Conheça os finalistas ao Prêmio Bravo! de Cultura de Melhor Espetáculo de Teatro
Encenadores Bia Lessa, Marcio Abreu e Felipe Hirsch concorrem ao prêmio; saiba quem votou
Do sertão moderno de Guimarães Rosa, passando pela questão racial — tanto nas consequências nefastas da escravidão como na potência do movimento negro — até o lixo acumulado na história do país, os finalistas ao Prêmio Bravo! de Cultura de Melhor Espetáculo de Teatro refletem, cada um ao seu modo, a questão nacional. O Brasil em crise (política, histórica, identitária) e a nossa formação errática são desdobrados em dimensões diversas nas peças Grande Sertão: Veredas, dirigido por Bia Lessa; Preto, por Marcio Abreu, e Selvageria, por Felipe Hirsch.
Os finalistas foram definidos a partir dos votos de membros da Academia Bravo!, formada por artistas, pesquisadores e críticos. Votaram na categoria de Melhor Espetáculo de Teatro os dramaturgos Aimar Labaki, Antonio Rogério Toscano, Marici Salomão e Samir Yazbek; as atrizes Ana Petta e Bete Dorgam; os fotógrafos Bob Sousa, Lenise Pinheiro e Patrícia Cividanes; os jornalistas Dib Carneiro e Naief Haddad; os críticos Dirceu Alves Jr., Gabriela Mellão, João Luiz Vieira e Macksen Luiz; os produtores Guilherme Marques e Lúcia Camargo; os encenadores Renata Melo e Ruy Filho e a teórica Silvana Garcia.
No ano passado, o prêmio da categoria foi para o díptico A Comédia e A Tragédia Latino-Americana, dirigido por Felipe Hirsch — o terceiro Prêmio Bravo! de Cultura do encenador; Marcio Abreu já foi premiado em duas oportunidades. O anúncio e a entrega do prêmio deste ano serão feitos no dia 27 de março em cerimônia na Casa de Francisca, em São Paulo.
Conheça os finalistas.
Grande Sertão: Veredas, Bia Lessa
Nesta peça-instalação, Bia Lessa retorna ao sertão de Guimarães Rosa 11 anos após inaugurar o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, com uma exposição dedicada ao romance-chave da literatura brasileira moderna. Agora ladeada por um elenco de peso — formado por Caio Blat e Luíza Lemmertz, entre outros — Lessa transfigura a prosa lírica de Rosa em uma experiência sensorial e metafísica do sertão.
Mais: ouça a entrevista de Bia Lessa sobre Grande Sertão: Veredas.
Preto, Marcio Abreu
Após se debruçar sobre o país em Projeto Brasil, a Companhia Brasileira de Teatro tenta desatar um dos nós amarrados há muito em nossa história: a questão racial. Mas em Preto — cuja dramaturgia foi costurada pelo diretor Marcio Abreu com as atrizes Grace Passô e Nadja Naira — não são só os incômodos com a história de opressão vivida pelas populações negras que dão o tom, mas também a potência advinda delas. É, afinal, na “pretura como modo civilizatório”, como é repetido diversas vezes no palco, que reside a aposta da peça.
Mais: leia a entrevista de Marcio Abreu e Grace Passô sobre Preto.
Selvageria, Felipe Hirsch
Após a investigação continental no díptico formado por A Tragédia Latino-Americana e A Comédia Latino-Americana — vencedor do Prêmio Bravo! de Cultura de Melhor Espetáculo de Teatro no ano passado — Felipe Hirsch restringe seu escopo ao Brasil, representado como uma montanha de sacos de lixo em Selvageria. A partir de uma seleção de documentos, que vão da carta de Pero Vaz de Caminha à Lei Saraiva, Hirsch troca uma dramaturgia convencional pela interpretação de fontes primárias da história do país.
Mais: leia a crítica de Gabriela Mellão para Selvageria.
Cada jurado da Academia Bravo! elegeu até 10 espetáculos que julgou serem os mais importantes do ano. Reunimos aqui todos os indicados mencionados:
11 Selvagens, Pedro Granato; A Missão em Fragmentos: 12 Cenas de Descolonização em Legítima Defesa, Eugênio Lima; A Tartaruga de Darwin, Mika Lins; Ala de Criados, Marco Antonio Rodrigues; Alair, Cesar Augusto; Antígona, Amir Haddad; As Criadas, Radoslaw Rychcik; Baixa Terapia, Marco Antônio Pâmio; Boca de Ouro, Gabriel Villela; Buda, Marcelo Romagnoli; Bug Chaser — Coração Purpurinado, Davi Reis; Caliban — A Tempestade de Augusto Boal, Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz; Carmen, Nelson Baskerville; Carne de Mulher, Georgette Fadel; Céus, Aderbal Freire-Filho; Dançando no Escuro, Dani Barros; Dilúvio, Gerald Thomas; Dinamarca, Pedro Wagner; Dostoiévski-Trip, Cibele Forjaz; Eigengrau — No Escuro, Nelson Baskerville; Enquanto Ela Dormia, Eliana Monteiro; Entre o Trem e a Plataforma, André Cortez; Grandes Verdades num Copo Cheio de Vento, Beto Firmino e Osvaldo Gabrieli; Gritos, André Curti e Artur Luanda Ribeiro; Guanabara Canibal, Marco André Nunes; Hoje é Dia de Rock, Gabriel Villela; Hotel Mariana, Herbert Bianchi e Munir Pedrosa; Imortais, Inez Viana; Instabilidade Perpétua, Soraya Ravenle; Inútil Canto e Inútil Pranto pelos Anjos Caídos, Rogério Tarifa; Jacy, Henrique Fontes; Kiev, Roberto Alvim; Madalena Bêbada de Blues, Leo Lama; Marte, Você Está Aí?, Gabriel Fontes Paiva; Mata Teu Pai, Inez Viana; Memórias Póstumas de Brás Cubas, Regina Galdino; Monólogo Público, Michel Melamed; Numvaiduê, Gustavo Kurlat; O Corpo da Mulher como Campo de Batalha, Malú Bazán; O Jornal — The Rolling Stone, Kiko Mascarenhas e Lázaro Ramos; O Rei da Vela, Zé Celso Martinez Corrêa; O Torniquete, Eduardo Tolentino; Oeste Verdadeiro, Mário Bortolotto; Pagliacci, Chico Pelúcio; Pessoas Brutas, Rodolfo García Vázquez; Pink Star, Rodolfo García Vázquez; Ponto Morto, Camilo Bevilacqua e Denise Weinberg; Race, Gustavo Paso; Refluxo, Eric Lenate; Roque Santeiro, Débora Dubois; Siete Grande Hotel, Rudifran Pompeu; Suassuna– O Auto do Reino do Sol, Luiz Carlos Vasconcelos; Tchekhov é um Cogumelo, André Guerreiro Lopes; Tom na Fazenda, Rodrigo Portella; Unfaithful, Lavínia Pannunzio; Vamp — O Musical, Diego Morais e Jorge Fernando; Zibaldone, Aimar Labaki.