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Roberto Schwarz teme a volta de um Brasil obscurantista

Por Bravo
Atualizado em 21 set 2022, 22h26 - Publicado em 17 out 2018, 06h41

“Neutralidade entre Haddad e Bolsonaro é um erro histórico de grandes proporções”, afirma à Bravo o intelectual

Por Claudio Leal

O crítico literário Roberto Schwarz, 80, declara à Bravo! que, na hipótese de eleição do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL), “virão medidas econômico-sociais antipopulares (quer dizer, mais antipopulares ainda), acompanhadas de perseguição a esquerdistas e democratas”.

Um dos mais importantes intelectuais brasileiros, autor dos clássicos Ao vencedor as batatas (1977) e Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis (1990), Schwarz anunciou seu voto em Fernando Haddad (PT) e, nesta breve entrevista, critica a postura de neutralidade na campanha eleitoral: “Eu diria que neste momento a neutralidade entre Haddad e Bolsonaro é um erro histórico de grandes proporções”.

Como você avalia a onda de violência e o sentimento crescente de medo político na sociedade brasileira, num momento em que candidatos com propostas autoritárias recebem grandes votações? O que você diria a quem acredita em saídas autoritárias para o Brasil?

Se o Bolsonaro vencer, teremos um macarthismo. Virão medidas econômico-sociais antipopulares (quer dizer, mais antipopulares ainda), acompanhadas de perseguição a esquerdistas e democratas. Os lados melhores da civilização brasileira, ligados à luta contra a desigualdade, a opressão e os preconceitos de toda ordem, serão atacados. Assistiremos à volta do que o Brasil tem de obscurantista, para dar cobertura à liberdade completa do capital. Um esquema à la Pinochet, só que democraticamente eleito. A exasperação causada pela crise econômica e pela frustração das promessas petistas liberou uma belicosidade retrógrada, contrária ao uso da razão e desejosa de descontar a sua raiva no lombo dos que procuram ver claro. Se depender da direita, teremos uma sociedade em que os trabalhadores trabalham mas não têm representação política, enquanto os intelectuais fecham o bico e os artistas exaltam a pátria. Para concluir, pensando em amigos da vida inteira, eu diria que neste momento a neutralidade entre Haddad e Bolsonaro é um erro histórico de grandes proporções.

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