O que é dandismo negro? Entenda com 5 looks do Met Gala e suas referências históricas
O evento, aconteceu na última segunda-feira (5), com o tema "Superfine: Tailoring Black Style"

Na última segunda-feira (5), aconteceu a aguardada edição do Met Gala 2025, um dos eventos mais prestigiados do calendário da moda, que, mais uma vez, trouxe à tona a relação entre arte, cultura e estilo. O evento, realizado anualmente no Museu Metropolitano de Arte de Nova York (MET), não é apenas uma celebração da moda, mas também um momento para refletir sobre temas culturais e históricos através da indumentária. Com o tema “Superfine: Tailoring Black Style”, o Met Gala deste ano se concentrou em explorar o impacto da moda no desenvolvimento das identidades negras, destacando a figura do Black Dandy como um símbolo de resistência e afirmação cultural.
Inspirado no livro Slaves to Fashion, de Monica L. Miller, o tema do Met Gala explora a trajetória do dandyismo negro, desde suas origens no século XVIII até suas manifestações atuais em centros culturais como Londres, Paris e Nova York. A autora mostra como figuras como Julius Soubise — um afro-caribenho escravizado — e o artista britânico Yinka Shonibare usaram o dandismo para transformar um símbolo de opressão em um gesto de afirmação, estilo e resistência.
O Black Dandyism surgiu no século XVIII, quando homens negros, inicialmente forçados a adotar trajes refinados para refletir o status de seus senhores, começaram a apropriar-se desses códigos de vestimenta europeus. Ao personalizar seus uniformes com estilo próprio, transformaram a imposição em expressão de orgulho e identidade. Com o tempo, essa estética evoluiu para uma forma de subversão dos estereótipos raciais e de gênero, utilizando a moda como ferramenta de empoderamento.
A exposição que acompanha o Met Gala 2025 – que será inaugurada oficialmente em 10 de maio –, aprofunda essa narrativa, apresentando uma rica coleção de roupas históricas e contemporâneas, fotografias, filmes e obras de arte que ilustram a importância da moda na formação da identidade negra dentro da diáspora atlântica.
O dress code deste ano, “Tailored for You”, convidou os convidados a interpretarem o tema de forma pessoal, com ênfase no estilo masculino. A proposta era, portanto, explorar como a moda pode ser usada como uma ferramenta para quebrar estereótipos e criar novas formas de expressão.

Celebridades como Zendaya e Janelle Monáe incorporaram elementos do Black Dandyism, como ternos sob medida, chapéus e broches em destaque.
O Met Gala deste ano contou com um comitê de peso. Além da diretora global da Vogue, Anna Wintour, os co-anfitriões da noite foram Pharrell Williams, Lewis Hamilton, Colman Domingo, Doechii, A$AP Rocky e LeBron James. O evento também reuniu nomes de destaque no comitê de apoio, como a ginasta Simone Biles, o cineasta Spike Lee, a atriz Ayo Edebiri, os músicos Doechii, Usher, Tyla, Janelle Monáe e André 3000, além da escritora Chimamanda Ngozi Adichie e do dramaturgo Jeremy O. Harris.

O Met Gala é um evento beneficente que acontece todos os anos no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, para arrecadar fundos para o departamento de moda do museu, o Costume Institute. Além de inaugurar a exposição anual do instituto, o evento é conhecido por seu tapete vermelho repleto de celebridades vestidas de acordo com um tema específico, escolhido a cada edição.
Desde 1995, o Met Gala é comandado por Anna Wintour, editora-chefe da Vogue, que atua como presidente do evento e tem a palavra final sobre quem entra na lista de convidados. Ela também define, ao lado do museu, os copresidentes e curadores da noite. Ao seu lado, funciona um comitê formado por figuras influentes da indústria da moda, do entretenimento e das artes. Esse comitê ajuda a selecionar os convidados, propor nomes para patrocínios e garantir que o evento mantenha seu prestígio e relevância cultural.
A participação no Met Gala é altamente seletiva. Além de ser convidado, é preciso pagar — ou ser patrocinado por uma marca. Em 2024, um ingresso individual custava cerca de US$ 75 mil, e uma mesa para um grupo fechado podia ultrapassar US$ 350 mil. Marcas de luxo costumam bancar a presença de artistas com quem têm contratos ou associações estratégicas, tornando o evento uma vitrine poderosa para a indústria da moda.