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OLÁ,

Discutir cota de tela é forma de competir de igual para igual com Hollywood

Valorizar produções brasileiras é caminho fundamental para fortalecer nossa identidade e garantir um mercado audiovisual representativo e plural

Por Emiliano Zapata
5 Maio 2025, 09h00
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 (Flora Negri/divulgação)
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As atualizações das regras da Cota de Tela pela Ancine para 2025 reacende um debate crucial sobre a preservação e promoção da cultura nacional. Essa política pública, que obriga os cinemas a exibirem um percentual mínimo de filmes brasileiros, vai além de uma simples imposição regulatória: trata-se de um investimento na nossa identidade cultural.

Em um mercado dominado por grandes produções estrangeiras, a Cota de Tela é um mecanismo que garante espaço para o cinema nacional competir em pé de igualdade. Ao reservar uma fatia das salas de exibição para filmes brasileiros, essa política incentiva a produção audiovisual, fomenta empregos e dá visibilidade às narrativas locais que muitas vezes são abafadas por blockbusters internacionais.

Além disso, a Cota de Tela é um instrumento de democratização cultural. Ela permite que o público tenha acesso a histórias que dialogam diretamente com a realidade do país, reforçando valores, memórias e perspectivas próprias da nossa sociedade. Não se trata apenas de entretenimento, mas de promover o reconhecimento de quem somos enquanto nação.

Paralelamente, o Ministério da Cultura (MinC) trabalha para lançar, ainda em 2025, uma plataforma de streaming pública e gratuita, ampliando o acesso ao cinema nacional e contribuindo para a formação de público. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), e contará com obras do acervo da Cinemateca Brasileira, Funarte, Iphan e produções contemporâneas selecionadas por edital. Vale lembrar que a Spcine já tem o Spcine Play, serviço de streaming gratuito muito parecido com os que o MinC quer criar.

Outra frente importante é a regulamentação das plataformas de vídeo sob demanda (VOD), que deve avançar neste ano. Durante a última Mostra de Cinema de Tiradentes, evento que reúne profissionais do setor para debater o audiovisual brasileiro, a secretária nacional do audiovisual, Joelma Gonzaga, destacou a urgência de estabelecer normas para garantir um percentual mínimo de conteúdo nacional nos catálogos de serviços como Netflix, Amazon Prime Video e Max.

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A regulamentação também busca assegurar a distribuição justa dos ganhos econômicos entre produtoras e plataformas, além de definir regras para tributação e visibilidade do conteúdo local.

Em um mundo onde o conteúdo digital assume papel central na cultura e na economia, proteger e valorizar as produções brasileiras é um caminho fundamental para fortalecer nossa identidade e garantir que as futuras gerações tenham acesso a um audiovisual representativo e plural.

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(Flora Negri/divulgação)
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O Brasil tem talento, história e criatividade de sobra. Agora, precisa também das condições adequadas para que sua cinematografia continue a prosperar. Portanto, defender e aprimorar essa política é essencial para fortalecer o cinema nacional e garantir que a cultura brasileira continue a brilhar nas telas. Afinal, nossos filmes são mais do que histórias: são expressões vivas do Brasil.

*Emiliano Zapata é natural de São Miguel, Zona Leste de São Paulo. Diretor de inovação e políticas audiovisuais na Spcine, o comunicólogo e cineasta é apaixonado por semiótica e busca inovação com justiça audiovisual.

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