Continua após publicidade

Mostra de Jota Mombaça inaugura Galeria Martins&Montero

Nova galeria paulistana é uma fusão das antigas Sé e Jaqueline Martins

Por Laís Franklin
Atualizado em 9 abr 2024, 17h55 - Publicado em 9 abr 2024, 10h00

A e a Jaqueline Martins uniram forças e agora são uma só galeria de arte, a Martins&Montero. A empreitada abre as portas em São Paulo com a exposição “SABERÁ / AS FILHAS DO MENOR CHUVISCO”, primeira individual de Jota Mombaça no Brasil com trabalhos inéditos da artista multidisciplinar, em cartaz até 11 de maio. “Somos opostos complementares em perfeita sintonia”, decreta Maria Montero à Bravo! na noite de pré-abertura da nova sede.

jota-mombaca
Jota Mombaça
DJANIRA #6 2024
Cerâmica queimada, mescla e argilas
Unique (Jhony Aguiar/divulgação)

Ter espaços expositivos generosos e um amplo jardim eram os pré-requisitos para o novo espaço compartilhado. As sócias encontraram em um antigo antiquário da Rua Jamaica, localizada no Jardim Paulistano, a morada ideal. “A ideia é que os visitantes se sintam numa praça. Temos também um espaço anexo para residência de artistas”, explica a galerista ao caminhar por cada cômodo do acervo do casarão.

Ocupando duas salas do térreo, a mostra de Jota Mombaça é um convite ao lidar com o incômodo, com o direito de retorno e de resiliência ao clima indigesto. Ela foi construída ao longo de quatro meses de pesquisa inspirada pelo álbum “20 Palavras ao Redor do Sol”, primeiro LP Solo de Cátia de França lançado em 1979.

Continua após a publicidade
jota-mombaca
em sentido horário: peças de Jota Mombaça. DJANIRA #6 2024, Cerâmica queimada, mescla e argilas | DJANIRA #2 2024. Cerâmica queimada, mescla e argilas, Unique |DJANIRA #9 2024. Cerâmica queimada, mescla e argilas. Unique | DJANIRA #8 2024, Cerâmica queimada, mescla e argilas, Unique
Unique (Jhony Aguiar/divulgação)

O primeiro impacto do espectador é com uma ampla tela pintada com carvão onde título já indica o tom da travessia “Por isso muito cuidado”. A segunda sala é tomada por um conjunto de dez cerâmicas apoiadas em tijolos: “As Djaniras”. Todas foram feitas no Sertão Negro, Ateliê e Escola de Artes em Goiânia idealizado pelo artista visual Dalton Paula, que cumprimentou pessoalmente a artista pelo resultado final. Por fim, e mais visceral, temos acesso a uma videoinstalação onde a artista faz uma performance enterrando o próprio corpo.

Com tudo isso, Jota propõe um estudo poético sobre as imprevisibilidades das mudanças climáticas e também aborda a construção do imaginário colonial. “Jota é um acontecimento. Essa é uma exposição sobre retorno à terra. É um ponto de partida de pensamento e também um sinal para onde queremos ir”, resume Monteiro.

jota-mombaca
Jota Mombaça
QUEM VAI, QUEM VEM 2024
Carvão tingido sobre tela
Unique
280 x 430 cm (José Pelegrini/divulgação)

Para ter uma experiência ainda mais completa, não saia da exposição sem ler o texto curatorial de Leda Maria Martins que abriga, entre outras preciosidades, trechos como: “No que realiza, manifesta um recorrente desejo de não se acomodar, de insurgir-se contra as repetições paralisantes do mesmo, de incidir nas estruturas que promovem as violências e violações pessoais, sociais e em relação ao planeta; de expor os abalos e transtornar seus códigos; de arruinar sua lógica destrutiva; de transformar seu pensamento em ações criativas insurgentes, potentes, instigantes e cinéticas, incômodas. Neste seu desejo de fazer-se terra, de tornar-se chão, de reconectar-se também com o que chamamos Brasil, Jota Mombaça nos transpõe dos torpores da cômoda espera, do desejo sempre adiado do impossível, e nos arremete e dispõe ao encontro de uma realização que se faz no agora, como intervenção intensa”. 

Continua após a publicidade

 

jota-mombaca
Jota Mombaça
DJANIRA #7 2024
Cerâmica queimada, mescla e argilas
Unique (Jhony Aguiar/divulgação)
Jota Mombaça

Martins&Montero
Rua Jamaica, 50
Até 11/5
Entrada gratuita

 

Publicidade