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Marcelo Cidade abre exposição “Nulo ou em Branco” na Galeria Vermelho

Por Bravo
Atualizado em 22 set 2022, 12h47 - Publicado em 27 set 2016, 08h02
NULO OU EM BRANCO: Marcelo Cidade utilizou as tradicionais cabines de votação brasileiras para elaborar a obra que dá título à exposição.

Abre nesta terça-feira, 27, na Galeria Vermelho, a exposição individual de Marcelo Cidade Nulo ou em Branco. Cidade mostra trabalhos que dão continuidade à sua pesquisa sobre a tensão entre o público e o privado — e a observação do comportamento humano dentro dessa bifurcação. Os trabalhos fazem uma reflexão sobre a situação política do Brasil e propõem intersecções espaciais e temporais que se relacionam com políticas sociais e com o lugar do corpo, sendo ativados pela presença ou ausência de pessoas em relação com as obras.

Além disso, o artista colombiano Iván Argote também apresenta seu novo filme, Fructose. Partindo da anedota da macieira que teria inspirado Newton e sua lei da gravidade universal, o filme realiza experimentos coreográficos e esculturais com imagens em velocidade reduzida, permitindo uma observação do efeito da gravidade sobre diferentes corpos.

Veja abaixo algumas das obras de Cidade em exposição:

Vende-se para levar

A parede principal da sala 1 da galeria é preenchida por uma grande imagem ampliada com técnicas de impressão para outdoor. A imagem apropriada da internet mostra uma obra de um viaduto abandonado no Maranhão em que aparecem características da arquitetura modernista. A falta de qualidade da imagem, ampliada com técnica de bitmap, evidencia o abandono da construção e dos ideais modernos do projeto. Por cima do grande painel, uma faixa em tecido anuncia: Vende-se para levar. Cidade transpõe dois elementos comuns à disseminação do comércio no espaço público ao interior — o outdoor e a faixa — para examinar o comércio da arte, além de elementos típicos da formação cultural brasileira.

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Confortável conformismo

Em Confortável Conformismo, Cidade trabalha com instruções que devem ser seguidas pelo organizador, pelo curador, pelo produtor, ou por qualquer outra pessoa relacionada à exposição da qual a obra fará parte. Em sete passos, o artista descreve como um colchão de molas deve se encontrado abandonado pelas ruas da cidade em que o trabalho será mostrado, para em seguida ser queimado e relocado ao espaço expositivo em um ângulo de 90 graus com a parede. A apresentação faz menção a obra Sem título (Double Amber Bed), de 1991, de Rachel Whiteread, em que a artista pretendia comentar a vida dos moradores de rua de Londres no inicio da década de 1990 trazendo para o interior da galeria um objeto de uso cotidiano das ruas. Ao se desvincular dos processos de produção da obra (para além da concepção), Cidade abre espaço para que o acaso prevaleça.

A_____________social

Na série A___________ social, de 2015, Marcelo Cidade apresenta imagens colecionadas a partir da internet em que figuram tentativas de invasão a domicílios. Nas imagens, salteadores inábeis aparecem presos em elementos arquitetônicos como janelas, chaminés e grades. Junto a cada imagem, reproduzida em serigrafia, Cidade acrescenta aforismos retirados do texto Arquitectura social, três olhares críticos, de Luís Santiago Baptista, Joaquim Moreno e Fredy Massad. Os autores articulam aspectos essenciais das relações e implicações da arquitetura social num mundo em crise e conflito. Cidade, finalmente, retira o termo “Arquitetura Social” de cada axioma, deixando em seu lugar uma linha, como que a ser preenchida pelo observador.

(un)monuments for V.Tatlin 14

Na série (un)monuments for V.Tatlin, Marcelo Cidade recria os Monumentos que Dan Flavin fez em homenagem a Vladimir Tatlin, utilizando estruturas de luminárias de sobreposição para lâmpadas fluorescentes. Enquanto Flavin utiliza as lâmpadas para falar da impermanência dos materiais e, assim, dos sistemas, Cidade trabalha em torno da ruína. Nas recriações de Marcelo Cidade, já não há mais espaço para a impermanência, há apenas o resíduo inútil de um plano utópico.

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EXPOSIÇÃO: Marcelo Cidade — Nulo ou em Branco (salas 1 e 2) e Iván Argote — Fructose (sala antonio)

PERÍODO: 27 de setembro a 05 de novembro 2016. Entrada gratuita.

LOCAL: Vermelho — Rua Minas Gerais, São Paulo, SP. Tel.: +55 11 3138 1520 www.galeriavermelho.com.br

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