Paisagens ameaçadas: como artistas retrataram a beleza (e a fragilidade) do meio ambiente brasileiro
Diante do avanço de um projeto que flexibiliza o licenciamento ambiental, relembramos obras em que o meio ambiente brasileiro é personagem central

Com a aprovação, pela Câmara dos Deputados, de um projeto que representa um grave retrocesso na Lei de Licenciamento Ambiental, uma pergunta ecoa além do campo jurídico: o que resta de um país que não protege suas florestas, seus rios, seus povos originários, suas paisagens? Para além do desmonte técnico, o que se fragiliza é também o imaginário; o chão que sustenta a cultura, a arte, a memória.
A proposta, aprovada na madrugada do Dia de Proteção às Florestas por 267 votos a favor e 116 contrários, estabelece normas gerais para o licenciamento ambiental no Brasil e cria instrumentos como a Licença Ambiental Especial (LAE), que poderá ser concedida até para empreendimentos com alto potencial de degradação. Também prevê o licenciamento por adesão e compromisso, com trâmites simplificados e prazos reduzidos, medida que, segundo seus críticos, enfraquece o controle público e a participação de comunidades afetadas. Uma das emendas incorporadas retira, inclusive, a aplicação das normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) em projetos de mineração de grande porte, até que haja regulamentação específica.
Esse novo modelo, apresentado como avanço em nome da eficiência e do “destrave” econômico, esvazia justamente o que deveria ser inegociável: o cuidado com os ecossistemas e com os modos de vida que deles dependem.
Desde Tarsila do Amaral até artistas contemporâneos como Denilson Baniwa, muitas obras brasileiras foram moldadas pela força simbólica do território. São essas imagens que criam a nossa ideia de Brasil desde a infância, formando o imaginário que nos acompanha. Assim, acabamos reduzidos a exportar narrativas de dor e devastação, seja pelas lentes do jornalismo ou pelas formas da arte.
E quando esses elementos começam a desaparecer em nome de um suposto progresso, não se perde apenas o ambiente, mas também a possibilidade de criação, a própria essência do que somos.
Relembre algumas obras em que o meio ambiente brasileiro é personagem central:
Sol Poente (1929), Tarsila do Amaral

Fauna e Flora Brasileiras, Candido Portinari

A Flor do Mangue (1970), Frans Krajcberg

Imagens da série Amazônia, Sebastião Salgado


Maloca próxima à missão católica do rio Catrimani (1976), Claudia Andujar

Fotografias da região amazônica, Luiz Braga
