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A nova era do Saia Justa no Gnt: “menos textão e mais diversão”

Mudanças no programa foram anunciadas na última semana durante uma coletiva de imprensa; Eliana assume como âncora da atração, substituindo Astrid Fontenelle

Por Humberto Maruchel
14 ago 2024, 09h00
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Rita Batista, Tati Machado, Eliana e Bela Gil: o novo elenco do Saia Justa (Ju Coutinho/divulgação)
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Assim que foi criado em 2002, o Saia Justa nasceu como um programa disruptivo para a televisão brasileira. Não poderia ser de outro jeito: no famoso sofá, Fernanda Young, Rita Lee, Marisa Orth e a âncora Monica Waldvogel navegavam por temas diversos, como ciúmes, crises pessoais, liberdade feminina, maternidade, guerra às drogas, liberdade sexual e até mesmo vício em celular – sim, isso em 2002. Em um dos momentos icônicos, Monica lê uma carta de uma espectadora que critica as “sem-vergonhices” das apresentadoras. Rita, sem dizer nada, se levanta e vira lentamente. Suas companheiras logo percebem o que viria a seguir. “O Gerald Thomas foi processado por isso”, alertou Marisa Orth. Então, Rita abaixa as calças e mostra a bunda. O trecho, como se pode esperar, foi cortado.

Desde então, 22 anos se passaram e o programa se manteve como uma das principais audiências do canal gnt, sempre atento aos debates e tendências em voga. Fernanda Young (1970-2019) e Rita Lee (1947-2023) não estão mais entre nós e deixaram o Brasil cheio de saudades de seus trabalhos, modos de pensar e carismas. O Saia Justa se reinventou de várias maneiras e trouxe novas anfitriãs: por lá, passaram figuras como Marina Lima, Márcia Tiburi, Betty Lago, Ana Carolina, Maitê Proença, Luana Piovani, Camila Morgado, Maria Fernanda Cândido, Teté Ribeiro, Barbara Gancia, Mônica Martelli, Fernanda Gentil, Taís Araújo, Sabrina Sato, Pitty, Gabriela Prioli, Larissa Luz, entre tantas outras. Um dos nomes que deixou uma marca no programa foi Astrid Fontenelle, que permaneceu na bancada durante 10 anos até ser substituída por uma nova âncora: Eliana.

Em junho passado, muito se falou sobre o destino da ex-apresentadora do SBT, que passou pela Record, e sua chegada à Rede Globo. Um dos passos nesse trajeto que culminaria em um programa próprio era sua participação no Saia Justa, que estreou sua nova temporada na última quarta (7), às 22h30 no gnt. Para impulsionar a nova leva de apresentadoras, o primeiro episódio teve sinal aberto para não assinantes. Uma das mudanças principais é que a atração será um programa gravado, e não mais ao vivo. Ao lado de Eliana estáa chef Bela Gil, que participa desde 2023; Rita Batista, apresentadora do É De Casa e que tem um histórico como repórter desde 2016; e a divertida Tati Machado, comentarista de entretenimento no programa Encontro com Patrícia Poeta, na Globo, e que venceu a última edição do Dança dos Famosos.

A alteração mais significativa, entretanto, está na linha editorial do programa, que abordará temas mais leves e descontraídos. Voltado para o público feminino 40+, a intenção é que a atração proporcione um espaço de relaxamento para as mulheres após um dia corrido. “É o mesmo Saia de sempre que a nossa audiência acompanha, só que renovado, onde repactuamos esse compromisso com a leveza, com esse lugar seguro para conversas gostosas, leves, mas relevantes”, explica Patricia Koslinski, Head de Conteúdo de Variedades da Globo em coletiva de imprensa.

Vamos comentar até sobre novela, de alguma maneira, também nas redes sociais. Vocês vão poder ver um time mais descontraído porque a gente não quer ter razão sobre tudo, e a gente também não quer concluir tudo. A gente quer pensar junto com a nossa audiência”, adianta Tati Machado. O Saia Justa terá ainda um canal de WhatsApp e um spin-off nas redes sociais com conteúdos exclusivos dos encontros e irão experimentar outros formatos, adaptando o conteúdo do programa em podcast.

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Eliana lembrou a contribuição das âncoras anteriores e citou as mudanças nesta temporada. “Acho que o grande diferencial do Saia é que, durante muitos anos, tivemos duas grandes jornalistas como âncoras: a Monica e a Astrid, que representaram muito bem a classe de uma maneira muito bacana, assim como as mulheres. Eu venho com um diferencial do entretenimento, mas também com uma experiência vasta em televisão. Acredito que o grande diferencial, neste momento da minha apresentação, será que vocês me vejam de uma maneira que nunca me viram. E talvez eu mesma nunca tenha me mostrado.”

Primeiras impressões

O primeiro episódio teve um começo agradável, com uma série de reminiscências, em que as apresentadoras refletiram sobre o impacto do programa em suas vidas e carreiras, prestando também as devidas homenagens às antecessoras. “Sou telespectadora do ‘Saia’ desde sempre. Lembro-me do primeiro episódio, em 17 de abril de 2002, assistindo e compreendendo o que o programa viria a ser. Com o passar dos anos, tornei-me repórter do ‘Saia’ em 2016 e, agora, em 2024, aqui estou eu no sofá com vocês”, declarou Rita Batista.

Em seguida, elas discutiram o tema das mudanças na vida, aproveitando a oportunidade para compartilhar mais de suas histórias pessoais. Eliana foi uma das primeiras a compartilhar sua intimidade. “Tenho algumas histórias de vida que envolvem mudanças através da dor, como foi o caso da Manuela, que o Brasil acompanhou, onde o inesperado acontece. Nessas situações, precisamos superar e reagir”, afirmou Eliana, ao recordar o delicado período de gestação de sua filha Manuela, hoje com 6 anos. Na época, Eliana sofreu um descolamento de placenta e precisou se afastar de suas atividades para uma longa recuperação.

Em seguida, Eliana passou a palavra para Tati Machado. “Hoje, na estreia do ‘Saia Justa’, faz um mês que venci a ‘Dança dos Famosos’. Quando penso em mudança, minha mente vai diretamente para essa experiência de quatro meses, porque saí dela profundamente transformada, especialmente no que diz respeito ao meu corpo. Houve uma grande mudança na minha consciência sobre meu próprio corpo e minhas capacidades.”

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Quando chegou sua vez, Bela Gil começou explicando a Teoria do Setênio e como ela entende que esse pode ser aplicado para elucidar as transições em sua vida. A Teoria do Setênio é um conceito da Antroposofia que sugere que a vida humana se desenvolve em ciclos de sete anos, chamados “setênios”. De acordo com essa teoria, cada setênio representa uma fase distinta da vida, marcada por mudanças físicas, emocionais e espirituais.

“Muitas vezes, na minha vida, só percebi as mudanças depois de um tempo, anos depois. Aos 14 anos, comecei a praticar Yoga, a meditar, e me interessei pela Nutrição. Aos 21, tinha acabado de me tornar mãe, o que trouxe uma grande responsabilidade e mudanças no meu comportamento. Aos 28, sempre fui muito conciliadora, tentando não desagradar ninguém, mas decidi fazer o parto do meu filho em casa, mesmo contrariando muitas pessoas. Eu assumi essa decisão. E aos 35, eu tinha acabado de me separar, e foi quando a ‘lente cor-de-rosa’ caiu. Comecei a enxergar a vida de forma diferente, mais dura. Foi a primeira vez que senti que realmente tomei o volante da minha vida e comecei a guiar meu próprio caminho.”

Confira abaixo os melhores trechos da coletiva com o novo elenco do Saia Justa sobre o que podemos esperar desta temporada.

Bravo! participou da coletiva de imprensa com as debatedoras, ou as novas “saias” (como carinhosamente são chamadas no GNT), na qual discutiram os rumos do novo Saia Justa. Embora, tenham destacado essa alteração no tom das conversas, as apresentadoras não detalharam quais assuntos serão postos em volta do sofá. Confira alguns trechos da conversa:

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Mudança de rotas

“Eu saí de um universo infantil de 16 anos, só com as crianças, fiz essa importante transição na Record, com o Tudo é Possível, e voltei para o SBT aos domingos, dividindo os domingos com o maior comunicador de televisão, que é o Silvio Santos. Depois de 15 anos do meu retorno, eu recebi o convite para estar aqui na Rede Globo para esses novos desafios. Aos cinquenta anos, eu pensei, falei, eu quero fazer algo diferente. Eu até cheguei a dizer publicamente que eu queria me comunicar com as mulheres, talvez fazer algo nas redes sociais, fazer alguma coisa que fosse além do auditório, que é algo que eu domino já há tantos anos e que eu amo fazer. Mas era algo que eu estava pensando, né? E, daí, quando eu recebi o convite, eu falei, nossa, fazer o Saia Justa, fazer os outros projetos que estão por vir ainda, é um desafio profissional e pessoal, também, de inovação. É muito legal você poder inovar aos cinquenta, roubei um pouquinho, cinquenta e um, aos cinquenta anos, é muito bacana, é muito inspirador e é muito especial, principalmente porque eu encontro com algumas mulheres da minha idade.” – Eliana

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Eliana (Ju Coutinho/divulgação)

Pedindo licença

“Para mim, pessoalmente, todo dia, quando chegamos lá para fazer as nossas tarefas em relação ao Saia, é quase como pedir licença, porque sabemos do histórico do programa e das mulheres que já estiveram por lá. E aí, quando me vejo lá, já até dividi isso com as meninas, e em algum momento eu falei: “Nossa, mas será que faz sentido eu estar no Saia? O que eu tenho para contribuir?” E eu nunca vou esquecer, a Bela olhou para mim e falou: “Menina, pelo amor de Deus, você tem muita coisa para falar.” E eu tenho mesmo muita coisa para dizer e muito para mostrar, porque também tenho muitas opiniões sobre a gente. Tenho minhas vivências, então, no início, fiquei até pensando: “Meu Deus, será que sou capaz mesmo disso?” Mas na prática vamos vendo e vamos acreditando em nós mesmas.” – Tati Machado

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Tati Machado (Ju Coutinho/divulgação)
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Menos textão, mais diversão

“O Saia pauta o Brasil e também recebe as reivindicações, não só do público feminino, mas de toda a sociedade. Porque, apesar de a gente ter essa afinidade, obviamente, com o público feminino, ser pioneiro quando não existia a possibilidade de colocar quatro mulheres conversando sobre os mais variados assuntos, mesmo sob a batuta e tutela de profissionais como Monica Waldvogel, como Astrid Fontenelle, e agora com Eliana, nós sabemos que isso também era tabu na sociedade. ‘Ah, eu vou conversar sobre o quê? Eu vou falar sobre o quê?’ Você ouvia muito isso. Porque eu componho o produto (o programa) desde sempre. ‘Ih, é só mulher conversando? Que bobagem.’ E aí vemos que a gente, no meio televisivo e com os telespectadores e as telespectadoras, rompe também as égides do machismo, da heteronormatividade, do sexismo, dos ditames de que mulheres reunidas ou vão rivalizar ou vão falar bobagem. E se a gente quiser falar bobagem, é um direito nosso também. É por isso que essa novidade do Saia é de menos textão e mais diversão; temos essa possibilidade de conversa fiada às quartas-feiras.” – Rita Batista

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Rita Batista (Ju Coutinho/divulgação)

Um papo entre amigas

“Esse sofá, nesta temporada, vai representar muito bem quatro melhores amigas conversando no sofá de casa. Acho que estamos numa sintonia tão gostosa que queremos sair para jantar juntas, queremos estar juntas, e a gente se faz bem. Isso é muito bom. A temporada vai representar isso: pessoas que querem estar juntas, querem trocar, querem aprender, querem se colocar vulneráveis. E acho que é isso que o povo quer ver.” – Bela Gil

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Bela GIl (Ju Coutinho/divulgação)
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