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OLÁ,

Pinacoteca revive espírito vanguardista da Pop Art em nova mostra

A mostra irá exibir cerca de 300 obras, produzidas nas décadas de 1960 e 1970 no Brasil — um período que coincide com a gênese da arte contemporânea no país

Por Redação Bravo!
Atualizado em 9 Maio 2025, 20h13 - Publicado em 9 Maio 2025, 16h59
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 (Pinacoteca do Estado de São Paulo/reprodução)
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Quando falamos em pop art, a primeira personalidade que nos vem à mente é Andy Warhol, com suas criações que refletiam a arte enquanto mercadoria, o sensacionalismo da mídia e a vida fugaz da fama. Ou, quem sabe, o famigerado álbum Artpop, de Lady Gaga, que recentemente fez uma passagem barulhenta pelo Brasil. De todo modo, via de regra, são referências externas, sobretudo estadunidenses, e raramente ligadas ao contexto brasileiro.

A Pinacoteca, em São Paulo, propõe mudar essa perspectiva e ampliar o repertório de seus visitantes, ao mostrar como esse estilo também criou raízes por aqui e deixou um legado expressivo. Na exposição Pop Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960-70, que será inaugurada em 31 de maio, o museu revisita os 60 anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65 — exposições paradigmáticas que romperam com o fazer artístico tradicional e se tornaram marcos para a consolidação da arte contemporânea no país. Nelas, artistas hoje consagrados, como Hélio Oiticica e Antonio Dias, ganharam protagonismo.

As duas exposições foram fundamentais para estabelecer um novo modo de pensar a arte, atenta aos rumos políticos do país, ao cerceamento das liberdades e à escalada da violência promovida pelo Estado. “Tanto o Opinião 65 quanto o Propostas 65 são dois eventos que expressam, de forma até bastante didática, uma mudança de paradigma na arte brasileira. Uma passagem do moderno para o contemporâneo, se quisermos colocar nesses termos.”, destacam os curadores do museu, Pollyana Quintella e Yuri Fomin Quevedo.

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Segundo ela, os artistas envolvidos já apontavam, à época, para a superação das categorias clássicas, como pintura, escultura e gravura. Em seu lugar, surgiam obras que incorporavam happenings, proposições e objetos — ampliando as possibilidades expressivas e abrindo espaço para novos modos de criação.

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Essa abertura para formas não convencionais de expressão revelou-se um divisor de águas. A radicalidade dessas experimentações lançou as bases para o que viria a ser a arte contemporânea no Brasil e definiu um caminho sem volta: um horizonte estético e político que ainda influencia gerações de artistas.

“É um momento em que a figuração volta ao jogo, mas não qualquer figuração. Esses artistas estão se apropriando de imagens que circulam nos meios de comunicação de massa — jornal, televisão, publicidade — e, portanto, são imagens de ‘segunda mão’. Eles fazem isso justamente buscando se aproximar de uma esfera cultural mais ampla, fazendo com que a arte dialogue com o cotidiano e com a indústria cultural.”, afirma a curadora.

Quintella observa ainda que, naquele período, muitos artistas enxergavam sua produção como uma ferramenta de transformação política e social. Existia a convicção de que a arte poderia intervir no espaço público. “Havia, naquele momento, uma concepção de arte como ferramenta de transformação política e social: a ideia de que o artista pode, com sua produção, intervir na esfera pública, alargar consciências e, de fato, produzir uma diferença nesse contexto.”, conclui Quintella.

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Para dar corpo a essa reflexão, a Pinacoteca reservou o espaço de sua Grande Galeria para exibir cerca de 100 artistas e quase 300 obras, produzidas nas décadas de 1960 e 1970 — um período que coincide com a gênese da arte contemporânea brasileira. Esta será a maior exposição coletiva da instituição em 2025.

SERVIÇO

POP Brasil: vanguarda e nova figuração, 1960-70 | A partir de 30 de maio | Grande Galeria, Edifício Pinacoteca Contemporânea 

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Onde? Praça da Luz, 2, Bom Retiro, São Paulo — SP.

Quando? quarta a segunda, das 10h às 18h

Quanto? R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada); Aos sábados a entrada é gratuita

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