Avatar do usuário logado
OLÁ,
Continua após publicidade

Entre a melancolia e a energia

Por Bravo
Atualizado em 22 set 2022, 12h30 - Publicado em 19 jul 2017, 14h40
 (/)
Continua após publicidade

Jovem talento do piano, gaúcho André Golbert faz recital de Chopin, Ravel e Prokofiev

1*2s18fZ2Olk-IPpmnnZhA6g

Por Claudio Leal

Em recitais no Theatro São Pedro de Porto Alegre (RS), André Golbert desponta, aos 24 anos, como um dos jovens talentos brasileiros do piano, enquanto aprofunda os estudos musicais nos Estados Unidos. A performance de Golbert equilibra melancolia e energia impetuosa, como se a fluidez romântica encontrasse relampejos experimentais, num fluxo único de sensibilidade. Em maio deste ano, sob a regência do maestro Antônio Borges-Cunha, realizou seu concerto de estreia como solista da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro.

Em 28 de julho, às 20h30, no foyer nobre do mesmo teatro, Golbert apresenta seu novo recital com a “Sonata №2, Op. 35”, de Chopin, “Ondine”, de Maurice Ravel, e a “Sonata №8, Op. 84”, de S. Prokofiev. Chopin, Ravel e Prokofiev oferecem um percurso estimulante para a sua personalidade musical.

Na origem da vocação de pianista está uma intimidade construída em família. “Eu tive que me segurar para começar a estudar piano com oito anos, porque já queria fazer aula desde muito antes. Minha mãe temia que, se eu começasse a estudar muito cedo, pudesse perder o interesse. Minha avó tinha um piano em casa e tocava um pouco. Eu brincava muito nele. Também tenho uma tia que tocava clarinete e chegou a fazer faculdade de música. Todo esse lado da família é bastante musical. Eu cresci ouvindo música clássica com a minha avó e com a minha mãe. Fora o amor pela música, não havia uma tradição palpável da música como uma escolha profissional na minha família mais próxima”, afirma o pianista, que estudou inicialmente com a professora Elisa da Silva e Cunha.

Continua após a publicidade

O trabalho de Golbert pode ser conferido em seu primeiro DVD ou num canal no YouTube, com a gravação do recital de junho de 2016, quando executou peças de Shostakovich (Prelúdio e Fuga em Dó Maior, Op. 87 Nº 1), Schubert (Sonata em Si Bemol Maior, D960) e Schumann (Carnaval Op.9). Nascido em 1993, ele dividiu a paixão do piano com a dos livros, e talvez não seja o caso de falar da vitória de uma sobre a outra. “Na época do vestibular, cheguei a considerar cursar Letras, mas acabei optando pela Música. Foi só aí, quando eu tinha entre 15 e 16 anos, que defini meu caminho”.

Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ele cursou o mestrado em Piano Performance em Mannes College — The New School for Music, em Nova York, onde foi aluno de Arkady Aronov. Neste momento, prepara-se para iniciar, a partir de setembro, o doutorado em Piano Performance na Florida State University. “Eu tenho uma longa lista de pianistas favoritos que sempre me inspiram muito. Alguns deles são: Arthur Rubinstein, Krystian Zimerman, Mitsuko Uchida, Alfred Brendel, Vladimir Sofronitsky, Nelson Freire, Vladimir Horowitz, Martha Argerich, Claudio Arrau e Sviatoslav Richter. Eu devo todo o fascínio que tenho por esses músicos a meus professores (Elisa da Silva e Cunha, Ney Fialkow e Arkady Aronov), que, mais do que me ensinarem a tocar, me ensinaram a ouvir”, reconhece.

Em maio, como solista da Orquestra de Câmara TSP, desenvolveu um visível contraste: no bis, o segundo movimento da sonata 8 de Prokofiev se contrapôs à “alegria triunfante de Beethoven” (Concerto Nº2). No novo recital, há uma semelhante propensão aos contrastes, mas com outras cores estéticas e históricas. “A organização do programa une três diferentes mundos de compositores que eram pianistas. As três peças do recital exploram as possibilidades sonoras do piano, e o fazem através de estilos muito contrastantes”, diz o pianista gaúcho.

Continua após a publicidade

“Nos extremos do programa, duas obras grandes: a Sonata em Si Bemol Menor (1839), de Chopin, famosa pela Marcha Fúnebre, e a Sonata em Si Bemol Maior (1944), de Prokofiev, cuja temática é a Segunda Guerra Mundial. No centro, uma obra curta, mas não menos monumental — Ondine (1908), primeira peça da suíte Gaspard de la Nuit, de Ravel, é baseada em um poema de Aloysius Bertrand sobre uma ninfa das águas”, acrescenta Golbert. Gaspard de la Nuit, conjunto de poemas publicado postumamente em 1842, virou um clássico da poesia em prosa francesa, com admiradores da estatura de Baudelaire, Mallarmé e René Magritte. O pianista lembra: “Ravel definiu as peças de seu Gaspard como ‘poemas para piano’. Coincidentemente, o programa também acaba sendo uma viagem no tempo que inicia na Europa do Romantismo e termina em uma Rússia destruída”.

Recital de piano — André Golbert

Data: 28/07/2017

Continua após a publicidade

Local: Foyer Nobre do Theatro São Pedro

Horário: 20:30h

Programa:

F. Chopin — Sonata №2, Op. 35

I. Grave — Doppio movimento

Continua após a publicidade

II. Scherzo

III. Marche funèbre

IV. Presto

M. Ravel — Ondine

Continua após a publicidade

S. Prokofiev — Sonata №8, Op. 84

I. Andante dolce

II. Andante sognando

III. Vivace

Publicidade