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Cannes, teatro e Globo

Por Bravo
Atualizado em 22 set 2022, 12h22 - Publicado em 11 jan 2018, 10h03

Dez anos depois de surpreender o mundo com o prêmio de melhor atriz em Cannes por “Linha de Passe”, Sandra Corveloni fala sobre o que mudou na carreira

Por Rafael Spaca

Nascida em 1965 em Flórida Paulista, cidade com menos de 15 mil habitantes no interior de São Paulo, Sandra Corveloni se estabeleceu na capital paulista, onde se dedicou ao teatro. Formada no Tuca – Teatro da Universidade Católica de São Paulo (PUC) –, ela se destacou como atriz, além de dar aula e como assistente de direção. Sandra segue na rotina teatral, mas muita coisa mudou há exatamente dez anos, quando, para surpresa geral, recebeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes pela atuação no longa-metragem Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas.

Na entrevista que se segue, ela fala sobre o que mudou em sua vida de lá pra cá e de outros trabalhos, em especial dos filmes Vazante, de Daniela Thomas, e 10 Segundos, de José Alvarenga Jr, e da novela O Outro Lado do Paraíso. “Trabalhar em TV, no horário nobre da Globo, significa um retorno imediato do trabalho. O público comenta, critica, elogia, e isso é muito interessante.”.

Como era sua vida até maio de 2008?

Não tem vida fácil para os artistas brasileiros, nem antes de 2008 e nem agora. Eu dava aulas, como continuo dando quando não estou empenhada em algum projeto que me leve para longe de São Paulo. Eu fazia parte do grupo Tapa, onde fiquei por muitos anos, participei de várias montagens e também comecei meu processo como diretora teatral. Estudava muito com o Eduardo Tolentino (diretor da Tapa) e aprendi coisas novas todos os dias com meus colegas, grandes atores e mestres do Grupo (Denise Weinberg, Clara Carvalho, Brian Penido Ross, Guilherme Sant’Anna, Zé Carlos Machado, Genésio de Barros, Ana Lúcia Torre e tantos outros que passaram por ali). Eu nunca tinha feito televisão e no cinema só tinha feito projetos amadores de amigos da USP. Trabalhava bastante no teatro para poder sobreviver, pagar contas como mundo inteiro. Minha vida era assim, mais previsível, porque entrava nos projetos de teatro que duravam um, dois anos. E depois de 2008, com o prêmio em Cannes, outras portas se abriram.

Quando você foi premiada como melhor atriz em Cannes, seu currículo tinha mais dois filmes, curtas-metragens. Imaginava que sua trajetória profissional daria essa guinada?

Eu não estava muito preparada, fiquei perdida em algumas coisas e levei uns tombos. Como eu estava acostumada a um ambiente menor (teatral), onde conhecia todo mundo, me sentia à vontade, onde podia confiar nas pessoas e nas conversas. Tive o mesmo comportamento quando quando apareci como uma bomba na mídia. Mas a gente sabe que há pessoas que ouvem uma coisa e escrevem outra, escrevem pela metade e muitas coisas ficaram por dizer ou esclarecer. Fui muito ingênua com uma imprensa, com essa exposição. Os artistas que fazem isso não são conhecidos, o teatro hoje não é como nos nos anos 60 e 70, quando tinha uma força muito grande na comunicação direta com o público. A tevê ganhou uma importância muito grande, o cinema tem a sua força, então os artistas que atuam nessas áreas são muito mais conhecidos. Só era conhecida no meio teatral de São Paulo. Mas essa fama de sair na capa do jornal, no Fantástico, essa coisa de louca, ela não dura muito, porque para você ficar todo o tempo todo na mídia você tem de estar criando o tempo todo. E eu estou na mídia quando tenho trabalho para mostrar, quando não estiver é porque estou criando.

Quem acompanhava seu trabalho antes da premiação sempre a via como uma grande atriz. Se por uma fatalidade do destino essa premiação não fosse para você, o que imaginava que poderia acontecer?

Eu não sei! Os cachês no cinema não são tão bons como muitos imaginam. Há muita dificuldade de produzir. O importante é a sua rede de contatos, de amizades e de parcerias de trabalho que vão para levando para outros lugares. Nesse sentido foi maravilhoso, porque eu trabalhei com muita gente legal, mas isso não é sucesso e dinheiro. Não sei como seria sem o prêmio, um outro caminho, talvez melhor, talvez pior. É um amor, uma alegria e uma emoção muito grande, não fico pensando no que poderia acontecer sem ele, porque ele existe, é real. As suposições, não.

Em “Linha de Passe”

Te surpreendeu a premiação?

Eu não acreditava que o filme pudesse ganhar um prêmio de atuação porque ele, na minha opinião, tem seis protagonistas: uma mãe, quatro filhos e a cidade de São Paulo. Então são seis histórias que correm paralelas e todas têm destaque. Eu acreditava num prêmio coletivo. Algumas pessoas achavam que Linha de Passe era documentário, de tão real que é. Nem os diretores acreditavam que podiam ganhar um prêmio de atuação, era uma surpresa para todo mundo. Não que a gente não merecesse, mas é um trabalho coletivo em que não existia um protagonista que se destacasse. Eu era uma única mulher que levava esse filme, o que eu falava era que, mesmo não estava presente em algumas cenas, eu estava presente porque era sua mãe, era como se eu fosse um anjo na vida deles, falando no ouvido de cada um. Fui chamada de mãe coragem, e eu não me dei conta de que eu era tudo isso no filme. Só fui dar conta depois. Então é isso, não esperava o prêmio, e quando ganhei, demorou pra cair a ficha.

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Somos dependentes do reconhecimento internacional para valorizar o artista nacional?

A gente não reconhece os nossos talentos, e isso em qualquer área. Nós somos carentes em educação, em formação, somos vidrados em filmes americanos, somos dependentes dos modelos externos e nem sempre esses modelos são bons pra nós. Não temos uma educação que nos dê uma base pra saber distinguir o que é melhor pra gente. O Brasil é um talento só, olha quanta coisa linda nós produzimos nas mais diferentes áreas e com tantas dificuldades. O que nos falta é oportunidade, acho que falta também divulgar o que realmente interessa, muitos brasileiros fazem carreira fora do Brasil, muitos estão fazendo coisas lindas e importantes, mas tudo isso tem pouco destaque na mídia. Um prêmio de melhor atriz em Cannes é tão improvável, mas ao mesmo tempo tão maravilhoso que eu, uma artista de teatro, que vivia num universo tão pequeno em São Paulo, de repente apareci em todos os jornais, tevês e revistas e isso gerou um reconhecimento. Mas não se enganem, isso dura pouco, então haja reconhecimento internacional!!! Vi muito cinema na minha formação, estudei os clássicos no teatro, o realismo e essas paixões se encontraram nas filmagens de Linha de Passe. Esse encontro foi o responsável por esse prêmio, tudo que vivi e frui transbordou ali.

Como é, de um dia para o outro, se tornar conhecida mundialmente?

Isso estava muito distante. Tinha um filho pequeno, tinha acabado de perder uma filha, então o que eu queria fazer, eu fiz: ficar no teatro 12 horas ensaiando pra esquecer de tudo! Esquecer tudo, foi tudo terrível e maravilhoso ao mesmo tempo, tudo junto, tudo no mês de maio, tudo no mês do meu aniversário. No mesmo mês, no intervalo de 15 dias, eu quase morri e ganhei o prêmio em Cannes. Então o desejo de trabalhar, de voltar a atuar no teatro era tão grande, que o cinema ficou para depois. Recebi alguns roteiros, aceitei, mas muita coisa não foi adiante. Talvez porque fossem produtores independentes que tinham dificuldades de produzir seus filmes, talvez porque eu não dei a devida importância. Mas aproveitei muito também. Em julho do mesmo ano estreei a peça Retorno ao Deserto, com uma companhia francesa e fui embora com eles e outros brasileiros para a França e lá juntei tudo, fui aos festivais de cinema, dei entrevistas, fui para a Grécia divulgar o filme, sempre com meu marido e meu filho, vivenciamos juntos essa experiência artística maravilhosa, nos curamos através da arte. Viver é mais importante do que ficar “famosa” e eu valorizo isso.

Hoje sua agenda está lotada, encaixando um trabalho no outro. É esse o ritmo que quer para a sua vida?

Eu gosto de trabalhar. Minha mãe falava assim para mim: o dia que tiver um terremoto a casa nunca vai cair sobre a sua cabeça, porque você nunca está em casa! Eu estava sempre enfiada em alguma atividade. Era coral, aula de dança, capoeira … eu estava sempre envolvida em algo e eu continuo assim, sou muito ativa. Gosto de criar em conjunto, por isso gosto de dar aulas, dirigir e atuar. Não é um peso, é uma paixão.

Linha de Passe foi o seu grande papel ou depois dele teve outro que foi injustiçado pela crítica e pelos festivais de cinema?

Eu tenho uma inteligência emocional muito forte, então não fico pensando nisso não, não me abalo com críticas destrutivas, presto atenção em críticas que me façam melhorar como artista. Linha de Passe foi um papel de rasgar o coração, não é todo dia que aparece uma mulher como a Creusa no cinema. A minha personagem no filme transcende o papel de mãe e de mulher, ela é uma cidadã icônica que está na base dessa cidade. Não existem centenas de roteiros com bons papéis à minha disposição, se eu quiser fazer um papel maravilhoso tenho que investir, ir atrás, como fiz com a personagem de A Glória e a Graça, que demorou oito anos pra ser produzido, porque ninguém queria falar do assunto há algum tempo atrás, ninguém queria dar dinheiro para um filme que fala de identidade de gênero, e com esse filme eu ganhei recentemente um prêmio em Los Angeles como melhor atriz coadjuvante. Tem filmes que não têm tanta importância aqui, mas ganham respeito em outros lugares.

Em “A Glória e a Graça”

Como é seu processo de composição para uma personagem?

Tem a parte prática. Se você fizer uma personagem que tem uma profissão, você tem que aprender coisas a respeito desta profissão. Uma empregada doméstica não pode fingir que limpa uma vidraça, ela tem que limpar a vidraça. Saber de onde ela vem, que tipo de roupa usa, como se comporta… é uma pesquisa de campo, depois tem a parte do dentro, em que situação essa pessoa está inserida, o que acontece com ela, quais são os dramas, as dores, a relação com a vida. Depois eu, Sandra, com minha memória emocional, com o meu corpo e a minha voz naquele momento vivencio aquela pessoa, daquele personagem, que pode ser alguém que existe/existiu ou que foi inventado. E tem a intuição também, precisa intuir o jeito de falar, de andar… e depois ganhar presença.

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Do que se alimenta a sua alma, sua composição profissional?

Eu adoro música, as letras das músicas me dizem muitas coisas. Depois a poesia. Gosto também de conversar com as pessoas, seja onde for, no táxi, no avião, se eu for fazer um filme eu gosto de ir nas casas das pessoas, vivenciar o lugar, conhecer sem julgar, só estar e observar o mundo real. Vou à feira, ao supermercado. Me alimento de tudo que está em volta. Ouço rádio, leio. Mas a música é que me leva para lugares mais distantes.

O sucesso em Cannes a tornou inacessível para cineastas que estão começando, você virou uma estrela?

Quem pensa isso não sabe o país que vive, não tem a menor ideia. Muitas pessoas me mandam roteiros e eu sempre respondo. Muitas vezes eu não consigo fazer porque não dá tempo de fazer tudo. Tenho um filho de 15 anos e não quero ficar muito tempo longe dele, não gosto de ficar muito tempo longe de casa porque sou muito ligada à minha família. Eles precisam de mim e eu deles. Agora, estrela, eu? Nem pensar! Não sou inacessível, acho até que faço menos do que poderia fazer com a minha capacidade, sei que poderia fazer muitas coisas. Algumas pessoas ainda tem aquela personagem do Linha de Passe na cabeça e acabam me chamando para fazer personagens muito parecidas com aquela e aí eu não aceito porque não me diz mais, porque já fiz e quero contar outras histórias.

O que te atrai para um trabalho no cinema?

Aquele que você lê e acende uma luz, uma personagem que faz diferença na trama, que tem uma história legal, que pode me ajudar a crescer como atriz e que pode dar um recado bacana, não importa se o papel é grande ou pequeno, o que importa é o projeto. Tenho me envolvido com produção, pesquisa e preparação do elenco também, como no filme Vazante, da Daniela Thomas, e foi incrível, foi tão especial passar 40 dias em Minas conhecendo como pessoas, aprendi muito e fui muito feliz no processo.

E o que rejeita?

Não sei se existe papel ruim, talvez existam papéis que não são bons pra você naquele momento. Ou coisas que você já fez. Papel ruim e aquele mal-escrito, que você lê e diz “não dá para falar isso”.

“Tinha um filho pequeno, tinha acabado de perder uma filha, então o que eu queria fazer, eu fiz: ficar no teatro 12 horas ensaiando pra esquecer de tudo! Esquecer tudo, foi tudo terrível e maravilhoso ao mesmo tempo, tudo junto, tudo no mês de maio, tudo no mês do meu aniversário. No mesmo mês, no intervalo de 15 dias, eu quase morri e ganhei o prêmio em Cannes.”

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Você acabou de participar de 10 Segundos, filme do cineasta José Alvarenga Jr. Como foi?

O filme começa com Eder Jofre pequeno e, como sou a mãe dele (Angelina), passei por várias épocas até virar uma senhorinha. Um trabalho bacana de caracterização, direção de arte e fotografia, foi muito interessante. O Alvarenga é muito objetivo, não tem papas na língua, e eu nunca tinha trabalhado com um diretor assim. Eu sou muito xereta, sentei ao lado dele e ele me permitiu, fiquei perguntando sobre atuação e escolhas. Ele é uma pessoa muito prática e observadora, faz o trabalho andar, é da ação, o que é muito legal também. Eu aprendi bastante com ele sobre tempo, ritmo e pensamento. Sem falar no elenco, dos sonhos, muito amor.

Tem mais produções em andamento ou está estudando roteiros?

Tudo que fiz já estreou, ou quase. Vazante, 10 Segundos, a novela O Outro Lado do Paraíso (TV Globo) que está no ar, a série Fanáticas (TV Cultura) e uma peça infantil que dirigi, Operetinha do Sapato Falador, rodando pelas unidades do Sesc… por enquanto é isso.

O que é o cinema pra você?

Imersão. Cinema é a vivência de um tempo, de um lugar, de um núcleo de pessoas, um universo paralelo. Ainda estou descobrindo muita coisa.

Quais são os seus grandes mestres?

Machado de Assis, Lygia Fagundes Telles, Clarice Lispector, Cora Coralina, Carlos Drummond de Andrade, Hilda Hilst, Gabriel García Márquez, Neruda, tantos… Na música nem se fale. Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola… O que é a Nana Caymmi cantando? É uma inspiração. Cassia Eller, Cazuza, Cartola, Sting, Eric Clapton, sem falar nos jovens, tantos… No teatro: Ariane Mnouchkine, absoluta. Em Vazante eu contracenei com Juliana Carneiro da Cunha, quer dizer, eu falava todo dia “já posso morrer, já posso morrer”, é uma coisa maravilhosa. Denise Weinberg e toda trupe do Tapa, meu mestre Eduardo Tolentino de Araújo, Walter Salles e Daniela Thomas, Nathalia Timberg, minha querida que me ensinou demais no teatro e na TV, sou muito grata. Olha os caminhos que a vida da gente faz, no cinema eu encontrei a mulher que eu vi cinco vezes no Sesc Belenzinho (Juliana Carneiro da Cunha), na televisão tem a Fernanda Montenegro, Lima Duarte… Eliane Giardini de quem sou fã absoluta e agora na novela O Outro Lado do Paraíso sou amiga dela, a gente contracena e eu fico babando porque ela é in-crí-vel!

Você também virou mestra de muita gente. Não é muito cedo?

Quando a Daniela Thomas estava apresentando o elenco em Vazante, dizia quando chegava a minha vez: “e agora a minha mestra Sandra Coverloni”. E eu falava “ai meu Deus!” Dou aula em escolas de montagem, que é geralmente a primeira peça daquela turma, e acabo virando mestra por isso, porque junto com a montagem eu dou aula de interpretação, de voz, de corpo. E como a nossa formação é ampla, temos que ficar puxando os fiozinhos. E quando você tem a liderança e dá uns toques, que mudam a vida da pessoa, acaba virando mestra dela. Isso já aconteceu comigo, com os mestres que tive. Você acaba virando mestre também pela experiência. O que me leva para esse lugar é a função de ser professora. É maravilhoso! Não sei se é cedo, já sou madura, sei que tento honrar o título.

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Em “O Outro Lado do Paraíso”

Você está O Outro Lado do Paraíso, no horário nobre da TV Globo com a personagem Lorena. O que significa para você trabalhar na novela das 21h da Rede Globo?

Trabalhar em TV, no horário nobre da Globo, significa um retorno imediato do trabalho. O público comenta, critica, elogia, e isso é muito interessante. A Globo tem excelentes profissionais, e fazer uma novela das 21h significa trabalhar muito, aprender muito com os colegas e estar preparado para ouvir, durante um tempo, frases da novela enquanto você faz mercado, leva o filho na escola e frequenta lugares do seu dia a dia. Nessa novela fizemos um trabalho de preparação muito bacana, com leituras, oficinas de voz e corpo, conversamos bastante sobre os temas e da importância de levantar assuntos tão complexos como o racismo, a violência contra a mulher e muitos outros temas tabus que são urgentes e graves. É bom gerar debate, e no caso da TV é em grande escala. E nesse trabalho estou repetindo uma parceira, que foi muito boa, com Walcyr Carrasco e Mauro Mendonça Filho em Amor à Vida, e está sendo muito bom trabalhar com eles de novo. Trabalhar com um time tão potente é um prazer e um desafio.

Ser popular ou ser reverenciada?

É legal ter seu trabalho reconhecido, respeitado. Eu sou uma atriz, tenho 52 anos e fico feliz quando as pessoas respeitam o meu trabalho. Ser popular depende do trabalho que você está fazendo, se estou numa novela da Globo das 21h eu estou popular, depois passa, volto para as lonjuras dos sets de cinema ou para o escuro de um teatro e está tudo bem, o importante é o respeito.

Por que muitas pessoas chamam os artistas de vagabundos?

Por ignorância. Não é porque existe um monte de “informação” no Facebook, nos blogs, nos jornais, na mídia de uma maneira geral, que as pessoas estão bem informadas. As pessoas veem uma manchete e saem compartilhando sem ler, é tudo muito raso. Não é porque muitos políticos roubam que todos não prestam, não é porque alguns produtores ou captadores de recurso (já que isso virou uma profissão, e esses captadores não são artistas e ganham uma boa grana fazendo isso) que usam o dinheiro pra fazer outras coisas que não produzir, e aí os artistas levam a fama. É falta de informação. As pessoas acham que é glamour, mas são 11 horas por dia de trabalho, não tem dia santo, nem feriado, se isso é ser vagabundo… então eu não sei mais nada.

Está consagrada?

Não sei, talvez sim no que se refere ao reconhecimento pelo trabalho, quase sempre. Mas no que se se refere à vida prática, não, a luta continua. Quando estou baixo, astral, eu leio, meu currículo, e já fiz coisa pra caramba, muita coisa legal. E vc lembrando as coisas que fazem … Já faz muita coisa linda dentro da minha profissão e desejo faça mais coisas lindas, tenho mil ideias no meu caderninho de ideias e não estou desesperado para acessar “naquele lugar”, porque “um lugar” não existe . Ah, você chegou lá! Chegou onde? chegou onde você está agora. Então eu estou bem, eu fico mais aflita pela situação do nosso país por uma situação minha. Nós somos num momento politico terrível, estamos andando para trás e isso me entristece. Eu pessoalmente tive muita sorte, muito amor e muita luz na minha vida. Fiz boas escolhas, mas não foi nada fácil.

Pretende celebrar os 10 anos da efeméride em Cannes?

Eu falei para a Daniela Thomas que a gente tem que ir para Cannes. Eu tenho alguns desejos, umas vontades que talvez se realizem. Quem sabe eu vá para Cannes com um filme? Agora, de qualquer jeito vai ter uma festa com muito champanhe francês!!!

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