5 filmes por Fernanda Pessoa
As indicações da cineasta, diretora do longa-metragem “Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava”
Histoire(s) du Cinéma, Jean-Luc Godard
Apesar de não ser o meu Godard preferido, esta série é para mim uma grande referência de montagem. Há diversas camadas simultâneas de som e imagens, que continuam se revelando cada vez que assisto. De vez em quando vejo algum capítulo aleatoriamente, só pra relembrar que um documentário não precisa ser tradicional ou didático.
Mar de Rosas, Ana Carolina
Um dos meus filmes brasileiros preferidos de todos os tempos. Com um humor sarcástico e inteligente, Ana Carolina criou duas protagonistas incríveis — Felicidade, interpretada por Norma Bengell, e Betinha, interpretada por Cristina Pereira — e situações absurdas que não deixam de me impressionar a cada revisão. Daqueles longas a que assisto e penso “eu queria ter feito esse filme”.
As Aventuras Amorosas de um Padeiro, Waldir Onofre
Uma pérola pouco conhecida do nosso cinema popular nacional. Acabou virando um filme referência para mim enquanto pesquisava pornochanchadas. O longa dirigido por Waldir Onofre e produzido
por Nelson Pereira dos Santos trata do racismo na sociedade brasileira e do direito das mulheres ao aborto. Um exemplo de como se fazer comédia popular — muito engraçada, diga-se de passagem, com crítica social inteligente. Uma obra-prima.
Violência e Paixão, Luchino Visconti
Tem algo no estilo cinematográfico deste filme que me fascina. Burt Lancaster mais velho, com toda a sua elegância decadente, a família “degenerada”, os cenários kitsch e os zooms exagerados. Sinto que poderíamos usá-lo como modelo para fazer um filme sobre a elite brasileira de hoje. Eu o revejo esporadicamente, e é sempre um prazer.
Os Catadores e Eu, Agnès Varda
É um filme que sempre revejo para pensar o fazer documental, a participação da cineasta atrás e à frente das câmeras, a relação com os personagens e a construção de uma narrativa que parece convencional, mas não segue nenhuma estrutura rígida. Assisti a todos os filmes de Agnès, e ela acabou virando uma grande referência de documentarista.