Exposição resgata a memória negra da Barra Funda e seu legado no samba
A mostra Bambas na Barra Funda, irá inaugurar em 26 de fevereiro, no centro cultural Bananal
A história do samba paulista está intimamente ligada à Barra Funda, bairro que há décadas abriga artistas, sambistas e comunidades que mantêm viva essa tradição. Visando resgatar a memória e o legado da representação negra no samba da Barra Funda, em São Paulo, a organização Iniciativa Negra inaugura a exposição Bambas na Barra Funda.
A mostra faz parte do projeto Cartografias de Bambas, que busca destacar o protagonismo negro na fundação do bairro. Em cartaz no centro cultural Bananal, a exposição tem curadoria de Lorraine Mendes e reúne fotografias, entrevistas e depoimentos de personalidades e articuladores culturais fundamentais para a história do samba paulista. Entre os depoimentos estão os de Ailton Mesquita, músico da Velha Guarda Musical do Camisa Verde e Branco, Simone Tobias, compositora e figura central do samba paulistano, além de Zelão, Seu Ideval e Tia Neide.
A iniciativa acontece em um contexto de intensas transformações urbanas que ameaçam descaracterizar a identidade cultural da Barra Funda. O avanço da especulação imobiliária e o processo de verticalização vêm alterando a dinâmica social da região. “O bairro vive atualmente um processo de verticalização que afeta suas dinâmicas econômicas, sociais e culturais. Assim, é essencial lembrar o que a Barra Funda ofereceu e continua oferecendo a São Paulo: a criatividade negra expressa na música, dança, poesia, ritmo, festas carnavalescas, espetáculos do Carnaval, bailes e rodas de samba. É isso que estamos propondo com esta mostra”, afirma a curadora.
A Iniciativa Negra, organização da sociedade civil fundada em 2015, atua na reformulação de políticas sobre drogas, segurança pública e nos sistemas de justiça e saúde. Desde 2024, com a inauguração de sua nova sede na Barra Funda, passou a se dedicar também à investigação da história do bairro e de sua conexão com os temas que permeiam seu trabalho.
View this post on Instagram
“Investigar a constituição do samba em alguns territórios do Brasil é observar tecnologias comunitárias de resiliência da população negra, pois sabemos que a história do samba, assim como a proibição das drogas, também é marcada pela criminalização de comunidades negras e pobres. Portanto, entendemos que a continuidade dessa cultura até os tempos atuais faz do samba um dos principais dispositivos de resistência e constituição de variados sentidos para muitas gerações da comunidade negra.”, destaca Nathália Oliveira, cofundadora da Iniciativa Negra.
Além do apagamento histórico do território, as mudanças em curso podem ampliar desigualdades, impactando especialmente a população negra, defendem os representantes dos projeto. “O projeto serve a propósitos sociais tanto para o bairro da Barra Funda quanto para a cidade de São Paulo, pois permite refletir sobre a relação das pessoas com as cidades e os diferentes modelos de desenvolvimento urbano. A população negra sempre sofre mais quando o planejamento urbano não visa promover igualdade. No entanto, ao longo da pesquisa, identificamos que a Barra Funda continua sendo um bairro de forte pertencimento negro. Isso está ancorado no potencial criativo e produtivo da cultura negra que se estabeleceu no território”, afirma o coordenador do projeto, Paulo César Ramos.
Bananal – Rua Lavradio, 237 – Barra Funda
De 26/2/2025 a 29/3/2025
Horário: 19h
Visitação: Terça a sexta das 14h às 19h
APRESENTAÇÃO MUSICAL
Velha Guarda Musical do Camisa Verde e Branco
Data: 26/02/2025
Horário: 20h
Filme ‘Ainda Estou Aqui’ já está disponível no streaming brasileiro; saiba onde assistir
Carta ao jardineiro
Melhores museus de São Paulo e dias para visitá-los de graça
5 podcasts de arte e cultura indicados pela Bravo! para ouvir em 2025
10 melhores filmes da história segundo Walter Salles