Continua após publicidade

Zé Tepedino e sua arte viram filme

O carioca Zé Tepedino é um dos bons nomes que vêm circulando no circuito das artes e já se mostra como um dos mais instigantes artistas de sua geração

Por Ágata Fidelis
24 mar 2023, 00h16

O artista carioca Zé Tepedino fez uma ponte aérea com destino a São Paulo, onde está estreando sua primeira exposição individual, Tudo é a forma que fala, na Galeria Triângulo. Se isso já parecia demais para um início de ano, fato é que ele também é tema central do curta-metragem , um poema audiovisual com direção de Pablo Aguiar, captado em 16mm através das lentes do diretor de fotografia Marcos Ribas. O filme apresenta seu processo criativo em seu habitat natural, a tão linda quanto caótica cidade do Rio de Janeiro.

O curta-metragem, que traz ainda fotografia em still de Eduardo Dall Ogio, design gráfico de DJ Baunilha e sound design assinado por Maguila, mostra o vaivém do artista em trânsito entre casa e ateliê, seu modo de produção, seus pensamentos e algumas de suas obras espalhadas pela cidade, tudo através da ótica de Pablo, que além de diretor, é amigo pessoal de Zé. “Nós somos muito bons amigos. Pablo tem acompanhado de perto a crescente do meu trabalho e o que mais instiga ele na minha obra é a frente de trabalhos que lida com intervenções urbanas, ações poéticas totalmente efêmeras que faço na cidade”, explica Zé. Confira nossa entrevistar!

Curta metragem Zé, sobre o artista Zé Tepedino do diretor Pablo Aguiar
(Pablo Aguiar/divulgação)

Zé, nos fale um pouco sobre a sua formação artística. Como nasce o artista?
Nasci no Rio de Janeiro e passei grande parte da minha infância e adolescência próximo ao mar. E foi no mar foi onde ganhei disciplina, por conta do surfe, esporte pelo qual me dediquei de forma bem ativa em competições até aos 18 anos. Por volta de 2006, a fotografia analógica passou a me acompanhar. Aí surgiu um grande interesse por algum tipo de visualidade que já incorporava o acaso e o processo. Nessa época passei a estudar fotografia, investigar mais e na sequência fui apresentado ao curso de comunicação visual na PUC.

Continua após a publicidade

Na universidade, passei a ter acesso a aulas que abrangiam práticas que iam da moda à marcenaria, e comecei a passar as tardes nos laboratórios trabalhando e pesquisando. Foi lá também que conheci Cadu Félix e Eduardo Berliner, ambos grandes artistas cariocas e professores que me introduziram de forma mais clara às artes visuais.

artista Zé Tepedino
(João Cabral/divulgação)

Daí em diante passei a desenvolver meus próprios projetos, construir minhas primeiras peças, experimentar uma série de coisas que ainda não sabia muito bem como endereçar. Mas usava a faculdade como desculpa para incorporar minhas inquietações nos projetos da universidade. Meus últimos dois projetos finais já eram trabalhos de artes, mas formalizei como livros para caberem dentro do curso de design.

Continua após a publicidade

Nesse acadêmico também passei a trabalhar na Osklen, que imediatamente se transformou em um grande laboratório onde eu executava muitas ideias. Assim, estava constantemente criando conceitos, pensando em esculturas, ações, imagem… Oskar Metsavaht foi muito importante para o meu processo de maturação. Trabalhei ao lado dele ao longo de 10 anos. Com o passar do tempo minha produção em paralelo à marca foi crescendo ganhando novas frentes e amadurecendo, com o acompanhamento de artistas como Nino Cais, Carla Chaim, Marcelo Amorim e Cadu Félix.

Em 2022 eu passei a penetrar mais o circuito e passei por alguns importantes editais, feiras e mais de 10 exposições coletivas. Também em 2022 fiz minha primeira residência internacional na Bélgica, chamada O Raio Verde, a convite da curadora Julie Dumound, que culminou na minha primeira individual.

Curta metragem Zé, sobre o artista Zé Tepedino do diretor Pablo Aguiar
(Pablo Aguiar/divulgação)

Conte um pouco sobre Tudo é a forma que fala, sua primeira exposição individual.
Fui convidado para entrar no time da Galeria Triângulo no ano passado. Ricardo Trevisam e Rodrigo Editore já vinham acompanhando o meu trabalho há um tempo. E assim que entrei para o portfólio de artistas da galeria eles já me deram a data da individual.

Por ser minha primeira exposição, decidi apresentar um pouco da pluralidade de quase toda minha produção. A mostra contém desde obras de 2015 até algumas feitas neste ano. Foi um grande trabalho de edição, precisei deixar muita coisa de fora. Mas estou bem satisfeito com todas minhas escolhas.

artista Zé Tepedino
(João Cabral/divulgação)

Sobre o curta-metragem Zé, como surgiu a ideia do projeto e como foi ser retratado pelo olhar de Pablo Aguiar, seu amigo pessoal e diretor do filme?
Nós somos muito bons amigos. Pablo tem acompanhado de perto a crescente do meu trabalho e o que mais instiga ele na minha obra é a frente de trabalhos que lida com intervenções urbanas, ações poéticas totalmente efêmeras que faço na cidade. Em 2022 ele surgiu com a ideia de fazer um filme onde acompanhasse um pouco do meu processo, pensamentos, o trânsito pela cidade, da casa ao ateliê, a produção do ateliê e algumas obras produzidas pela cidade.

Curta metragem Zé, sobre o artista Zé Tepedino do diretor Pablo Aguiar
(Pablo Aguiar/divulgação)

Em março do ano passado fui a São Paulo para uma exposição e voltamos juntos de carro, Pablo, Marcos Ribas, Eduardo e eu, com duas câmeras 16mm e uma semana pela frente de Rio de Janeiro para executar o projeto. Pablo trouxe também DJ Baunilha que fez toda a parte gráfica e o Maguila que entrou com o sound design.

Continua após a publicidade

Agora que o filme está pronto é muito interessante perceber que não conseguimos colocar ele em nenhuma gaveta, pois não é um doc, nem um filme sobre processo. Acredito que realmente chegamos a um novo formato.

Curta metragem Zé, sobre o artista Zé Tepedino do diretor Pablo Aguiar
(Pablo Aguiar/divulgação)
Publicidade