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Multidimensões

Por Bravo
Atualizado em 21 set 2022, 22h18 - Publicado em 26 nov 2019, 07h51

Conhecido pelas bandas Beach Combers e Comandante 22, Bernar Gomma prepara exposição sobre a série de desenhos “Geométrico Dimensional”

Por Lígia Krás

Ex-jornalista, produtor, músico, Bernar Gomma integra os grupos Beach Combers e Comandante 22. Sobre o primeiro, é provável que, caso você more ou passeie pelo Rio de Janeiro, já tenha visto a banda tocando pelas praias, com visual anos 60, e som instrumental que transita entre o garage rock e o surf music — vale destacar que, entre as lembranças inesquecíveis deles, está uma palhinha especial de Zak Starkey, baterista do The Who, na Praia do Arpoador, durante o Rock in Rio. Com o segundo… bom, a melhor definição vem dos próprios membros: “power duo neo blues psicodélico carioca”.

Em meio a tantos adjetivos, Bernar se divide atualmente entre uma efervescência criativa e o ritmo de festa: em dezembro, o Beach Combers realiza shows comemorativos pelos dez anos de jornada, e o Comandante 22 lança o disco Transe.

Já a tal efervescência criativa citada se concretiza por meio de uma outra veia também latente, que completa sua imersão artística: a série de desenhos Geométrico Dimensional, publicada no perfil do Instagram @guitarramarolada, com padrões variados que criam uma espécie de liberdade interpretativa e sensitiva ao público. Sombra e luz, preto e branco, profundidade e multidimensionalidade. Repletas de dualidade, as linhas e formas criadas por Bernar dão a impressão de que estão vibrando, tremendo, pulsando em seu próprio ritmo, como se o observador entrasse num verdadeiro caleidoscópio.

“Desde 2018 que estou envolvido no mercado artístico. Fui levado pelo Eduardo Masini a frequentar exposições, e comecei a me interessar cada vez mais pelo concretismo. Então, desde agosto passado que estou criando esses desenhos, que vão formar minha primeira exposição em breve”, conta o carioca em conversa com a Bravo!. “E de alguma forma essas artes estão interligadas com meu trabalho musical”.

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Ele afirma ainda que os desenhos foram uma forma de redescoberta pessoal e artística. “Foi um modo de transcender o que eu já fazia como músico, de me descobrir, e ao mesmo tempo me questionar: ‘como se descobrir, se estamos mudando o tempo todo? E transcender em relação a quê? Ao que éramos ontem?’. Foi coisa de momento mesmo. Totalmente introspectivo, de questionamentos profissionais e inspiracionais. De isolamento social, necessário para essa transcendência artística presente nos desenhos”.

Sem pretensão alguma (mas, ao mesmo tempo, planejando painéis maiores e mais impactantes para projetos futuros), o artista está sempre criando, num ritmo natural. “Como diria Júpiter Maçã, foi a maneira que a composição se apresentou para mim, apenas interpretei e reproduzi — meio cósmico isso, mas real. Não rola essa coisa de sentar e falar ‘agora vou compor uma obra’. É um processo totalmente despretensioso e orgânico. Quando você vê, já foi e está fazendo outra”, completa.

De fato, ao conhecer de maneira aprofundada o perfil do artista, que tem como referências o meio pop dos anos 60 e 70, e entre os ídolos artsy nomes do neoconcretismo como Hélio Oiticica, Willys de Castro e Lygia Pape, não restam dúvidas: o tal caleidoscópio multidimensional geométrico (com todos os superlativos que se encaixam com maestria) só podia, mesmo, se tratar da mente fértil de Bernar Gomma.

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