Avatar do usuário logado
OLÁ,

Awdah Hathleen, ativista de “No Other Land”, é morto por colono israelense

A notícia foi divulgada pelo jornalista israelense Yuval Abraham, um dos diretores do filme

Por Redação Bravo!
Atualizado em 29 jul 2025, 14h03 - Publicado em 29 jul 2025, 13h52
oscar-no-other-land-gaza
Basel Adra e Awdah Hathleen (Basel Adra/X/reprodução)
Continua após publicidade

O ativista palestino Awdah Hathleen, conhecido por sua participação no documentário No Other Land — vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2025 —, foi assassinado nesta segunda-feira (28). A notícia foi divulgada pelo jornalista israelense Yuval Abraham, um dos diretores do filme, ao lado de Basel Adra, Hamdan Ballal e Rachel Szor. Segundo Abraham, Hathleen foi morto a tiros por um colono israelense — termo usado para designar cidadãos de Israel que vivem em assentamentos construídos em territórios palestinos ocupados.

Abraham publicou em seu perfil na rede X um vídeo que mostra o colono armado atirando contra palestinos; Awdah Hathleen teria sido uma das vítimas. Além de ativista, ele era professor de inglês e escritor, e deixa esposa e três filhos.

Nas redes sociais, o diretor palestino Basel Adra lamentou a morte do colega e amigo: “Meu querido amigo Awdah foi assassinado nesta noite. Ele estava em frente ao centro comunitário de sua vila quando um colono disparou uma bala que atravessou seu peito e tirou sua vida. É assim que Israel nos apaga — uma vida de cada vez.”

No Other Land é resultado da colaboração entre cineastas palestinos e israelenses. Filmado entre 2019 e 2023, o documentário acompanha a destruição da comunidade de Masafer Yatta, na Cisjordânia ocupada, após o governo de Israel declarar a região como zona militar de treinamento.

A narrativa é conduzida a partir do olhar de Basel Adra, que cresceu em Masafer Yatta, e de sua parceria com Yuval Abraham, revelando os despejos forçados, as demolições de casas, as incursões militares e a resistência dos moradores. O filme também reflete sobre a desigualdade entre os próprios diretores: enquanto Adra enfrenta a violência do cotidiano, Abraham vive com os privilégios de quem está do lado opressor.

Continua após a publicidade

A participação de Awdah Hathleen foi essencial para que o filme ganhasse uma dimensão ainda mais próxima da realidade palestina. Ele captou imagens em primeira mão das invasões e demolições em sua comunidade, atuando como elo entre as equipes palestina e israelense.

Não foi o primeiro episódio de violência envolvendo os realizadores do filme. Logo após a vitória no Oscar, o co-diretor Hamdan Ballal foi agredido e sequestrado por soldados israelenses. Ele passou uma noite em uma prisão militar, onde foi espancado. Segundo testemunhas, Ballal havia sido cercado por cerca de 15 colonos armados em Susya, na região de Masafer Yatta, antes de ser levado pelo exército.

“Hamdan foi algemado e vendado a noite toda em uma base do Exército, enquanto dois soldados o espancavam no chão”, relatou a advogada Leah Tsemel após visitá-lo. Em fevereiro, o diretor Basel Adra também havia sido agredido por colonos.

Continua após a publicidade

A morte de Awdah Hathleen ocorre em um momento de escalada da violência nos territórios palestinos. Segundo dados atualizados até 24 de julho de 2025, mais de 61.800 pessoas já foram mortas na guerra em Gaza, de acordo com informações do Ministério da Saúde de Gaza e fontes oficiais israelenses.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade