Livro celebra 30 anos do Núcleo de Artes Cênicas do Sesi-SP
Escrito por Valmir Santos e com fotos de Bob Sousa, ‘Atos de Coexistência’ é uma imersão nas atividades do programa
Há três décadas introduzindo ao teatro pessoas de 8 a 90 anos de idade, o Núcleo de Artes Cênicas do Sesi de São Paulo celebra hoje (10) a sua história com o lançamento do livro Atos de Coexistência. Escrito pelo jornalista e crítico teatral Valmir Santos e com fotos de Bob Sousa, o registro é uma imersão nas atividades do programa. O evento, que acontece no Teatro do Sesi, conta com mesa de debate sobre a dimensão amadora do teatro e os presentes ganharão uma cópia do livro.
“O processo de pesquisa e criação lembra o de um livro-reportagem”, conta Valmir Santos. “Entre novembro de 2016 e março de 2017, eu e o fotógrafo Bob Sousa visitamos 11 das 21 unidades do Sesi que implantaram o programa — entre interior, litoral e Grande São Paulo”.
Neste período, ambos realizaram “dezenas de entrevistas com alunos de diferentes gerações (de crianças a idosos), com artistas-orientadores (de veteranos, com mais de duas décadas de atuação, a recém-ingressados) e com técnicos, além dos gestores que coordenam o NAC na sede”, segundo Valmir.
O jornalista diz que a escolha do título se deu pelo “caráter gregário” que ele e Bob presenciaram nas atividades do programa. “A palavra ato é familiar ao universo das artes cênicas; já coexistência traduz os princípios educacionais, artísticos, comunitários e afetivos desdobrados do convívio”, explica. “A perspectiva é humanista e a maneira como alunos, orientadores e técnicos acolhem suas diferenças é revolucionário nos tempos extremados de hoje”.
Histórico
O Núcleo de Artes Cênicas do Sesi surgiu de atividades artístico-pedagógicas encabeçadas pelo diretor e pensador do teatro Osmar Rodrigues Cruz e seu então assistente Francisco Medeiros, hoje diretor e professor de teatro. Valmir Santos conta que foi Rodrigues quem convenceu a entidade patronal “a criar o grupo Teatro Experimental do Sesi, em 1959, voltado aos amadores e espécie de laboratório para a fundação da companhia estável Teatro Popular do Sesi, três anos depois”. Em 1977, continua Valmir, “o trabalho de sua equipe foi coroado com a inauguração da sala de mesmo nome no prédio da Fiesp, na Avenida Paulista”.
Instituído em 1987, o NAC teve suas primeiras experiências em Osasco, Mauá, Santos, Santo André e Sorocaba, além da capital paulista. Hoje está presente em 21 unidades do Sesi no estado de São Paulo e, em 2016, atendeu 6.653 pessoas, segundo a entidade.
Os cursos de introdução ao teatro tem caráter pedagógico e cultural (não são profissionalizantes) e atendem pessoas de 8 a 90 anos de idade. Eles se subdividem entre o curso Múltiplas Linguagens (de longa duração, inclui pesquisa e criação de espetáculo adulto), cursos semestrais de 32 horas e oficinas temáticas de curta duração.
“É por meio do NAC que a expressiva maioria dos aprendizes entra em contato pela primeira vez com as artes cênicas”, diz Valmir Santos. “A tônica amadora reforça a transmissão de conhecimento, os fundamentos técnicos e éticos do ofício e, sobretudo, instaura a alteridade, a percepção do outro no trabalho coletivo e na lida com o entorno, a comunidade”, avalia.
Lançamento do livro Atos de Coexistência
Hoje (10), às 19h30. Haverá um debate entre Celso Curi, Maria Tendlau e Inês Vianna, com mediação de Miriam Rinaldi, sobre a dimensão amadora do teatro. O livro será distribuído gratuitamente.
Teatro do Sesi: Avenida Paulista, 1313 — Jardins — São Paulo.
Mais informações sobre o NAC podem ser encontradas no site do programa.