Francisco, el Hombre vai a Cuba
Assista com exclusividade ao clipe de “Primavera”, gravado durante turnê da banda em Cuba
Os 15 dias de turnê da Francisco, el Hombre em Cuba, em julho do ano passado, parecem ter sido divertidos. A julgar pelo clipe de “Primavera”, que a banda lança hoje, a salsa dos irmãos Piracés-Ugarte e companhia foram mais que bem recebidas na ilha de Fidel Castro.
O quinto clipe de SOLTASBRUXA, disco de estreia do grupo, lançado no ano passado, recebeu o olhar do diretor Rafael Câmara, do editor Matheus Rasera e do colorista e produtor Renan Lazari, que acompanharam os músicos pelas ruas de Matanzas, Santa Clara, Varadero e Havana. Em meio às andanças, os músicos convidavam os que ali passavam para dançar e gravar. Os personagens que arriscaram alguns passos vão desde bailarinas de dança contemporânea até punks locais.
A passagem da banda pela ilha também foi registrada no documentário #VaiPraCuba, igualmente dirigido por Câmara, com previsão de lançamento para o segundo semestre.
Assista ao clipe de “Primavera”, da Francisco, el Hombre, com exclusividade para a Bravo!:
Pedimos aos integrantes da banda que comentassem a turnê em Cuba, as impressões que tiveram do país e o processo da gravação do vídeo-clipe. Leia no depoimento da vocalista e percussionista Juliana Strassacapa e do baterista e vocalista Sebastián Piracés-Ugarte:
Quando se está pessoalmente envolvido com a contracultura e com o ‘questionar’ tudo o que está saindo muito repetidamente da boca das massas, artisticamente não há como ser diferente. A dicotomia que se alastrou pelas discussões políticas no ano passado no Brasil nos deixou intrigados para realmente ir e ver a Cuba que ninguém estava mostrando até então. Decidimos documentar nossa viagem pra essa ilha linda com ganas de trazer esse feedback para quebrar com o discurso de quem acha que dizer “Vai pra Cuba” é ofensivo. Tudo começou quando fomos convidados para tocar no festival América Por Su Música, em Havana, e, a partir daí, como sempre fazemos, aproveitamos a ida para rodar o máximo que pudemos.
Cuba é uma outra coisa. O nivelamento social, econômico e intelectual nos pareceu muito mais igualitário e elevado do que aquele que encontramos nos países que se orientam pelo capitalismo. Nos encantamos com a possibilidade de discutir o cenário político brasileiro atual tanto com uma historiadora quanto com um homem embriagado que passava em frente ao bar, ambos com a mesma competência e com o mesmo acesso à informação. Por onde passamos, não havia pobreza extrema, ninguém morava nas ruas nem passava fome e todos, de fato, tinham acesso à educação, sistema de saúde estatal, ou seja, oportunidades iguais.
Vimos os cubanos como executadores de sonhos. Se não havia ferramentas para desenvolver sua arte e seus projetos, eles transformavam o que houvesse nas mãos e davam seguimento a esses sonhos. Um artista ceramista de Matanzas transformou um antigo lixão em atelier e construiu os próprios fornos, assim como toda a infraestrutura do espaço. Os punks em Havana fazem seus próprios amplificadores e levam tudo com carrinhos de mão para onde for, com um sorrisão na cara. As manas do Danza Voluminosa [companhia de dança de Havana formada por bailarinas acima do peso] “sambam” na cara de quem as desmerece por romperem com padrões estéticos e etários do mundo da dança. As pessoas perseveram nos seus sonhos e se tornam exímios no que fazem.