Um enigma chamado viral
Algumas sugestões para bombar na rede com essa coisa que todo mundo entende, mas ninguém compreende
Por Carlos Castelo
Se tem uma coisa que todo mundo entende mas ninguém compreende é o viral. Ele é, de longe, a peça-chave de todo um novo modo de fazer comunicação. E, por incrível que pareça, ninguém possui a fórmula secreta de como criar um que bombe.
O que nos leva a concluir que o viral é uma espécie de esfinge: “decifra-me ou devoro-te”. Ou um Santo Graal do século 21. Montes de templários do marketing se matam para encontrá-lo e tirar lucros dele. Só que, quando isso acontece, aquele viral não era o Santo, muito menos o Graal.
Teóricos do mundo digital todo dia cospem formulações para quem quer fazer virais 100% garantidos. Alguns chegam a deitar regras didáticas. Uma das mais conhecidas é a de que o bom viral é aquele que pode ser facilmente parodiado e, consequentemente, replicável pela Grande Rede em milhares de variações sobre o mesmo tema.
Contudo, nem mesmo essa cláusula pode ser considerada pétrea num universo randômico como o dos virais. Afinal, se fazer paródia fosse sinal de sucesso, o Zé Ramalho seria o Bob Dylan e não o inverso.
Na tentativa de achar um denominador comum e colaborar para achar uma saída a tão intricado tema, agrupei virais bem sucedidos numa lista abaixo. Escolha o seu favorito e, como é tão comum na internet brasileira, “kibe” a ideia sem nenhum problema de consciência. Internet, por aqui, é o símile do país: uma terra de ninguém.
- Anões. O lançamento de trampolins, canhões ou números de trapézio com prejudicados verticais costuma trazer um ótimo retorno. E impactante e o custo do cachê do modelo é baixo.
- Juntar um acidente grave com humor. Por exemplo, um avião caindo, matando todos os passageiros, mas a queda em si trazer algum elemento hilário.
- Animais diversos fazendo papel de humanos. Ou vice-versa, o que é mais fácil de produzir e o resultado tem mais verossimilhança.
- Dublar cenas de filmes clássicos trocando as falas originais por palavras de baixíssimo calão.
- Legendar videoclipes de popstars com letreiros ofensivos e cheios de palavrões.
- Bonequinhos Lego simulando sexo “hardcore” em cenário doméstico.
- Qualquer viral que traga tags com as palavras: pedofilia, coroinha, papa Francisco, corrupção e calças semibaggy.
- Videoclipes trash com cantores de bolero, Dispacito ou, em casos extremos, rebolation.
- Bebês. Falando muito e ininterruptamente em uma língua própria, cantando ou interpretando músicas estúpidas de adultos.
- Um boneco tosco do presidente da república dançando de um jeito mecânico e cantando alguma canção infame.
- Gatos ficando de pé.
- Gatos se deitando.
- Gatos deitados tentando ficar de pé.
- Gafes de programas de gastronomia.
E, se nada disso funcionar, há uma saída desesperada para um viral bombar: usar um gago.