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Mostra no Museu do Ipiranga revisita imagens de Debret e seus impactos no imaginário nacional

“Debret em questão – olhares contemporâneos” confronta a visão do Brasil imperial registrada por Debret com leituras críticas de 20 artistas atuais.

Por Redação Bravo!
21 nov 2025, 09h00
Dalton-Paula
Assentar um naturalista e folhas (2019), Dalton Paula. Nanquim e aquarela sobre papel.  (Coleção Buarque Leite/divulgação)
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Como imagens produzidas no século 19 se transformaram em referências quase incontornáveis do imaginário brasileiro é a questão que impulsiona a nova mostra do Museu do Ipiranga. A partir de 25 de novembro, a instituição inaugura “Debret em questão – olhares contemporâneos”, que coloca em tensão a representação do Brasil imperial feita por Jean-Baptiste Debret e as interpretações críticas de 20 artistas contemporâneos. A exposição parte do impacto duradouro da obra do artista francês e de como suas imagens, uma vez dissociadas do contexto original, ganharam novos sentidos — por vezes distantes do olhar crítico com que foram criadas.

A curadoria de Jacques Leenhardt e Gabriela Longman recupera a dimensão documental do trabalho de Debret. Integrante da Missão Artística Francesa, ele viveu no Rio entre 1816 e 1831 e dedicou-se a registrar o cotidiano da capital imperial. Suas aquarelas e gravuras, reunidas depois em Voyage pittoresque et historique au Brésil (1834–1839), retratam com minúcia a diversidade social da época: trabalhadores escravizados, práticas urbanas, cerimônias oficiais e cenas de rua que revelavam a violência estrutural da escravidão. O caráter direto dessas imagens incomodou autoridades brasileiras, interessadas em fortalecer uma visão idealizada do país.

Jean-Baptiste Debret
Boutique de cordonnier [Sapataria], Jean-Baptiste Debret. Litogravura sobre papel, 1835. (Acervo Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin – Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP/divulgação)
A mostra apresenta 35 pranchas litográficas do conjunto original, situando o visitante diante da complexidade desse material: simultaneamente registro etnográfico, documento político e obra artística. A segunda parte reúne releituras que tratam essa iconografia como um campo de disputa simbólica. A proposta curatorial evidencia como, ao longo do século 20, as imagens de Debret foram amplamente reproduzidas (de livros escolares a objetos do cotidiano), muitas vezes sem seus textos originais, contribuindo para uma leitura suavizada do período imperial.

Gê Viana
Espera da reza pro bater do tambor (2024), da série Radiola de promessa, de Gê Viana. (Acervo da artista. Cortesia da Galeria Lima./divulgação)

Os artistas contemporâneos reagem a esse processo ao reintroduzir fricção histórica. Entre as obras inéditas, “Brasil através do espelho”, de Jaime Lauriano, revisita temas como etnocídio e democracia racial ao dialogar com cenas de violência registradas pela mídia atual. Já “Paraíso Tropical”, de Rosana Paulino, contrapõe a imagem idílica do Brasil a seus projetos de exploração ambiental e humana, reinterpretando motivos de Debret em diálogo com palavras que evocam exotização.

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ge-viana
Para as estratégias de sobrevivência, as maiores tecnologias são as nossas (2020), de Gê Viana. (Acervo da artista. Cortesia da Lima Galeria./divulgação)

Com trabalhos que trazem pintura, fotografia, vídeo, instalação e colagem, a exposição inclui nomes como Anna Bella Geiger, Dalton Paula, Denilson Baniwa, Eustáquio Neves, Gê Viana, Sandra Gamarra, Tiago Sant’Ana e registros de Marcel Gautherot. A mostra integra a Temporada França–Brasil 2025 e fica em cartaz até 17 de maio de 2026, com entrada gratuita no Museu do Ipiranga.

SERVIÇO — Debret em questão – olhares contemporâneos
Sala de Exposições Temporárias — Museu do Ipiranga
Até 17 de maio de 2026
De terça a domingo, 10h às 17h (última entrada às 16h)
Entrada: Gratuita 

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