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Filme “Asas do Desejo” (1987) é obra-prima incontornável de Wim Wenders

Fábula poética sobre anjos coloca imortalidade em xeque, em favor dos sentimentos humanos; Leia a resenha crítica do especial "100 filmes essenciais" aqui

Por Redação Bravo!
Atualizado em 10 jun 2024, 13h53 - Publicado em 10 jun 2024, 10h00
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A trapezista interpretada por Solveig Dommartin, por quem o anjo Damiel (Bruno Ganz) se apaixona (Asas do Desejo (1987)/reprodução)
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Dos três grandes diretores do chamado “novo cinema alemão” da década de 1970 — os outros são Werner Herzog e Rainer Werner FassbinderWim Wenders foi o que atingiu maior popularidade, até por ter tido a chance de trabalhar em Hollywood.

Depois de conquistar os cinéfilos com títulos como Alice nas Cidades (1974) e O Amigo Americano (1977), Wenders foi para os Estados Unidos no início da década de 1980, onde enfrentou sérias dificuldades para rodar Hammett (1982).

Em seguida, tornou-se mais conhecido do grande público com o memorável Paris, Texas (1984). De volta ao país natal, gestou sua segunda obra-prima, Asas do Desejo, pelo qual ganhou o prêmio de Melhor Direção em Cannes (Paris, Texas levara a Palma de Ouro em 1984).

O filme é protagonizado por dois anjos, Damiel (Bruno Ganz) e Cassiel (Otto Sander), que observam o cotidiano de Berlim no pós-guerra e tentam confortar as almas perdidas e perturbadas. Cansados de sua imortalidade vazia, invisível e despida de emoções, eles invejam os humanos e seus sentimentos e sensações — para evidenciar isso, o mundo dos anjos é mostrado em preto-e-branco, e o dos homens, em cores.

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A dupla se entrega a poéticos monólogos interiores sobre a condição de criaturas condenadas a não sentir, apenas pensar, e a biblioteca onde passam horas lendo intensifica a distância entre o intelecto e o coração. Até que Damiel resolve renunciar à essa vida perene para viver um romance e se apaixona por Marion (Solveig Dommartin), uma bela trapezista de circo. Wenders ilustra os devaneios metafísicos dos anjos com passeios de câmera, paciente e contemplativa, por ruas e arquitetura da cidade.

A partir dos anos 1990, o diretor viu sua carreira entrar em um ritmo desigual. Para cada trabalho do nível de Buena Vista Social Club (1999) e Estrela Solitária (2005), fez filmes irregulares como O Fim da Violência (1997) e O Hotel de um Milhão de Dólares (2000) — todos resultados de sua segunda estada na América.

Seu melhor momento à época foi a continuação de Asas do Desejo, Tão Longe, Tão Perto (1993), em que Cassiel também desiste de ser anjo e vai atrás de Damiel. Fuja do remake hollywoodiano Cidade dos Anjos (1998), em que a poesia do filme original deu lugar ao melodrama barato.

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Asas do Desejo / Der Himmel Über

Berlin
Diretor Wim Wenders
Alemanha (1987)

*Esta resenha faz parte da coleção “100 filmes essenciais” e foi originalmente publicada pela Revista Bravo! em 2008

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Especial Bravo! 100 filmes essenciais (Bravo!/arquivo)
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