Fernanda Torres e a esperança no Oscar 2025
19 de janeiro saem os indicados ao Oscar 2025 e a atriz brasileira tem potencial de fazer história
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Atualizado em 10 jan 2025, 12h20 - Publicado em 10 jan 2025, 08h00
Daqui a poucos dias, estaremos oficialmente discutindo o Oscar de 2025. Por conta dos incêndios em Los Angeles, os votos acabam dia 14 de janeiro e no dia 19 teremos a lista de indicados. Vou lacrar: Fernanda Torres estará nessa lista. Há uma corrente a seu favor, mesmo que os números sempre sugiram que vitória de uma estrangeira seja virtualmente difícil ou quase improvável. Com os tempos mudando, olho para trás para fazer minhas apostas.
Lembrando que o Oscar chega à sua 98ª edição em 2025, é importante citar que ao longo de quase um século, estrangeiros tiveram poucas chances de se destacar em categorias de atuação. Até hoje – em 98 anos – apenas duas atrizes estrangeiras venceram como Melhor Atriz em um filme não falado 100% em inglês. Está mais do que na hora de reescrever essa história.
Um histórico de indicações, mas poucas vitórias
Tecnicamente, Claudette Colbert foi a primeira estrangeira a ganhar um Oscar, em 1934, por “Aconteceu Naquela Noite”. Mas era um filme americano com ela interpretando uma americana e falando inglês. Assim, foram quase 30 anos desde o primeiro Oscar até que a italiana Anna Magnani tenha sido a segunda estrangeira reconhecida pela Academia, em 1956, por “A Rosa Tatuada”. Mais uma vez por um filme americano e falado em inglês, estrelado por ela e Burt Lancaster com roteiro de Tennessee Williams. Quatro anos depois a grega Melina Mercouri foi indicada por “Nunca Aos Domingos”, mas perdeu para Elizabeth Taylor em “Disque Butterfly 8”.
É por essas ressalvas que muitos creditam a Sophia Loren ter sido a primeira atriz estrangeira a vencer um Oscar de Melhor Atriz em um filme estrangeiro, em 1961, por “Duas Mulheres”. Depois dela, apenas a francesa Marion Cottillard, repetiu o feito e isso já em 2007, quando ganhou o prêmio por “Piaf”. Foram quase 50 anos entre um Sophia e Marion.
Entre os homens, vejam que raro, é ainda pior: mesmo com indicações para Marcello Mastroianni, Giancarlo Gianinni, Gerard Depardieu e Max Von Sydow, foi apenas em 1999 que Roberto Begnini ganhou como Melhor Ator por “A Vida É Bela”, um filme não falado em inglês. Depois dele, em 2012, Jean Dujardin ganhou por “O Artista”, um filme mudo francês que me vejo tendo que incluir na lista (risos). Se perguntar por Javier Bardem, Maximillian Schell ou Christoph Waltz, sim eles ganharam, mas por filmes americanos, “não contam” por causa disso.
Nos últimos anos, Youn Yuh-jung venceu em 2020 por “Minari” e Michelle Yeoh, em 2024, foi a Melhor Atriz por “Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo”, mas esses também são coproduções americanas. Tecnicamente, desde 2012 nenhum estrangeiro vence por um filme não americano e o hiato é maior entre as mulheres, com 18 anos desde Marion Cottilard. Portanto, se Fernanda Torres for indicada por “Ainda Estou Aqui” o potencial dela fazer história é ainda maior. Seria lindo!
Fazendo as contas
Com uma carreira consolidada e premiada dentro e fora do Brasil, Fernanda Torres está muito tranquila quanto à pressão da temporada de prêmios. Isso é essencial. Seu discurso emocionado (e emocionante) no Golden Globes a ajuda muito na semana vital da votação para o Oscar. Mas ainda assim não será fácil.
Isso porque a maior parte dos prêmios divide os gêneros comédia/musical do drama, mas o Oscar é mais restrito. Apenas há poucos anos ampliou a lista de filmes de 5 para 10, permitindo que filmes não falados em inglês disputem também. Mas, entre os atores e atrizes, isso não mudou. São apenas 5 indicados, de todos os gêneros, com 1 vencedor.
Em 2025, do lado “drama”, as favoritas são Nicole Kidman, Fernanda Torres, Angelina Jolie, Tilda Swintone Kate Winslet. Quase todas elas com um Oscar para chamar de seu, o que aumenta a chance de Fernanda. Do lado comédia/musical está mais difícil. Demi Moore está liderando a preferência, mas ainda temos Mikey Madison por “Anora”, Karla Sofía Gascon por “Emília Perez”, Zendaya por “Rivais” e Cynthia Erivo por “Wicked”.
Por conta de suas vitórias no Golden Globes, Fernanda e Demi estão com a preferência de cada uma pegar uma vaga. Das três que restam, está difícil decidir. Começo a não ver mais Angelina e Zendaya na lista final, nem mesmo Kate Winslet. Mas ainda tem mais gente para cortar…
Meu palpite: Demi Moore, Fernanda Torres, Nicole Kidman estão certas, e com elas aposto em Cynthia Erivo e Mikey Madison também fechando como finalistas. Será que acerto? Seja como for, falta pouco para saber. Você já tem o seu palpite?
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