social. “O quintal é um microcosmo que reflete o mundo exterior, um espaço onde o cotidiano e o universal se encontram”.
Entre os artistas participantes estão Albano Afonso, Sandra Cinto, Eduardo Berliner, Vânia Mignone, Lucas Simões, Mauro Restiffe, Zé Carlos Garcia, Amori, Ana Paula Sirino, Andy Vilela, David Almeira, Diego Mouro, Fernanda Galvão, Heitor Dos Prazeres, Leticia Lopes, Luiza Gottschalk, Marina Hachem, Mauricio Adinolfi, Mauricio Parra, Paula Scavazzini, Rafa Chavez, Yohana Oizumi e Zé Tepedino.
Relembre o poema de Manoel de Barros:
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.








Serviço
Abertura: 8 de fevereiro, das 14h às 18h
Período expositivo: 8 de fevereiro a 22 de março
Casa Triângulo – Rua Estados Unidos, 1324, Jardins
Horários: Segunda a sexta, das 10h às 19h | sábado, das 10h às 17h