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Conheça os finalistas ao Prêmio Bravo! de Cultura de Melhor Evento

Por Bravo
Atualizado em 22 set 2022, 12h19 - Publicado em 16 mar 2018, 11h35

Flip, Mostra de Cinema de SP e Queermuseu concorrem ao prêmio, definido a partir do voto de mais de 100 especialistas

Em um ano em que a arte e a cultura estiveram contra a parede, diversos eventos culturais novos e tradicionais brigaram para seguir existindo e manter a relevância, retirando forças de reivindicações históricas e contemporâneas. Os finalistas ao Prêmio Bravo! de Cultura na categoria de Melhor Evento de Cultura trouxeram a crise dos refugiados, o protagonismo negro e a luta por diversidade de gênero e sexual para o centro da roda e, juntos, compõem um mosaico de como as questões sociais mais urgentes da sociedade têm ecoado no mundo da cultura.

Os três finalistas foram definidos a partir dos votos dos membros da Academia Bravo!, formada por mais de 100 especialistas que, independente de sua área de atuação, contribuíram para as votações de interesse geral: Evento e Programação Cultural.

No ano passado, a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo — Mitsp, que teve a questão racial como mote, levou o prêmio. O vencedor deste ano será anunciado no dia 27 de março em cerimônia na Casa de Francisca, em São Paulo.

Conheça os finalistas.

Festa Literária Internacional de Paraty — Flip

Foto: Divulgação / Flip

Em linha com o clamor de artistas, intelectuais e ativistas negros — que há anos denunciam sua baixa representatividade em eventos literários — a Flip de 2017 colocou a questão racial no centro do debate. Não só o racismo foi largamente discutido como a festa literária foi marcada pelo protagonismo negro, seja pela figura do grande homenageado do evento, Lima Barreto; pela abertura dos trabalhos com o ator e escritor Lázaro Ramos; pela presença dos premiados autores internacionais Marlon James, Paul Beatty e Djaimilia Pereira de Almeida; pela inteligência feminista de Conceição Evaristo e Ana Maria Gonçalves; e, é claro, pela participação de Diva Guimarães, professora aposentada que compartilhou um forte relato pessoal sobre resistência ao racismo durante um debate.

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Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Foto: Mario Miranda Filho / Divulgação

Evento incontornável do calendário cultural da cidade, a Mostra proporcionou aos cinéfilos um verdadeiro banquete em sua 41ª edição: nada menos do que 394 filmes em 14 dias. O artista chinês Ai Weiwei concebeu a arte do pôster e abriu o evento com o documentário Human Flow — Não Existe Lar se Não Há para Onde Ir, que imprimiu a marca da crise dos refugiados na Mostra. Entre os destaques da programação estavam retrospectivas de Paul Vecchiali e Agnès Varda (cujo novíssimo Visages, Villages foi também exibido); o filme sueco The Square, provocação de Ruben Östlund ao mundo da arte contemporânea que levou a Palma de Ouro em Cannes; um fórum de debates sobre os rumos do cinema e, como já é tradição, as sessões ao ar livre no vão do Masp e no Parque Ibirapuera, onde O Homem Mosca, clássico de 1923 com Harold Lloyd, recebeu trilha sonora ao vivo da Orquestra Jazz Sinfônica. O documentário chileno O Pacto de Adriana, de Lissette Orozco, foi o grande vencedor da Mostra e levou o Troféu Bandeira Paulista, escolhido pelo Júri.

Queermuseu — Cartografias da Diferença na Arte Brasileira

Foto: Marcelo Liotti Junior / Divulgação

A exposição coletiva com curadoria de Gaudêncio Fidelis levou ao Santander Cultural de Porto Alegre obras de artistas brasileiros de diferentes períodos — de Alfredo Volpi a Adriana Varejão, passando por Lygia Clark e Leonilson — que, vistas em conjunto, constituíam uma provocação à heteronormatividade e à baixa diversidade dos museus brasileiros ao mesmo tempo em que oferecia novos olhares sobre o tema. A mostra foi interrompida arbitrariamente pelo centro cultural em setembro — com menos de um mês em cartaz — após protestos de grupos conservadores que acusavam o Santander Cultural, a curadoria e os artistas de compactuarem com a pedofilia e a zoofilia. O caso abriu precedente para outros ataques, como o sofrido pelo artista Wagner Schwartz após performance no MAM de São Paulo. Neste sentido, Queermuseu tornou-se um símbolo de resistência das artes contra o retrocesso e pela diversidade. Um financiamento coletivo em andamento luta para levar a exposição ao Parque Lage, no Rio de Janeiro.

Mais: releia o manifesto sobre o assunto publicado pelos editores da Bravo! em outubro do ano passado.

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