Quem foi Azuhli e como ela contribuiu para arte contemporânea brasileira
A artista, importante para a cena cultural cearense, transformou questões sociais e o corpo humano em poesia
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Morreu, nesta quinta-feira (16), a artista visual Azuhli. Com 29 anos, Luíza Maynara Diogo Veras era um dos nomes mais importantes da arte contemporânea do Ceará. Nascida e crescida em Fortaleza, ela passou a pintar desde cedo e explorar o mundo das cores – sempre fortes e vivas, era o que compunha a identidade de suas obras.
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2023
tinta acrílica, óleo e bastão de óleo sobre tela
140×100
coleção particular (Instagram/reprodução)
Em seu último poema publicado nas redes sociais, ela escreveu: “eu faço pintura como quem escreve cartas de amor”. A declaração traduz o tema recorrente em seu cotidiano – o amor e as relações humanas. O corpo, inclusive, era representado como ele é, sem correções estéticas para agradar o público. Para ela, as cicatrizes e as marcas eram detalhes que enriqueciam suas pinturas.
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A exposição que alavancou sua carreira é a intitulada “O Amor é Coisa Mais Importante”, realizada na galeria Leonardo Leal. Ela foi reflexo de uma residência artística no México, onde voltou sua pesquisa para os matrimônios homoafetivos desde o século XIX até os dias de hoje. O resultado foi uma homenagem aos casais que não mais precisam se esconder do olhar público.
“Eu faço pinturas como quem escreve cartas de amor” – Azuhli, artista visual
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2023
tinta óleo e acrílica sobre tela
150×120 (Instagram/reprodução)
Em 2023, ela apresentou sua primeira individual na Galeria Karla Osorio, “Amar Sem Pertencer”, que reunia 15 obras recentes, grande parte inédita. Novamente, questões de gênero e sexualidade deram o tom da exibição, assim como a força do afeto e a resistência do amor em momentos de intolerância.
No site oficial, a artista define sua produção como “urgência, ressignificação e apropriação do corpo humano”. Seguindo o conceito da arte contemporânea, no qual não se entrega de bandeja o significado da obra, Azuhli deixa que o espectador se veja diante da desconstrução para que se reconstrua logo em seguida a partir de sensações, memórias e particularidades.
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“Sua obra vai continuar importante no circuito de arte contemporânea em razão da sua verdade e emoção. Todos os títulos de suas obras eram como diários pessoais. Tem muita poesia – e não só na forma da representação da pintura como no todo. Seu trabalho era muito expressivo e ela era uma artista de um coração gigantesco”, aponta Felipe Brito à Bravo!, curador da exposição “O Nordeste não é só um lugar”, realizada na Casa Gabriel, da qual Azuhli participou neste ano.
Amigos e familiares irão se reunir para prestar homenagem à artista na Funerária Alvorada a partir das 13h30 desta quinta-feira (16). O sepultamento, por sua vez, acontecerá no cemitério Parque da Paz, às 17h.