Netflix dá início à 2ª temporada de Cem anos de solidão
A série da Netflix, dividida em 16 episódios, estreou em dezembro de 2024 e teve boa recepção do público
Muitos leitores e admiradores de Gabriel García Márquez (Gabo) estavam apreensivos com a adaptação de seu clássico Cem Anos de Solidão para o streaming. Considerada por muito tempo uma obra inadaptável, a história sempre despertou dúvidas sobre como poderia ser transposta para a tela. Felizmente, a série conseguiu surpreender e foi bem recebida pelo público e pela crítica. Dividida em 16 episódios, a primeira parte estreou em dezembro de 2024. Nesta semana, a Netflix anunciou a produção da etapa final, ainda sem previsão de lançamento.
Um dos fatores que contribuíram para o sucesso da adaptação foi a participação da família do autor no projeto. Entre as exigências para a realização da série estavam a filmagem integral na Colômbia e o uso exclusivo do espanhol como idioma original.
O que vem por aí
A direção da nova etapa fica a cargo de Laura Mora e Carlos Moreno. Marleyda Soto e Claudio Cataño retornam aos papéis de Úrsula Iguarán e Coronel Aureliano Buendía, respectivamente. O elenco se expande com a entrada de novos nomes, como Ángela Cano, Emmanuel Restrepo, Estefanía Piñeres, María Adelaida Puerta, Emiliano Pernía, Juanita Molina, Laura Taylor, Obeida Benavides, Julián Román e Carla Baratta, entre outros.
A história tem início com José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán, que, desafiando as tradições de suas famílias, deixam sua terra natal para fundar Macondo, uma cidade idílica à beira de um rio. Ao longo das gerações, os Buendía vivem amores impossíveis, enfrentam a loucura, são assolados pelos horrores da guerra e carregam o peso de uma maldição que parece condená-los a cem anos de solidão.
A segunda parte da série trará o desfecho da adaptação, revelando o destino da família Buendía e os últimos acontecimentos em Macondo.
Curiosidades sobre a obra
A inspiração para Cem Anos de Solidão teria surgido durante uma viagem de Gabriel García Márquez com a família para Acapulco, em 1965. Há diferentes versões sobre o que aconteceu a seguir: algumas dizem que ele interrompeu a viagem e voltou para casa para escrever, frustrando seus familiares; outras sugerem que ele continuou a escrever ao longo do percurso, sem grandes contratempos.
No entanto, animado com a narrativa, Gabo pediu demissão de seu trabalho para poder se dedicar à escrita. Para isso, precisou penhorar diversos objetos da casa e até vender seu carro. Ao fim, acumulou uma dívida de 120 mil pesos (cerca de 10 mil dólares). Apesar disso, tinha respaldo de seus amigos que acompanharam as leituras ao longo do processo. Não demoraria muito após a publicação para o livro se tornar um sucesso, que futuramente teria mais de 50 milhões de cópias vendidas mundialmente.
Passou pelo menos um ano sem um salário fixo e, naturalmente, as incertezas sobre o futuro o acompanhavam. “Ou eu tenho um romance, ou apenas um quilo de papel. Ainda não tenho certeza”, teria dito a seus amigos.
Pouco depois de sua publicação em 1967, o livro se tornaria um sucesso estrondoso, alcançando, ao longo dos anos, mais de 50 milhões de cópias vendidas em todo o mundo.
O estilo que o aproximava do realismo fantástico — pelo qual é celebrado até hoje — teria sido influenciado pelas histórias que ouvia em casa quando criança. “Eu me lembrei de que minha avó costumava me contar as coisas mais atrozes sem se exaltar, como se as tivesse acabado de ver”, disse García Márquez à publicação espanhola Triunfo. “Então percebi que essa imperturbabilidade e a riqueza de imagens com que minha avó narrava as histórias eram o que dava verossimilhança às minhas. … Como eu faria meus leitores acreditarem nelas? Usando os mesmos métodos da minha avó.”
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