Atriz criada por IA provoca polêmica em Hollywood
A iniciativa é da atriz holandesa Eline Van Der Velden, que lançou recentemente o estúdio Xicoia, voltado a gerenciar “atores digitais”
Desde a greve dos roteiristas nos Estados Unidos, que reuniu grandes nomes de Hollywood, uma das pautas centrais foi a necessidade de proteger os artistas diante das transformações provocadas pela inteligência artificial. Dois anos depois, um dos receios da categoria começa a se concretizar: a criação de uma atriz por IA.
A iniciativa é da atriz holandesa Eline Van Der Velden, CEO da produtora Particle6, que lançou recentemente o estúdio Xicoia, voltado a gerenciar “atores digitais” em filmes, campanhas publicitárias, jogos e outras produções. O primeiro talento criado pelo estúdio é a atriz Tilly Norwood, apresentada ao público durante a conferência do Festival de Cinema de Zurique, no fim de setembro.
A recepção entre os artistas, no entanto, foi negativa. Muitos manifestaram preocupação e repúdio à ideia de uma intérprete digital, vendo-a como uma possível ameaça à atuação humana. Em resposta, Van Der Velden defendeu Tilly como uma criação artística, e não um substituto de atores reais.
“Para aqueles que expressaram indignação com a criação do meu personagem de IA, Tilly Norwood, ela não é um substituto de um ser humano, mas uma obra criativa — uma peça de arte. Como muitas formas de arte antes dela, ela provoca conversas, e isso por si só já demonstra o poder da criatividade”, disse Eline em postagem no Instagram oficial de Tilly Norwood.
A atriz holandesa acrescentou: “Vejo a IA não como um substituto para as pessoas, mas como uma nova ferramenta, um novo pincel. Assim como animação, marionetes ou CGI abriram novas possibilidades sem diminuir a atuação ao vivo, a IA oferece outro modo de imaginar e construir histórias. Eu mesma sou atriz, e nada — certamente nenhum personagem de IA — pode tirar o ofício ou a alegria da performance humana. Criar Tilly tem sido, para mim, um ato de imaginação e habilidade artística, não muito diferente de desenhar um personagem, escrever um papel ou moldar uma performance.”
Van Der Velden defende a criação de um novo gênero para abrigar obras e avatares produzidos com inteligência artificial. Ao mesmo tempo que oferece a Tilly uma história e personalidade próprias, de forma que possa até mesmo interagir e contracenar com artistas humanos.
No entanto, ao falar sobre o futuro da ferramenta, Eline demonstrou que sua defesa do futuro indústria do entretenimento reforça o temor dos artistas: “Acreditamos que a próxima geração de ícones culturais será sintética — estrelas que nunca se cansam, nunca envelhecem e podem interagir com os fãs. Mas, assim como nas melhores empresas de entretenimento, a chave não está na tecnologia — está na narrativa e nas pessoas por trás dessas histórias.” A atriz pretende criar mais 40 personalidades e gerenciar suas imagens. Uma tecnologia desenvolvida pela empresa, chamada DeepFame, funcionará como uma plataforma que poderá ser licenciada para terceiros, permitindo que outras empresas ou criadores criem, gerenciem e utilizem seus próprios personagens digitais de IA em diferentes projetos.
Em resposta, o SAG-AFTRA (Screen Actors Guild – American Federation of Television and Radio Artists), o sindicato dos profissionais de atuação nos Estados Unidos, sustentou que não se trata de uma atriz e, sim, uma personagem, que não causa interesse no público. “Ela não tem experiências de vida para se basear, nem emoções e, pelo que vimos, o público não se interessa em assistir a conteúdos gerados por computador que estejam desvinculados da experiência humana.”
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