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Cadernos de leitura

Por Bravo
Atualizado em 21 set 2022, 22h15 - Publicado em 17 mar 2020, 07h31

Os melhores amigos de quem está na quarentena, cinco contagiantes clássicos

Por Carlos Castelo

Em tempos de quarentena, os melhores do amigo do homem são a TV por streaming, o freezer, o microondas e a sua prateleira de livros. É como vovó pontuava: quando não há remédio, remediado está. No popular, busquemos alternativas.

Dizem que até Shakespeare, quando aconteceu a Peste Negra e os teatros londrinos foram fechados, trocou a dramaturgia pelo escritura de sonetos. Então, que tal tirar um pouco os olhos da última temporada de La Casa de Papel e ler estes cinco livros sobre períodos semelhantes aos que assolam o globo em 2020? Pode não ajudar em nada, mas pelo menos seu isolamento ficará mais literário.

A Peste, Albert Camus.

Tida e havida como a obra máxima de Albert Camus. Saiu em 1947 e conta a história de trabalhadores que descobrem a solidariedade em meio a uma peste que assola a cidade de Oran, na Argélia. Questiona ainda a natureza do destino e da condição humana. Há críticos que apontam a peste bubônica, nesse clássico do escritor existencialista, como uma metáfora dos horrores da II Guerra Mundial.

O Decamerão, Giovanni Boccaccio.

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O livro é estruturado como uma grande história formada pelos 100 contos narrados por um grupo de sete moças e três rapazes que se abrigam em uma vila isolada de Florença. Todos fogem da grande Peste Negra, que devasta a cidade inteira. Boccaccio provavelmente iniciou Decamerão após a epidemia de 1348 e o concluiu em 1353.

A Grande Mortandade, John Kelly.

Tem como ponto de partida uma pesquisa feita pelo próprio autor sobre a peste medieval, desde suas origens, nas estepes da Ásia Central, até sua chegada nas populosas cidades europeias.

Comovente, humano e cheio de lições importantes para o momento em que o coronavírus tornou-se uma epidemia real entre nós. A Grande Mortandade ainda traz de bônus a tradução de Caetano W. Galindo.

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Os Noivos, Alessandro Manzoni.

Notável pela descrição extraordinária da praga que atingiu Milão por volta de 1630. Trata ainda de uma variedade de temas, desde a hipocrisia de um prelado (Don Abbondio) e o heroísmo de outros padres (padre Cristoforo e Federico Borromeo), até a força inabalável do amor: a relação entre Renzo e Lucia, e sua luta para encontrarem-se novamente e casar-se.

A gripe espanhola em São Paulo, 1918. Cláudio Bertolli Filho. Paz & Terra.

Pouco conhecida e estudada nos dias de hoje, a crise de gripe de 1918 deixou milhões de mortos no mundo e dezenas de milhares no Brasil. Só na capital de São Paulo, os números superaram a casa de cinco mil mortos em pouco mais de um mês. Neste livro, o autor procura apresentar um panorama sobre a gripe espanhola na cidade de São Paulo. Cláudio Bertolli Filho é especialista em História e Ciências Sociais aplicadas à saúde.

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