Continua após publicidade

Conheça os finalistas do Prêmio Bravo! 2016 de Melhor Livro

Do alto, em sentido horário: Evandro Affonso Ferreira, Daniel Galera e Carlito Azevedo Um time de jurados especializados — jornalistas, artistas, produtores, acadêmicos — debateu, argumentou e ponderou junto à equipe da Bravo! até chegarmos a três nomes de cada uma das 12 categorias do prêmio. Um último troféu, de Artista do Ano, será escolhido pelo voto do público. Na […]

Por Bravo
Atualizado em 22 set 2022, 12h42 - Publicado em 6 mar 2017, 09h46
Do alto, em sentido horário: Evandro Affonso Ferreira, Daniel Galera e Carlito Azevedo

Um time de jurados especializados — jornalistas, artistas, produtores, acadêmicos — debateu, argumentou e ponderou junto à equipe da Bravo! até chegarmos a três nomes de cada uma das 12 categorias do prêmio. Um último troféu, de Artista do Ano, será escolhido pelo voto do público.

Publicidade

Na categoria Melhor Livro, os indicados são O Livro das Postagens, de Carlito Azevedo, Não Tive Nenhum Prazer em Conhecê-los, de Evandro Affonso Ferreira e Meia-noite e Vinte, de Daniel Galera. O júri que os selecionou é formado pelo escritor André Santanna, pelo crítico e professor de literatura brasileira Luís Fischer e pelo jornalista, editor e ex-curador da Flip Paulo Werneck. Veja o que a banca diz sobre os escolhidos:

Publicidade

O Livro das Postagens, de Carlito Azevedo

“Depois de sete anos sem publicar, o carioca Carlito Azevedo fez mais do que reunir em livro seus poemas recentes: articulou-os com uma nova frente poética que se abriu em sua obra, as postagens que ele compartilha com amigos no Facebook. O livro das postagens mostra como em meio às torrentes de clichês das redes sociais é possível produzir uma literatura pulsante, original e profundamente afetiva.”

Não Tive Nenhum Prazer em Conhecê-los — Evandro Affonso Ferreira

“É o tipo de livro que pode ser chamado de obra-prima. Ressentimento e melancolia de verdade, destilados com um ritmo exato, na música exata das palavras. Linguagem certeira, poesia, filosófica poesia e ainda sobra espaço para a grande cultura, que surge sempre com naturalidade. Todo rancor e amargura do personagem acaba se transformando em uma literatura ágil e fragmentária. E baixo-astral vira curtição.”

Publicidade

Meia-noite e Vinte, de Daniel Galera

“Novela muito bem realizada, com uma trama nítida e personagens sólidos, envolvendo além de tudo algumas dimensões fortes da vida contemporânea — de violência urbana banalizada a uso de aplicativos, passando por aspectos muito vivos do feminismo — , e ainda com um desfecho muito bacana.”

Continua após a publicidade

Prêmios Bravo! de Melhor Livro

Conheça os vencedores das outras edições do Prêmio Bravo!, entre 2005 e 2012.

Publicidade

2005 — O Fotógrafo, de Cristóvão Tezza

Em O Fotógrafo, Cristóvão Tezza cria uma trama baseada num repórter fotográfico. Todo o livro se passa em um dia, em Curitiba, sob a ótica de cinco pessoas diferentes. O livro parte de um fotógrafo quarentão que recebe a proposta de retratar secretamente uma mulher mais nova. Para cada filme revelado, recebe a alta quantia de 200 dólares. As histórias — da mulher fotografada, do fotógrafo, da mulher do fotógrafo, Lídia, do professor dela, Duarte, e sua esposa, Mara, se conectam de forma inesperada. Lugares clássicos da capital paranaense como o Café do Teatro, a Praça do Expedicionário, o Cine Luz e a Universidade Federal do Paraná viram cenários da trama. Além do Prêmio Bravo! ficou em 3º lugar no Prêmio Jabuti.

2006 — Cinzas do Norte, de Milton Hatoum

O livro remonta o período da ditadura militar, da criação da zona franca de Manaus e do bairro da Cidade Nova — entre os anos 1950 e 1960 — período de retomada do crescimento da região após muitos anos de marasmo, depois do ciclo da borracha. O romance é tido como uma tentativa de criar uma “história moral” da geração do amazonense Milton Hatoum. Trata de uma longa amizade entre Raimundo (Mundo) e Olavo (Lavo) — o primeiro, com ambições artísticas e família rica; o segundo, órfão criado pelos tios e de personalidade sedutora e perspicaz. O livro foi publicado pela Companhia das Letras em 2005 e rendeu ao autor, além do Prêmio Bravo!, o seu terceiro Prêmio Jabuti (os primeiros foram Relatos De Um Certo Oriente e Dois Irmãos).

Publicidade

2007 — A Máquina de Ser, de João Gilberto Noll

O livro é uma coletânea de 24 contos do escritor porto-alegrense João Gilberto Noll. O fio que reúne os textos é o da observação da solidão. Em No Dorso das Horas, o narrador é transformado em imagem e acaba se deparando, através de uma câmera, com o corpo da filha. O conto que dá nome ao livro, A Máquina de Ser, tem um narrador andarilho numa cidade estrangeira que se matamorfoseia num Messias — passa a buscar trabalho e, consequentemente, a ter razões para continuar. O conto faz uma crítica ao modo de vida na sociedade capitalista. No segundo conto, Em Nome do Filho, o ponto de partida é o que o pai ouve do médico: “o seu filho entrou em óbito”. A partir daí, um casal é obrigado a reconstruir sua vida.

Continua após a publicidade

2008 — O Filho Eterno, de Cristóvão Tezza

No livro mais famoso do escritor catarinense Cristóvão Tezza, O Filho Eterno, o autor expõe as dores e delícias de criar um filho com Síndrome de Down. O fato, autobiográfico, o leva a narrar com extrema sinceridade e emoção os preconceitos e angústias de chegar a desejar o filho morto após descobrir a trissomia. Aos poucos, entende que quem precisa ser reavaliado é ele, e não o menino. A obra foi adaptada para o cinema pelo diretor paulista Paulo Machline e estreiou em dezembro de 2016. No elenco, Marcos Veras interpreta o pai, Roberto, e Débora Falabella a mãe, Cláudia. O autor disse à Bravo! que escolheu não participar da escrita do roteiro. Leia no nosso Medium uma entrevista de setembro com Tezza.

Publicidade

2009 — Leite Derramado, de Chico Buarque

O livro Leite Derramado — obra recentemente adaptada para o teatro por Roberto Alvim — retrata uma derrocada de certa elite brasileira encarnada na figura de Eulálio. Ele está doente, num hospital, e narra 200 anos da história do Brasil do ponto de vista oligárquico: seus descendentes são portugueses, se tornam um barão do Império e um senador da Primeira República. Ele mesmo era também um corrupto, foi conivente com a ditadura e vivia de relações de compadrio. O livro é o quarto romance de Chico Buarque (antes vieram: Estorvo, Benjamin e Budapeste) e tem a estrutura de uma narração quase ininterrupta, rápida e envolvente.

2010 — Esquimó, de Fabrício Corsaletti

O livro Esquimó reúne poemas escritos por Fabrício Corsaletti entre 2006 e 2009. Segundo o também poeta e crítico Paulo Henriques Britto, neste quinto livro de poesia, “Fabricio Corsaletti permanece fiel a uma dicção que equilibra com eficiência nostalgia e ironia lembranças da infância interiorana e referências literárias e cinematográficas, paixão vivida e distanciamento crítico. A comparação entre os poemas de Esquimó e os mais antigos aponta para uma concentração crescente, uma utilização cada mais intensa de alguns recursos. Um deles é a repetição de um mesmo verso com alterações mínimas, porém cruciais”.

2011 — Diário da Queda, de Michel Laub

Durante a comemoração de um bar-mitvzvah (aos 13 anos), ao jogarem o aniversariante, João, para cima, os amigos o deixam cair. Este acontecimento marca Diário da Queda, livro de Michel Laub. O livro fala da relação entre judeus e não-judeus e da identificação do narrrador com o bullying sofrido por João. Ele também vira alvo das ofensas numa escola de não-judeus para a qual os dois vão após o incidente. O avô do narrador é um sobrevivente do holocausto que se recusa a tratar do tema e seu pai vive à sua sombra — herança que se põe sobre ele em contradição: há uma hesitação entre reverenciar esse passado ou revisitar criticamente e se libertar dessas origens.

Continua após a publicidade

2012 — Formas do Nada, de Paulo Henriques Britto

Temperada com um humor irônico e desesperançado, a poesia do carioca Paulo Henriques Britto é caprichada no uso da rima e da métrica, mas também é contemporânea no uso da metalinguagem, nas traduções de si mesmo para o inglês, na fluência, no diálogo com os modernistas. O próprio nome, Formas do Nada, já aponta para o tema essencial do livro: absurdo, falta de sentido, vazio. Em poética prática, escreve: “A realidade é um calhamaço insuportável?/ Tragam-me então resumos./ A vida que se leva é um filme inassistível? / Vejamos só os anúncios. // São os limites do corpo intrusões malignas / de um demiurgo escroto? / O corpo não é preciso, e o espírito é impreciso: / eu não é um nem outro. // Anda inconveniente a tal da poesia, /a significar? / Nada como um bom significante vazio / para abolir o azar.

Publicidade
Publicidade