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Parque Geminiani Momesso e o futuro do Paraná na rota das artes

Previsto para inaugurar em 2025, Bravo! conheceu o museu a céu aberto que abrigará extensa coleção de Orandi Momesso

Por Laís Franklin
Atualizado em 22 jan 2024, 16h17 - Publicado em 16 jan 2024, 15h35
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 (Gabriel Teixeira @gabriel.gtart/divulgação)
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Emilie Sugai, bailarina e coreógrafa especialista na técnica de butoh, surge na beira de um lago. Completamente coberta por um manto branco, ela caminha em S, como um pássaro à procura de algo. Ao se aproximar do público, faz uma pausa, retira o manto e retorna a sua caminhada em direção à uma sombrinha da grama. Com um movimento muito delicado, ela abre a sombrinha e a reposiciona no chão. Em seguida, agora com gestos amplos, ela abre caminhos com as mãos e desenha no ar. É só então que ela abre uma segunda e uma terceira sombrinha. Antes sinuosa, a caminhada agora tem foco preciso: a escultura “Espaço Arco-íris”, do artista nipo-brasileiro Yutaka Toyota.

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“Espaço Arco-íris”(2023), de Yutaka Toyota no Parque Geminiani Momesso (Gabriel Teixeira @gabriel.gtart/divulgação)

A performance fez parte da inauguração da escultura e também de uma espécie de pré-abertura do Parque Geminiani Momesso, um museu localizado no terreno de 1.355 milhão em Ibiporã, há 25km de Londrina, no Paraná que abrigará parte da extensa coleção de Orandi Momesso.

Dividida em duas partes, a obra foi criada para celebrar o centenário do Centenário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão. A primeira etapa foi inaugurada em 1995 em Yokohama, cidade natal do artista, no Japão. “28 anos depois, finalmente, temos o arco-íris completo aqui no Parque. Esse marco simboliza o que a humanidade tem de melhor: a união. Agora, a terra do sol nascente e as terras vermelhas do norte do Paraná estarão conectadas”, celebrou o empresário Orandi Momesso.

A escultura metalizada de 10 metros pesa cerca de 3 toneladas. O Paraná, vale lembrar, é a segunda maior colônia de descendentes de japoneses do país, com estimativa de 200 mil nipo-brasileiros. “Espaço Arco-íris” foi estrategicamente posicionada com a ponta superior em direção ao Japão. A primeira parte da obra segue posicionada para o Brasil e é composta por arcos dourados crescentes, cada um representando uma década do tratado. Há também uma outra ponta com arco de aço simbolizando o casco dos navios que fizeram a travessia de imigrantes japoneses até o Brasil. “Completar essa obra é um sonho que sempre tive, ela tem um significado muito importante para mim”, celebrou Yutaka Toyota, que fará 94 anos em 2024.

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O evento levou cerca de 200 convidados até o parque, cujo nome é uma homenagem ao sobrinho do colecionador, que foi um de seus maiores incentivadores para montar a vasta coleção focada em arte brasileira. Além da imprensa especializada, estiveram por lá curadores e artistas como Sergio Romagnolo, autor da escultura São Sebastião (1996), e figuras públicas como o Embaixador do Japão no Brasil, Hayashi Teiji, além de representantes do Ministério das Relações Exteriores e do Itamaraty.

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(Gabriel Teixeira @gabriel.gtart/divulgação)

Kelly Macedo Alcantara, diretora de Projetos Sociais do Instituto Luciano Momesso, administra o Parque Geminiani Momesso e fez um discurso emocionado sobre os planos futuros para o espaço em termos educativos e de difusão das artes plásticas para crianças e adolescentes da região do Paraná. “Eu e minha filha Ana Luisa vimos e ouvimos o Luciano, que dá nome ao nosso Instituto, desde o primeiro encontro até a morte dele, sonhar esse museu a céu aberto agora materializado e em pleno desenvolvimento. Mas Luciano não sonhou isso sozinho. Desde pequeno, ele foi gentilmente pego pela mão e apresentado ao encantamento que só a arte pode produzir. Essa mão afetuosa e firme em sua condução, fez despertar nele o amor que hoje também somos convidados a sentir”, contou em meio a aplausos dos convidados.

“Essa mão que um dia conduziu esse menino, é a mão do nosso querido Orandi Momesso, tio e padrinho do Luciano, que idealizou esse parque e que desde os primeiros esboços, incluiu em seu sonho a inclusão de ações de inserção da e na comunidade que vive nesse território e que vise alcançar especialmente crianças, adolescentes e jovens em projetos que relacionam arte, educação, trabalho e formação humana”.

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Casa Taipa, no Parque Gemininiani Momesso (Gabriel Teixeira @gabriel.gtart/divulgação)

A ocasião festiva também serviu para inaugurar a Casa Taipa — um espaço de residência para artistas — e o Pavilhão Angelo Venosa, construído com paredes de concreto de vidro, que circundam obra de grande escala ‘Sem Título’ (1987) e dão uma visão panorâmica e suspensa do Parque. O artista paulistano fez parte da Geração 80, que preferia dedicar suas pesquisas em torno da escultura e não da pintura. Também estão lá pinturas de figuras importantes das artes plásticas como Iberê Camargo e Ivan Serpa.

Este é apenas o primeiro de 12 pavilhões que irão compor o parque situado em meio a Mata Atlântica nativa e o Rio Tibagim, um dos mais importantes da região. Orandi Momesso vem garimpando obras, principalmente de artistas brasileiros, ao longo das cinco décadas e acumula um patrimônio histórico de cerca de 5 mil obras, ​​incluindo os períodos clássicos, pré-modernos, modernistas e contemporâneos.

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(Gabriel Teixeira @gabriel.gtart/divulgação)
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O projeto de arquitetura de todos os pavilhões já está finalizado e foi assinado pelo escritório Reinach Mendonça. Já o paisagismo foi orquestrado pelo engenheiro agrônomo Rodolfo Geiser. O parque está sendo implantado em três fases e deve ocupar cerca de 700 mil metros quadrados do terreno. A primeira etapa começou a ser projetada em 2010, já os plantios começaram em meados de 2016. Rodolfo contou que todos os bosques e lagos que compõem o parque foram criados do zero em uma área antes destinada ao cultivo de soja.

O Parque Geminiani Momesso carrega preciosidades da arte contemporânea brasileira como  Orandi adianta que o próximo lançamento será o do pavilhão Sagrado, focado em Arte Sacra entre os séculos 16 e 19. “Também teremos o Pavilhão Indígena, localizado em uma parte especial do terreno, completamente rodeada por uma floresta de Mata Atlântica nativa, que não teve nenhuma interferência humana”, explicou o empresário.

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(Gabriel Teixeira @gabriel.gtart/divulgação)

Por enquanto, já estão instaladas 60 esculturas, todas a céu aberto, de artistas de peso como Claudio Tozzi, Eleonora Koch, Liuba Wolf, Maria Auxiliadora, Rubem Valentim, Sergio Romagnolo e Victor Brecheret. Também estão previstos uma estrutura robusta de restaurantes, cafés e rotas com carrinhos de golf para facilitar a mobilidade dentro da propriedade. A ideia de Orandi, é fazer mais uma série de soft-oppening fechados para convidados à medida que a obra de um novo pavilhão fique completa. A inauguração oficial para o público está prevista para 2025. Estamos na contagem regressiva, o Brasil precisa!

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Bravo viajou para Ibiporã a convite do Parque Geminiani Momesso

 

 

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