Continua após publicidade

A invenção de Meirelles

Por Bravo
Atualizado em 21 set 2022, 22h17 - Publicado em 6 mar 2020, 11h01

Livro “A Cidadela”, do escritor e arquiteto mineiro Mauricio Meirelles, faz leitor cair num emaranhado obscuro de buscas e perdas

Mauricio Meirelles (Foto: Estudio Guayabo)

Por Beatriz Goulart

Um livro com o frescor das viagens de Júlio Verne e a profundidade especular de Jorge Luis Borges é A Cidadela, de Mauricio Meirelles, a ser lançado dia 7 de março (sábado), pela editora Miguilim, na Livraria da Rua, em Belo Horizonte.

Escrito com letras laranja em fundo azul escuro, tudo no livro concorre para a queda do leitor num emaranhado obscuro de buscas e perdas. Baseado em relatos de um tenente desaparecido, essa a primeira armadilha, a história trata do rastreio de evidências de uma construção desconhecida, uma suposta fortificação, no deserto do Saara.

O primeiro motivo da expedição — a busca de militares desaparecidos e da própria cidadela — parte de uma questão política da perda de hegemonia do colonizador na colônia, no caso França e Argélia. O livro, a partir daí, pode incitar a uma leitura crítica, histórica, em algumas de suas páginas, pois ali estão dispostos o colosso imperial que submete ou mesmeriza os que ousam desafiar seu mecanismo. Mas a narrativa vai além, é movediça, e, de um pressuposto a outro, os personagens arrastam o leitor a dobraduras no tempo, no espaço, deslocando o senso comum, com o auxílio de elementos como bússolas e mapas, espelhos, espectros, temor e solidariedade.

Entre as páginas escritas e as ilustrações de Adams Carvalho há páginas vazias, que, à medida que a história se desenvolve, tornam-se mais intrigantes, parecendo revelar o próprio estado interior dos personagens, que tentam, sem conseguir, atribuir sentido aos estranhos acontecimentos que vivenciam no interior da cidadela. Além das ilustrações, a concepção gráfica do livro constrói camadas de sentido que envolvem os acontecimentos narrados, dando novos significados a estes.

Continua após a publicidade

O escritor e arquiteto mineiro Maurício Meirelles é, também, fundador e editor — junto da escritora Maria Esther Maciel, do jornalista José Eduardo Gonçalves e do designer Julio Abreu — da revista literária Olympio, lançada em maio de 2018, com segunda edição publicada em 2019.


A Cidadela, Mauricio Meirelles. Editora Miguilim, 272 págs., R$ 54. Lançamento no dia 7/3, às 13h, na Livraria da Rua: Rua Antônio de Albuquerque, 913 — Savassi — Belo Horizonte.

Publicidade