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Seis performances para chocar

Por Bravo
Atualizado em 22 set 2022, 12h25 - Publicado em 3 out 2017, 08h48

Na esteira das recentes polêmicas sobre nudez e arte contemporânea, apresento algumas sugestões para estressar conservadores

“Menina com um gato” (1910), de Ernst Ludwig Kirchner, um dos artistas considerados “degenerados” pelo nazismo

Por Carlos Castelo

BETO CARRERO WORLD OF NUDISM — Durante um sábado, todos os funcionários do Beto Carrero World — de bilheteiros a operadores de brinquedos — trabalhariam sem roupa. Os clientes poderiam tocá-los durante a visita para ver se era tudo verdade ou apenas mais uma brincadeira sem graça do parque. Com isso, procuraria-se gerar um grande debate sobre sexualidade durante os momentos de lazer da população. A renda do evento seria destinada à reeducação social de integrantes do MBL.

TALK NUDE SHOW — Um apresentador e uma apresentadora entrevistariam populares na avenida Paulista num domingo. Os dois nus. Todos os técnicos da performance também ficariam sem nada durante a captação. Atores, atrizes, pets, aves e produtos comestíveis nos comerciais dos patrocinadores do Talk Nude Show também deveriam aparecer completamente despidos. O programa-performance seria exibido em redes religiosas de TV aberta, e por assinatura, com o objetivo de provocar uma poderosa discussão sobre sexualidade nas crenças de matriz ocidental.

SOU CAIPIRA, PIRAPORA, NOSSA NUDEZ APARECIDA — A tradicional romaria hípica para a cidade de Pirapora com um detalhe: a mesma presença dos milhares de cavaleiros e cavaleiras, só que nus. A ideia central seria estressar o conceito de materialidade corpórea em contraposição à espiritualidade de natureza popular. Além de provocar uma alentada conversa sobre sexualidade no interior do estado de São Paulo. Na esperada chegada à igreja matriz de Pirapora, em vez de uma missa campal e música sertaneja, os romeiros desnudos encontrariam uma rave eletrônica regada a vodca, energéticos e garçons e garçonetes celebrando a chegada igualmente sem seus trajes.

BARED FRIDAY — O happening artístico simularia, de modo realista, o momento em que uma grande rede varejista abrisse as portas de sua maior loja para milhares de clientes pelados fazerem compras na Black Friday. No interior do estabelecimento, os fregueses seriam recebidos por vendedores especializados e sem roupa. O evento seria transmitido, ao vivo, para programas de vendas pela TV e para os principais museus de arte contemporânea do país, com o objetivo de provocar um importante fórum sobre sexualidade no setor de marketing e vendas. Os compradores que guardassem seus cartões de crédito de modo mais inusual, já que ninguém teria bolsos, ganhariam uma bolsa de estudos para estudar Estética e Semiótica do Corpo na Sorbonne.

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ARMYMUSEUM — Um megadesfile, contemporâneo e libertário, em que um batalhão de fuzileiros navais marcharia sem as fardas na Esplanada dos Ministérios. O final apoteótico aconteceria quando aviões Hércules despejassem no gramado do Palácio do Planalto paraquedistas trajando parangolés e trajes futuristas de Lygia Clark com inscrições em apoio ao MAM. A intenção seria a de criar um instigante painel sobre sexualidade no meio militar do país.

FLIP — FEIRA LITERÁRIA INTEIRAMENTE PELADA — Versão alternativa e performática do famoso evento cultural de Paraty em que os autores discorreriam sobre suas obras e temáticas sem nada por cima. O escritor homenageado do ano também apareceria em pelo nos cartazes gigantescos que estariam dispostos no local das palestras e por toda a cidade. O efeito de ver artistas da palavra como Jonathan Franzen, Michel Houellebecq e J.K. Rowling como Adão e Eva promoveria um notável diálogo sobre sexualidade nos meios intelectuais, editoriais e acadêmicos.

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