Mostra no Museu do Ipiranga revisita imagens de Debret e seus impactos no imaginário nacional
“Debret em questão – olhares contemporâneos” confronta a visão do Brasil imperial registrada por Debret com leituras críticas de 20 artistas atuais.
Como imagens produzidas no século 19 se transformaram em referências quase incontornáveis do imaginário brasileiro é a questão que impulsiona a nova mostra do Museu do Ipiranga. A partir de 25 de novembro, a instituição inaugura “Debret em questão – olhares contemporâneos”, que coloca em tensão a representação do Brasil imperial feita por Jean-Baptiste Debret e as interpretações críticas de 20 artistas contemporâneos. A exposição parte do impacto duradouro da obra do artista francês e de como suas imagens, uma vez dissociadas do contexto original, ganharam novos sentidos — por vezes distantes do olhar crítico com que foram criadas.
A curadoria de Jacques Leenhardt e Gabriela Longman recupera a dimensão documental do trabalho de Debret. Integrante da Missão Artística Francesa, ele viveu no Rio entre 1816 e 1831 e dedicou-se a registrar o cotidiano da capital imperial. Suas aquarelas e gravuras, reunidas depois em Voyage pittoresque et historique au Brésil (1834–1839), retratam com minúcia a diversidade social da época: trabalhadores escravizados, práticas urbanas, cerimônias oficiais e cenas de rua que revelavam a violência estrutural da escravidão. O caráter direto dessas imagens incomodou autoridades brasileiras, interessadas em fortalecer uma visão idealizada do país.
Os artistas contemporâneos reagem a esse processo ao reintroduzir fricção histórica. Entre as obras inéditas, “Brasil através do espelho”, de Jaime Lauriano, revisita temas como etnocídio e democracia racial ao dialogar com cenas de violência registradas pela mídia atual. Já “Paraíso Tropical”, de Rosana Paulino, contrapõe a imagem idílica do Brasil a seus projetos de exploração ambiental e humana, reinterpretando motivos de Debret em diálogo com palavras que evocam exotização.
Com trabalhos que trazem pintura, fotografia, vídeo, instalação e colagem, a exposição inclui nomes como Anna Bella Geiger, Dalton Paula, Denilson Baniwa, Eustáquio Neves, Gê Viana, Sandra Gamarra, Tiago Sant’Ana e registros de Marcel Gautherot. A mostra integra a Temporada França–Brasil 2025 e fica em cartaz até 17 de maio de 2026, com entrada gratuita no Museu do Ipiranga.
SERVIÇO — Debret em questão – olhares contemporâneos
Sala de Exposições Temporárias — Museu do Ipiranga
Até 17 de maio de 2026
De terça a domingo, 10h às 17h (última entrada às 16h)
Entrada: Gratuita
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