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SP-Arte: Confira as novidades e destaques desta edição

Uma casa com exposições permanentes, um aplicativo e o crescimento do setor de design marcam a primeira feira do ano

Por Beatriz Lourenço
Atualizado em 27 mar 2023, 13h48 - Publicado em 27 mar 2023, 11h50

Arte, trocas culturais e novidades no mundo do design é o que consagram a SP–Arte como uma das feiras mais importantes da América Latina. E a 19ª edição, que ocorre entre 29 de março e 02 de abril no Pavilhão da Bienal, em São Paulo, chega com novidades para os visitantes e expositores. 

Ao todo, são mais de 150 estandes, entre galerias de arte nacionais e internacionais, estúdios de design, editoras, instituições culturais e espaços independentes. É possível ver obras de artistas de 8 países diferentes, como Argentina, Brasil, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, Peru, e Uruguai. Além de 20 cidades brasileiras, como Belo Horizonte, Brasília e Fortaleza, São Paulo e mais.

“Nenhum ano é igual ao outro porque sempre estamos buscando inovações do mercado da arte e de seus agentes”, declara Fernanda Feitosa, diretora do evento. “Cada edição que fazemos, temos o cuidado de trazer algo novo – seja a partir do conteúdo ou da experiência.”

Desta vez, a feira celebra o crescimento de quase 30% do setor design em relação à edição passada, reunindo agora 44 expositores. Outra novidade é um aplicativo que organiza todos os eventos que ocorrem durante os cinco dias, como lançamentos editoriais, visitas guiadas gratuitas e conversas com artistas. Com ele, também é possível navegar por todas as informações úteis, visualizar o mapa e a lista de expositores, acessar o convite ou comprar o ingresso, além de receber lembretes sobre a programação. 

Aplicativo
(SP-Arte/divulgação)

Arte o ano todo

No mês de março, uma grande inauguração também foi proposta pelos organizadores: o primeiro espaço permanente, dedicado à realização de exposições e eventos ligados às artes visuais em São Paulo: a Casa SP–Arte. A instituição está localizada na Vila Modernista, um conjunto de 16 casas na Alameda Lorena com Ministro Rocha Azevedo projetadas pelo arquiteto Flávio de Carvalho. A antiga residência tem, em média, 100 metros quadrados – que foram inteiramente restaurados em sua versão original.

Fotografia
Conjunto Residencial projetado por Flávio de Carvalho na esquina das alamedas (SP-Arte/divulgação)

“A casa faz parte dessa busca por ampliar nossa atuação. Ela dará vazão a projetos que queremos realizar ao longo do ano”, afirma Fernanda. “Temos a intenção de realizar parcerias com galerias do exterior que já fizeram parte do evento, mas que não têm um ponto fixo por aqui. É uma forma mais flexível e ágil de realizar exposições autônomas fora do cubo branco.”

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Retrato.
Hélio Oiticica (Marco Rodrigues/arquivo)

A exposição de abertura foi Hélio Oiticica: mundo-labirinto, organizada pela Gomide&Co e por Luisa Duarte, diretora artística da galeria. A mostra reúne obras de diferentes fases da produção de Oiticica, incluindo suas investigações de caráter construtivo sobre o plano bidimensional e propostas experimentais que dialogam sobre arte e vida e sobre arte e cultura pop. 

Fotografia.
Hélio Oiticica,1937-1980, B10 Bólide caixa 08, 1964 / Hélio Oiticica,1937-1980, B7 Bólide vidro 01, 1963 (SP-Arte/reprodução)

A mostra conta com um desdobramento inédito de uma Cosmococa executada por Neville d’Almeida para a exposição. Trata-se de uma versão doméstica, algo planejado por Oiticica em vida, mas nunca realizado. Seu primeiro Penetrável ocupa o centro da galeria – a instalação, construída pelo artista em 1961, é uma homenagem ao crítico de arte Mário Pedrosa. 

“Essa é a primeira vez que é possível ver as obras do artista em uma escala menor, meio doméstica. E o visitante pode realmente entrar dentro da cor, conhecendo a base de seu trabalho”, explica Thiago Gomide, sócio da galeria.

Fotografia.
Casa SP-Arte (SP-Arte/divulgação)

Em um dos escritos do artista, é possível ler: “Parto, nos Penetráveis, da cor no espaço e no tempo, e foi esse caráter que regeu a gênese formal e vivencial do projeto. Nos primeiros Penetráveis o caráter de labirinto aparece claro: a cor se desenvolve numa estrutura polimorfa de placas que se sucedem no espaço e no tempo formando labirintos.”

Fotografia
Hélio Oiticica, 1937-1980, Metaesquema MET 021, 1957 / Hélio Oiticica,1937-1980, Metaesquema MET 023, 1957 (SP-Arte/reprodução)

Percurso curatorial

A curadora Carollina Lauriano é a responsável por um novo setor: o Showcase. Essa é uma espécie de exposição que irá se espalhar por treze estandes presentes na feira. Dentro destes espaços, o visitante se depara com uma parede extra ou uma sala apresentando obras dos artistas selecionados por Lauriano e reunidos sob uma mesma temática.  

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“O percurso é pautado por artistas que têm atuado em momentos de crise e momentos complexos. Esse destaque será acompanhado de uma legenda e audioguia”, declara Fernanda.

A linha curatorial, intitulada Recuperar paraísos: não precisar do fim para chegar, é questiona movimentos da sociedade atual. São questões antirracistas e discussões ambientais e ecológicas. Participam Aline Bispo (Luis Maluf), Aislan Pankararu (Galatea), Claudia Andujar (Vermelho), Rosana Paulino (Mendes Wood DM), entre outros. 

Abaixo, veja nomes para conferir durante a SP-Arte: 

Antonio Tarsis

O artista coleta objetos achados pelas ruas, como caixas de fósforo, pedaços de papelão, latas de tinta e afins – prática diária que funcionava como um exercício de compreensão de si e da paisagem em seu entorno. Sua obra envolve a colagem e sobreposição desses objetos, escolhidos tanto pelos seus atributos formais, quanto pelas associações sócio-históricas que carregam.

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Fotografia
Sem Titulo, 2022, Tarsis (Tarsis/reprodução)

É nessa intersecção entre dois eixos, formais e sociais, que Tarsis elabora o teor crítico de sua obra. O baixo custo das caixas de fósforo ou a banalidade operária das caixas de fruta dão lastro às composições abstratas, ao passo que trocam com os arranjos plásticos tanto suas propriedades originais, como a inflamabilidade ou a transportabilidade quanto os marcadores sociais de uso e atividade econômica a eles associados.

Raphaela Melsohn 

A artista se interessa em construir ambientes de e para nossos corpos. Tem trabalhos que investigam a dimensão erótica e a qualidade sensorial de materiais variados, próteses e gestos. “Trabalho construindo coisas, aprendendo e sendo afetada pelos materiais. Assim, a fisicalidade e a relação com os outros, como podemos existir no espaço, e como o espaço informa nossa existência é o núcleo do trabalho”, diz. 

Fotografia
Obra de Raphaela Melsohn (Galeria Marli Matsumoto/reprodução)

Rosana Paulino 

O trabalho de Rosana Paulino é centrado em torno de questões sociais, étnicas e de gênero, concentrando-se nas mulheres negras da sociedade brasileira e nos vários tipos de violência sofridos por esta população devido ao racismo e ao legado duradouro da escravatura. Paulino explora o impacto da memória nas construções psicossociais, introduzindo diferentes referências que intersectam a história pessoal da artista com a história fenomenológica do Brasil, tal como foi construída no passado e ainda persiste até hoje. 

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Trabalho da artista visual Rosana Paulino
Rosana Paulino A geometria à brasileira_ verde n.1, 2022 (Rosana Paulino/reprodução)

Guto Requena

Um vislumbre sobre o futuro do design e da arquitetura é o foco da exposição, que apresentará a pesquisa do Estúdio sobre sustentabilidade, novas técnicas construtivas, design paramétrico e fabricação digital – sempre permeado pela paixão em unir afeto e tecnologia para criar um design com significado.

 

Fotografia
Requena, Vasos Era Uma Vez, Cristal Reciclado Moldado A Sopro, 2022 (SP-Arte/reprodução)

Destaque vai para a coleção de vasos de cristal Era Uma Vez, em edição comemorativa de 10 anos do lançamento do produto – que chega com cores exclusivas. Composta por quatro peças de tamanhos diferentes, as obras foram criadas a partir do registro de fábulas que a avó de Guto contava na sua infância,  que foram gravadas e utilizadas como base para a modelagem computacional dos vasos. 

ETEL

Na 19ª edição da SP-Arte, a ETEL celebra 30 anos da abertura de sua primeira galeria e, consequentemente, três décadas de formação da ilustre constelação de designers da Coleção ETEL.Com instalação assinada pelo estúdio milanês Superluna, galeria irá apresentar os clássicos da coleção, com uma instalação simples em um espaço todo branco. São 150 maquetes em escala 1:10 de todas as peças icônicas. Além disso, o visitante confere lançamentos assinados por designers modernos e contemporâneos. Entre elas, a reedição de peças inéditas de Gregori Warchavchik e o lançamento do livro publicado pela BEI

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Fotografia.
ETEL cacos – Maria Eugenia Clemente (SP-Arte/reprodução)
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