Estreia série inspirada em casos reais da saúde pública
Por Helena Bagnoli
“A gente acha que tem que aprender tudo sobre as doenças, mas esquece de aprender um pouco mais sobre as pessoas”. A frase de Paulo, personagem de Caco Ciocler, resume a proposta do seriado Unidade Básica, que estreia neste domingo no canal Universal, na TV por assinatura.
Paulo é um médico experiente, que trabalha com medicina preventiva há muitos anos em uma Unidade Básica de Saúde na periferia de São Paulo. Sua rotina muda com a chegada de Laura (Ana Petta), médica recém-formada que pretende ter uma experiência na UBS antes de rumar para uma carreira que considera bem-sucedida, em consultórios e hospitais particulares.
Em meio a discussões sobre saúde pública no Brasil, a série tem foco na questão humana do diagnóstico e na relação entre médicos e pacientes. O Brasil é um dos poucos países, hoje, que ainda mantêm a saúde pública e gratuita para todos os cidadãos (outros casos parecidos acontecem em países mais ricos como Canadá, Suécia, Reino Unido e França).
Unidade Básica é a primeira série original de ficção do Universal no Brasil e foi inspirada em casos reais. Na fase de preparação, o elenco fez uma imersão em Unidades Básicas de Saúde da capital paulista.
Apesar de apostar em uma temática consagrada em seriados, o formato de Unidade Básica foge dos tradicionais House ou E.R., que enfatizam emergências e doenças raras, e tenta mostrar a rotina do serviço público de saúde. Há diagnósticos, mas eles não são a prioridade.
Bravo! conversou com a atriz e uma das criadoras do projeto, Anna Petta.
Como foi o processo de criação da Série Unidade Básica?
Juntos eu, a médica Helena Petta e o roteirista Newton Cannito iniciamos o processo. A partir da experiência da Helena como médica de uma Unidade Básica de Saúde, criamos os personagens principais e desenhamos uma idéia de arco da temporada. Depois realizamos uma vasta pesquisa em várias unidades básicas resgatando histórias e personagens.
O que ela tem de diferente em relação às séries médicas?
As séries médicas tradicionais, de maneira geral, se passam em grandes hospitais ou emergências, focando o diagnóstico de doenças raras e o uso de alta tecnologia. A nossa séria aborda um outro universo, o das Unidades Básicas de Saúde e privilegia uma abordagem focada nos indivíduos e suas histórias de vida.
Unidade Básica revela a essência da relação médico-paciente na saúde pública?
A série, através dos protagonistas Dr. Paulo e Dra. Laura, revela duas diferentes formas de relação médico-paciente. Enquanto Dra. Laura tem foco na busca de doenças e tenta se manter distante de seus pacientes, Dr. Paulo tem uma abordagem mais holística e se aproxima de seus pacientes em seus contextos de vida. Ambas as posturas estão presentes no Sistema Público de Saúde.
Vocês conseguiram identificar como funciona no Brasil a medicina de família?
A medicina de família e comunidade é uma especialidade médica, que atua na atenção primária e tem como um dos princípios a medicina centrada na pessoa. Ela teve uma grande expansão no Brasil a partir da década de 90 e através da estratégia de saúde da família. Hoje são milhares em todo país, liderando equipes de saúde e fazendo um trabalho que também visa a prevenção de doenças.
O que o personagem te trouxe de novo?
A Laura me trouxe o universo da medicina, seus limites e complexidades. É uma personagem que sofre um processo de transformação durante a temporada. Construir essa trajetória foi meu maior desafio como atriz. Aprendi muito durante as filmagens buscando compreender as motivações internas de cada etapa desse processo.
Unidade Básica, série em 8 episódios
Universal Channel, domingos, às 22h,
Produção: Gullane.