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OLÁ,

Minha solução para o Brasil

Por Bravo
Atualizado em 22 set 2022, 12h24 - Publicado em 14 nov 2017, 14h27
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Depois de fechar oficialmente o país, eu faria um plebiscito para decidir que nova atividade gostaríamos de realizar em conjunto

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“Bazar eleitoral”, charge de Ângelo Agostini, publicada em “O Cabrião” (1867)

Por Carlos Castelo

Olhem o cidadão. O homem é mediano, pouco mais de um metro e setenta, não chega a ser gordo. Cabelos brancos, cortados curtos, meio em desalinho. Usa blue jeans, camiseta, botas de cano curto. Por causa dos óculos de aros grandes parece um estudioso, mas não é bem assim.

É um cidadão comum. Veio de uma família de nordestinos que fugiram da seca porque o comércio deles não andava bem. Alfabetizou-se em escola pública, na Lapa. Depois, com uma certa prosperidade da família, fez o ensino médio numa escola da elite e posteriormente faculdade de jornalismo.

Trabalhou quase dez anos na imprensa paulistana. Mas adaptou-se mesmo foi na Publicidade. Ganhou prêmios nacionais, internacionais, criou campanhas institucionais, sociais, de varejo. Ao mesmo tempo, quando o tempo permitiu, lançou alguns livros.

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O cidadão comum acima sou eu. E agora, lendo esta microbiografia de minha própria pessoa, me indago e pergunto a você, leitor: você não acha que eu deveria me candidatar a presidente da República?

O momento é crítico por nossas bandas. De um lado temos um temeroso candidato à esquerda (perdoem-me pelo trocadilho). Do outro, um indivíduo igualmente temível, só que vindo pelos flancos da pior das direitas.

Noto que duas características agradam mais os eleitores em 2017: candidatos publicitários e indivíduos que não lembram em nada políticos profissionais.

É o meu caso. Além do meu envolvimento com Propaganda, na única eleição em que participei como candidato — a de chefe de um grupo de escoteiros — fui vencido por uma bandeirante que substituía um dos lobinhos. E, quando fui reclamar a contagem dos votos, ainda fui surrado por ela.

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Daí para frente ensimesmei-me na condição de “copywriter”. Vou de casa para a agência, da agência para casa todo santo dia — incluindo aí feriados e fins de semana — há 30 anos.

Minha vida política só não é a continuação da privada, como alguém já disse, porque não tenho vida política.

Logo, tomando por base as peculiaridades exigidas pelos eleitores de hoje, sou o nome ideal para presidir o Brasil.

Bolei, dia desses, um programa básico para minha gestão. É bastante simples e direto:

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1. Pagamento de todas as dívidas internas e externas do país no dia seguinte à minha posse.

2. Quitação da totalidade de taxas e impostos relativos ao CNPJ da República Federativa do Brasil.

3. Entrega das referidas quitações à Junta Comercial.

4. Oficialização do pedido de fechamento do Brasil.

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Após todos os trâmites serem efetivados, ninguém teria mais responsabilidade sobre a nação. Mesmo assim, ainda daria tempo de executar a última ação do meu governo, a saber:

5. Plebiscito para revelar que nova atividade gostaríamos de realizar em conjunto.

Poderíamos ser muitas coisas, inclusive bem rentáveis: um resort, um fornecedor de água doce para o resto do planeta, o maior cassino do mundo, um estacionamento etc. Após a escolha da população pela nova natureza do aglomerado — e a partir do momento em que não fôssemos mais um Estado — eu abandonaria a política. Voltaria, já no dia seguinte, à atividade que mais gosto de realizar: escrever crônicas como esta.

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