Passo Torto faz show com Ná Ozzetti na Casa de Francisca nesta quarta
Inspirados pela brincadeira com o saxofonista Thiago França, que sempre era mencionado como membro do quarteto Passo Torto — que é Kiko Dinucci, Marcelo Cabral, Rodrigo Campos e Romulo Fróes — , o terceiro disco do grupo foi batizado com seu nome. No entanto, participação mesmo no álbum é a de Ná Ozzetti, “sempre um passo torto na música brasileira”, que virou quase uma mãe e fez os quatro se sentirem “amados, nós, feios e sujos”, como escreve Kiko Dinucci.
Passo Torto e Ná Ozzetti fazem show nesta quarta-feira, 22, na nova Casa de Francisca, no centro. Os artistas cederam, com exclusividade para a Bravo!, dois textos em que falam sobre a parceria.
Ná Ozzetti por Kiko Dinucci (Passo Torto)
Ná Ozzetti sempre foi um passo torto na música brasileira. O torto, no caso, não está relacionado ao defeituoso, mas, sim, ao original.
Além de toda vivência ligada à investigação do cancioneiro brasileiro desde os tempos de grupo Rumo, que intensificava a experiência da canção aplicada à fala, Ná desenvolveu a sua própria maneira de cantar. Sua originalidade é antes de tudo espontânea, qual um espirro ou uma lágrima. A arte da Ná chega sorrindo, simples, muito parecida com sua vida no sítio, rodeada de árvores, plantas, frutas e cachorros.
No Passo Torto, Ná chegou e cantou como se as canções já fossem dela há muito tempo. Nos pareceu também totalmente familiarizada ao estranho mundo do grupo, foi nossa cúmplice. Nos sentimos amados, nós, feios e sujos. Parecia até que a Ná tinha adotado quatro demônios para viver em seu sítio junto aos seus cães. Ao invés de repreender os gestos grotescos e bárbaros dos tais diabos, voou com eles de mãos dadas, percorrendo os tortos caminhos da liberdade.
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Passo Torto por Ná Ozzetti
A primeira vez que vi uma apresentação do Passo Torto tive a clara impressão de presenciar um acontecimento. Me lembrei dos Beatles, não pela estética, mas pelo encontro de quatro expoentes, artistas extraordinários, singulares e geniais, reunidos e se complementando em mais que perfeita harmonia torta.
Já vinha acompanhando, com total admiração e gosto, a produção de cada um dos integrantes em seus trabalhos solo e projetos paralelos. Trabalhos estes que são verdadeiras obras-primas.
O surgimento de Kiko Dinucci, Marcelo Cabral, Rodrigo Campos e Romulo Fróes, entre outros que têm atuado junto, foi infinitamente festejado aqui no meu coração de artista. Identifiquei-me de imediato. Senti-me em casa, como numa casa que sempre tivesse sido minha, embora eu só a conhecesse agora.
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A possibilidade de fazermos este disco juntos foi um dos maiores e desejados presentes que recebi na vida.
Estou em casa, sou passista, adoro este som que fizemos juntos, e acima de tudo, a parte torta da história.
Serviço
Passo Torto e Ná Ozzetti — Casa de Francisca, quarta-feira, 22 de março.
21h30. Ingressos: R$ 44. Reserve.