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Quais são as línguas africanas que fazem o Brasil?

Em cartaz até janeiro de 2025, exposição curada por Tiganá Santana propõe um mergulho na influência das línguas africanas para construção do nosso português

Por Laís Franklin
25 Maio 2024, 09h00

A exposição “Línguas africanas que fazem o Brasil” acaba de chegar ao Museu da Língua Portuguesa com uma curadoria certeira assinada pelo músico e filósofo Tiganá Santana. A mostra propõe um mergulho profundo na influência das línguas dos habitantes da África Subsaariana – como o iorubá, evé-fon e as do grupo banto – na estruturação do português falado no Brasil, seja no nosso vocabulário, na música, na pronúncia de diferentes regiões brasileiras ou na construção do pensamento.

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Exposição “Línguas africanas que fazem o Brasil” no Museu da Língua Portuguesa (Guilherme Sai/divulgação)

Ao adentrar o espaço expositivo, o espectador será recebido com uma instalação sonora e visual com impressões suspensas de palavras oriundas deste intercâmbio linguístico como “bunda”, “marimbondo”, “dendê”, “canjica” e “caçula”. Pessoas que residem no território da Estação da Luz, onde o Museu está localizado, emprestaram suas vozes para compor a sonorização.

“Ao mesmo tempo que a gente quer mostrar ao público que falamos uma série de expressões e estruturas que remontam a línguas negro-africanas, também desejamos revelar de que maneira isso acontece. Por que falamos caçula e não benjamim? Por que dizemos cochilar e não dormitar? Essas palavras fazem parte de nosso vocabulário, da nossa vida, do nosso modo de pensar”, constata o curador Tiganá Santana.  

A exposição também explica como canções populares no Brasil, a exemplo de Escravos de Jó e Abre a roda, tindolelê, foram criadas a partir da integração entre línguas africanas e o português. O “jó”, da faixa Escravos de Jó, advém das línguas quimbundo e umbundo e significa “casa”

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Exposição “Línguas africanas que fazem o Brasil” no Museu da Língua Portuguesa (Guilherme Sai/divulgação)

Uma vez por lá, também merece uma parada generosa para apreciar as cerca de 20 mil búzios suspensos que levam ao encontro da obra do artista plástico baiano J. Cunha: um tecido estampado com os dizeres “Civilizações Bantu” que vestiu o tradicional Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil, no Carnaval de 1996. 

Destaque para as obras comissionadas de Rebeca Carapiá, criadas em diálogo com frequências e grafias afrocentradas a partir de seu trabalho com metais e para as esculturas da Rebeca Carapiá, conversando com as frequências dos tambores. 

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Exposição “Línguas africanas que fazem o Brasil” no Museu da Língua Portuguesa (Guilherme Sai/divulgação)

Quem estiver com mais tempo, vale também conferir os dois filmes sobre o Quilombo Cafundó, um deles criado especialmente para a mostra. Por fim, não deixe de ver as videoinstalações da artista Aline Motta composta por imagens do mar e por trechos do texto Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira, da filósofa Lélia Gonzalez que cunhou o conceito de “pretuguês”. A exibição ficará em cartaz até janeiro de 2025.

Exposição Línguas africanas que fazem o Brasil

Museu da Língua Portuguesa: Praça da Luz, s/nº – Luz, São Paulo
De 24 de maio a janeiro de 2025
De terça a domingo, das 9h às 16h30 (com permanência até as 18h)
Ingressos: R$ 24 (inteira); R$ 12 (meia)
Compre pelo link https://bileto.sympla.com.br/event/90834/d/252633

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