Conheça os indicados do Prêmio Bravo! de Melhor Espetáculo de Dança
Um time de jurados especializados — jornalistas, artistas, produtores, acadêmicos — debateu, argumentou e ponderou junto à equipe da Bravo! até chegarmos a três nomes de cada uma das 12 categorias do prêmio. Um último troféu, de Artista do Ano, será escolhido pelo voto do público.
Na categoria de Melhor Espetáculo de Dança, os três finalistas são Devolve 2 Horas da Minha Vida, do Projeto Mov_oLA e Alex Soares; Looping Bahia Overdub, com coreografia de Felipe Assis, Leonardo França e Rita Aquino e Para que o Céu não Caia, da Lia Rodrigues Companhia de Danças. Veja o que a banca — composta pelas jornalistas Iara Biderman e Amanda Queirós e pela curadora Jaqueline Vasconcellos — disse sobre os trabalhos:
Devolve 2 Horas da Minha Vida, do Projeto Mov_oLA e Alex Soares
“Pela decisão de arriscar em uma obra que se constrói conforme a reação de quem assiste. A conversa dança-cinema-tecnologia ultrapassa os (ótimos) achados estéticos para incomodar o público — mesmo o já habituado às provocações cênicas contemporâneas. E bota contra a parede (tela?) o mal-estar tecno-contemporâneo.”
Looping Bahia Overdub — Coreografia de Felipe Assis, Leonardo França e Rita Aquino
“Trata-se de uma desconstrução estética de padrões populares de festas de largo de Salvador. Enquanto pesquisa de dança contemporânea, explora um tipo de composição que parte da corporalidade que cada dançarino trouxe de suas memórias corporais. A escolha é pela diversidade que apresenta, por sua potência cênica e por conseguir conversar danças, que, a princípio, não dialogariam.”
Para que o Céu não Caia — Lia Rodrigues Companhia de Danças
“A obra faz uma síntese apurada dos dois elementos mais marcantes na trajetória de Lia Rodrigues: a política e o humanismo. A resposta da coreógrafa para o mar de crise e desesperança que abateu o mundo nos últimos anos está no encontro com o outro e no que se pode estabelecer a partir daí. Nesta obra, ela resgata a ideia de ritual para nos lembrar da potência de estarmos juntos e da importância disso para seguirmos em frente em meio às dificuldades.”
Prêmios Bravo! de Melhor Espetáculo de Dança
Entre 2005 e 2012, companhias como a Márcia Milhazes, o Núcleo Artístico Luis Ferron e a companhia Maurício de Oliveira e Siameses levaram troféus do Prêmio Bravo! de Melhor Espetáculo de Dança. Veja os vencedores ano a ano:
2005 — Tempo de Verão, de Márcia Milhazes
O espetáculo Tempo de Verão foi criado por Márcia Milhazes, a partir da sua paixão por valsas, canções que ela ouvia com a família na infância. Na apresentação, três bailarinos propunham um encontro entre popular e erudito a partir de formas concêntricas — em cenário criado por sua irmã, a artista Beatriz Milhazes — propondo um movimento constante. Versões instrumentais de Sonhei que Tu Estavas Tão Linda, de Lamartine Babo, e Valsa-Choro nº 10, de Francisco Mignone faziam parte da trilha sonora.
2006 — Adeus Deus, de Sandro Borelli / Cia. Carne Agonizante
Sandro Borelli e sua companhia, a Carne Agonizante, utilizam no espetáculo Adeus Deus elementos da dança e do teatro para falar sobre o suicídio. Um casal em cena é umbilicalmente conectado pela boca. Este “beijo contínuo” é metáfora de um sopro de vida que em breve poderá ser extinto.
2007 — Pequenas Frestas de Ficção Sobre Realidade Insistente, de Alejandro Ahmed e grupo Cena 11
Com coreografia e direção de Alejandro Ahmed, o espetáculo Pequenas Frestas de Ficção Sobre Realidade Insistente, encenado pelo grupo Cena 11 mescla dança e tecnologia. Através do uso de elementos cênicos como ursos de pelúcia, bichos e até uma cachorra, a dança buscava também criar “frestas” e dar lugar à ficção na narrativa.
2008 — Vi-vidas, de Sônia Mota
O solo Vi-vidas, estrelado pela diretora e coreógrafa Sônia Mota, mescla as linguagens da dança e do teatro para falar do papel da mulher. O espetáculo foi o primeiro de uma trilogia sobre a experiência do feminino em culturas de países patriarcais. A apresentação mostra arquétipos de três mulheres de regiões diferentes: uma muçulmana — coberta, escondida, não pública — , outra européia, mais construída, com um figurino mais moderno, e uma brasileira — nua, aberta, pública. Um quarto arquétipo era uma espécie de resumo das três: uma simples mulher.
2009 — H3,de Bruno Beltrão e Grupo de Rua de Niterói
Bruno Beltrão, cofundador do Grupo de Rua de Niterói, é uma espécie de menino prodígio do hip-hop. No espetáculo H3, trouxe ao palco diversas manifestações do street dance e do break de várias regiões do Brasil. Os nove bailarinos expunham na coreografia elementos do machismo, do exibicionismo e da excitação do hip-hop.
2010 — Sapatos Brancos, Núcleo Artístico Luis Ferron
O carnaval é o tema do espetáculo Sapatos Brancos, concebido e dirigido por Luis Ferron. A pesquisa cênico-coreográfica se concentrou na cultura e nas tradições do carnaval paulistano e trouxe como principal elemento as perfomances de mestre-salas e de porta-bandeiras.
2011 — Núcleos, de João Saldanha
Inspirada em Hélio Oiticica, a coreografia de Núcleos tem como ideia, segundo o diretor João Saldanha, “criar um lugar de desapropriação do dançarino para que eles próprios recriassem os movimentos”. Sympathy for the devil, dos Rolling Stones, e Pra ver as meninas, de Paulinho da Viola, são algumas das músicas que embalam o espetáculo.
2012 — Nigredo, de Maurício de Oliveira e Siameses
Nigredo — nome que diz respeito à primeira fase de uma transformação alquímica — é o primeiro espetáculo da Triologia Alquimica da companhia de dança Maurício de Oliveira e Siameses. A dança tem inspirações no sertão nordestino e na cultura medieval.