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OLÁ,

Handmaid’s Tale: as diferenças entre livro e série – que estreou sua última temporada

Descubra as principais alterações e inovações na adaptação de Margaret Atwood para a tela, e como a trama evolui rumo ao desfecho televisivo

Por Beatriz Magalhães
Atualizado em 12 Maio 2025, 15h24 - Publicado em 11 Maio 2025, 09h00
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Série The Handmaids Tale (Paramount Plus/divulgação)
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Em 1985, Margaret Atwood publicou O Conto da Aia, um romance distópico que se tornou profético. A obra, ambientada em Gilead — um regime teocrático onde mulheres são reduzidas a instrumentos reprodutivos —, ecoou como um alerta sobre os perigos do autoritarismo e da erosão dos direitos femininos. Quase quatro décadas depois, a série The Handmaid’s Tale (2017-2025) adaptou o livro para as telas e transformou-o em um fenômeno cultural global.

Com figurinos vermelhos das Aias surgindo em protestos de rua e frases como “Nolite te bastardes carborundorum” virando símbolos de resistência, a produção da Hulu transcendeu o entretenimento para se tornar um espelho da luta por autonomia corporal e identidade em tempos de retrocessos políticos.

 

 

Agora, com a estreia da última temporada — que foi ao ar em 8 de abril de 2025 —, a jornada de June Osborne (Elisabeth Moss) chega ao clímax. O teaser promete um “exército de vermelho” disposto a incendiar Gilead, mas o legado da série já está gravado: ela expandiu, subverteu e, em alguns momentos, superou o texto original de Atwood. Enquanto o livro mantinha o foco na claustrofobia psicológica de Offred, a série ousou mostrar o horror além das paredes da casa dos Waterford, explorando desde as colônias tóxicas até a resistência internacional.

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O conto da Aia, Margaret Atwood (Rocco/reprodução)

Neste contexto, analisar as diferenças entre as duas obras é um modo de entender como uma história escrita nos anos 80 ressoa em 2025, quando a série se despede sob a sombra de um segundo mandato de Donald Trump, assim como começou. Com a consultoria direta de Atwood, a produção não apenas honrou a fonte, mas a reinventou, criando camadas de complexidade que refletem debates atuais sobre gênero, raça e poder.

Abaixo, detalhamos 7 mudanças cruciais que definiram essa adaptação — e o que elas revelam sobre o mundo em que vivemos.

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1. A história além de Offred

No livro, a narrativa é limitada à perspectiva de Offred, cujos pensamentos revelam um mundo de paranoia e silêncio. Já a série explora as memórias de Serena Joy, Moira, Emily e Nick, dando rosto a vilões e vítimas. Serena, por exemplo, ganha profundidade: de defensora fanática da maternidade obrigatória a mulher traída pelo próprio sistema que ajudou a criar.

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Série The Handmaid’s Tale (Paramount Plus/divulgação)

2. Luke: entre a esperança e a resistência

Na obra de Margaret Atwood, o destino de Luke (marido de June) é ambíguo, reforçando o tema do desamparo. Na série, ele sobrevive e se torna líder de refugiados no Canadá, mostrando a luta além das fronteiras de Gilead — algo apenas sugerido no livro.

3. O mistério do “Olho”

No livro, qualquer pessoa pode ser um espião do regime (“O Olho”), alimentando a desconfiança generalizada. Na série, Nick é revelado como agente duplo já no início, reduzindo o suspense, mas criando tensão em seu relacionamento ambíguo com June.

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4. June: nome proibido e identidade roubada

Enquanto no livro o nome real de Offred nunca é revelado (símbolo do apagamento feminino), a série a nomeia como June no primeiro episódio. A escolha enfraquece a opressão anônima do original, mas transforma o nome em um grito de resistência — como no teaser da última temporada, onde June declara: “Vestiram-nos de vermelho, a cor da raiva. Nos tornamos um exército”.

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Série The Handmaid’s Tale (Paramount Plus/divulgação)

5. A Serena Joy que Atwood não mostrou

No livro, a esposa de Fred é uma figura plana, quase invisível. Na série, Yvonne Strahovski a humaniza: Serena é ambiciosa, manipuladora e, em momentos raros, vulnerável. Sua relação complexa com June — entre cumplicidade e ódio — é um dos maiores acréscimos da adaptação.

6. As colônias: o horror fora das páginas

As colônias (áreas tóxicas para onde mulheres “rebeldes” são enviadas) são apenas citadas no livro. Na série, vemos Emily e outras prisioneiras trabalhando até a morte em paisagens desoladas, um retrato visceral que amplia o terror do regime.

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7. Ativismo x Passividade

A June do livro é introspectiva e resignada; a June da série é uma estrategista. Enquanto a primeira apenas observa a barbárie, a segunda incendeia casas, lidera rebeliões e confronta comandantes. Essa mudança divide fãs, mas reflete a urgência de protagonismos femininos contemporâneos.

O que esperar da última temporada?

Com cenas de June liderando rebeliões e a promessa de um “exército de vermelho”, o desfecho deve tensionar ainda mais as diferenças com o livro. Margaret Atwood, que participou como consultora, já adiantou que “Gilead está dentro de todos nós” — um alerta que ecoa em 2024, com a série terminando sob o possível segundo mandato de Trump, assim como começou. The Handmaid’s Tale está disponível no Brasil pela UOL Play.

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