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Canal Brasil estreia série inédita sobre Milton Nascimento

Divididia em quatro episódios, "Milton Nascimento – Intimidade e Poesia" acompanha a última turnê de Bituca pelos EUA

Por Redação Bravo!
Atualizado em 11 mar 2025, 15h14 - Publicado em 27 fev 2025, 10h00
milton-nascimento-cantor-mpb-clube-da-esquina-sivuca-serie-curta-canal-grammy
 (Canal Brasil/divulgação)
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Em 2022, Milton Nascimento se despediu dos palcos, deixando uma legião de fãs emocionada. No entanto, os registros dessa despedida continuam rendendo novas histórias. Uma delas é a série Milton Nascimento – Intimidade e Poesia, dirigida por Cleisson Vidal e Leonardo Carvalhosa, que estreia no dia 27 no Canal Brasil.

Ao longo de quatro episódios, a produção apresenta os bastidores da turnê de despedida nos Estados Unidos, revisita momentos marcantes da carreira do cantor e traz suas reflexões sobre temas como solidão, amor e espiritualidade. O projeto se estrutura em três eixos principais: o processo criativo de Milton, fortemente influenciado pela natureza; sua vivência em turnê, alternando entre o palco e momentos de introspecção; e entrevistas que resgatam sua trajetória e legado.

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(Canal Brasil/divulgação)

A série também traz Milton falando sobre o processo criativo por trás de algumas de suas canções mais emblemáticas, como Cais, Novena e São Vicente. A reapresentação acontece no dia 4 de março, data em que o cantor será homenageado pela Portela no desfile Cantar Será Buscar o Caminho que Vai Dar No Sol – Uma Homenagem a Milton Nascimento, no Rio de Janeiro. Será a primeira vez que a escola dedica um desfile a uma personalidade em vida. Antes, Milton já foi celebrado em enredos da Unidos de Cabuçu (1989) e da Mangueira (2004).

Além da série, o cantor será protagonista de Milton Bituca Nascimento, documentário dirigido por Flávia Moraes, com estreia prevista para 20 de março de 2025. O filme, gravado ao longo de dois anos, acompanhou os shows da última turnê do artista e traz depoimentos de músicos nacionais e internacionais sobre sua influência na música global. A produção também destaca a relação afetuosa entre Milton e seu público. “Tivemos longas conversas, fiz pedidos difíceis, e Milton sempre esteve presente, generoso. Nunca tentou controlar o retrato que fazíamos dele, nunca pediu para cortar ou mudar nada. Me senti livre, respeitada. E isso, claro, só aumentou minha responsabilidade”, comentou a diretora em nota.

Bravo! conversou brevemente com o diretor Cleisson Vidal. Confira abaixo:

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Como foi o processo de filmagens durante a turnê nos Estados Unidos? Houve desafios específicos para capturar a essência de Milton Nascimento tanto no palco quanto nos momentos mais íntimos?

Esse projeto foi movido a desafios e vontades, pois soubemos da turnê um pouco antes do início e logo procuramos a produção do Milton. No entanto, havia uma questão fundamental: só o Milton poderia dar a palavra final para a gravação e o lugar marcado para isso foi em Nova Iorque, a primeira cidade da turnê. Assim, fomos para os EUA sem a certeza de que iríamos poder realizar o documentário. E, para alívio, ele aceitou a proposta.

A equipe era duas pessoas, Leonardo Carvalhosa e eu, uma câmera 5D e um microfone. Criamos um conceito na forma de filmar e definimos muito bem o papel de cada, já que tudo mais seria surpresa. Então, o processo foi calcado na simplicidade e muita atenção ao nosso entorno, para criar um material que resultasse em uma poética e uma singularidade, que em resumo é a forma de se relacionar com os outros através da câmera. E essa simplicidade exige depuração, escolha e tomada de decisão. E em um roadmovie, tomadas de decisão são parte do cotidiano desse tipo de filme.
Então, o primeiro grande desafio foi o aceite na turnê pelo Milton e sua equipe. Mas era realmente uma equipe maravilhosa, que logo entendeu o projeto e aos poucos nos integramos ao grupo e fomos ganhando liberdade de filmagem.

E assim foi forjando uma relação de confiança. E para isso, é preciso ter paciência, compreender a sua posição e transmitir seus objetivos. Então é sempre um processo de construção conjunta, de entendimento entre as partes, porque uma detém o poder da câmera, do registro, e a outra tem o poder de aceitar ou não aquela nova presença.

Mas o Milton já é uma pessoa vivida, laureado por onde passa. E ele logo percebeu que não estávamos ali para puramente tietá-lo, ou apenas seguir o artista e sua gig com uma câmera, mas sim conhecer aquele homem que apresenta sua sensibilidade ao mundo na forma de música. E assim, fomos incorporando reflexões, conversas e também os tempos vazios, os momentos de reclusão por lugares distintos, que é a própria dimensão humana. Nem tudo é festa, nem sempre tem companhia, tem palavra, tem ação. É a vida. Ao fim, a intimidade do filme é isso: o pensamento do Milton, sua forma de estar, olhar e se relacionar com o mundo.

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Milton Nascimento é uma figura essencial na música brasileira e segue inspirando diferentes gerações. Na visão de vocês, qual é o papel e a relevância dele no cenário atual da música e da cultura brasileira?

A relevância é inspiração. Grandes pessoas inspiram com grandes valores. A música do Milton transmite o bem, ela educa. O Lincoln Cheib, baterista do Milton, fala isso: é uma música que faz você ser melhor. Já imaginou uma escola que em todas as manhãs tocasse nos corredores Clube da Esquina nº2? É uma música sem idade, sem tempo, sem língua, que toca a todos. Está no registro do sublime. É uma música de cura sem qualquer proselitismo. E o próprio Milton transmite isso na sua pessoa, na sua capacidade de ver o melhor que cada pessoa tem. Por isso, merece deferência, justamente porque não pede deferência. Ele é gente, gente, gente; e merece cada homenagem e reconhecimento por sua obra e ação.

A série explora não apenas a carreira de Milton Nascimento, mas também sua intimidade, seus valores e momentos de solitude. Como foi o processo de ganhar a confiança do artista para registrar essas camadas mais pessoais da sua trajetória?

Acredito que paciência, observar o entorno, evitar ansiedade e demonstrar segurança sobre o que você está fazendo, porque realizar um documentário é um trabalho sério, que possui muitas responsabilidades, que obriga formação técnica, intelectual e muita humildade, pois estamos sempre transitando em espaços com dinâmicas distintas. Então, a confiança vem não é na hora da festa, mas justamente nos momentos que nada acontece, que é o cotidiano, e você está ali, filmando sem arroubo, sem incomodar. Saber sair quando precisa, saber entrar e pedir para gravar. Os modos de estar é parte do caminho para realizar um documentário. E aos poucos propusemos conversas sobre sua história de vida, reflexões sobre a humanidade, criação de arte e valores.

A trilha sonora de Milton sempre esteve profundamente conectada às suas vivências e ao cenário ao seu redor. Como vocês escolheram as músicas que aparecem na série, e de que forma elas ajudam a contar essa história?

As escolhas musicais foram todas construídas na montagem. Mas a base era as músicas da turnê. Daí, a vivência, a tal da experiência profissional, nos ensina muita coisa. E uma delas foi filmar um roadmovie já pensando na montagem. E já sabíamos quem ia montar o filme, mesmo sem ela saber. E convidamos a Lea van Steen para montar, porque sua sensibilidade, conhecimento artístico e musical iria expandir o conceito inicialmente pensado.

Então, ao retornarmos, analisamos todo material captado. Mostramos uma prévia ao Milton e mais adiante, realizamos uma filmagem em Minas, para integrar os elementos naturais a ele, que é por onde o filme começa, integrando imagens da natureza a vocalizes do Milton, em uma poética de simbiose homem e ambiente, pois o Milton tem na essência criativa de sua música sentindo uma relação de homem-natureza em unidade. Ele se entende assim e traduz isso pela sua música.

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Saiba quando assistir a Milton Nascimento – Intimidade e Poesia

27 e 28/02 (quinta e sexta) – 21h
02/03 (domingo) – 10h30
04/03 (terça) – 19h30 (no dia do desfile da Portela)
05/03 (quarta) – 16h (dia do anúncio da escola campeã do Rio de Janeiro)
08/03 (sábado) – 14h

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