Por que Meryl Streep sofreu nas filmagens de ‘O diabo veste Prada’
A atriz chegou a declarar que o processo de construção de Miranda foi emocionalmente exaustivo

Sabemos que não é preciso muito para que Meryl Streep seja indicada a um Oscar. Com 21 nomeações ao longo da carreira, ela é a artista mais indicada da história da premiação. Uma de suas atuações mais memoráveis – e também uma das mais populares – é a de Miranda Priestly, a impiedosa editora-chefe de moda em O Diabo Veste Prada (2006), dirigido por David Frankel. A performance rendeu a Streep sua 14ª indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Atriz, em 2007.
O filme foi um fenômeno de bilheteria, arrecadando US$ 326 milhões no mundo, e se tornou um marco da cultura pop. Quase duas décadas depois, uma sequência está em desenvolvimento, com estreia prevista para 2026. A nova trama abordará as transformações no mercado editorial, especialmente os impactos da internet e das redes sociais.
Agora, Miranda precisa lutar para manter a revista fictícia Runway de pé, buscando apoio de uma empresária de luxo — ninguém menos que Emily Charlton, sua ex-assistente, interpretada por Emily Blunt. A relação entre as duas, marcada por tensão no primeiro longa, promete ser central na nova narrativa. Para sobreviver, Miranda terá que fazer algo raro em sua trajetória: um exercício de humildade.
Quanto à personagem Andy Sachs, vivida por Anne Hathaway, seu retorno ainda é um mistério — embora a primeira imagem divulgada das gravações mostre a jovem jornalista em sua pose clássica, caminhando pelas ruas de Nova York enquanto fala ao telefone.
Apesar de o filme ter sido celebrado pelo público e pelo elenco, Meryl Streep revelou anos depois que a experiência nas filmagens foi mais amarga do que se imaginava. Em uma entrevista ao Entertainment Weekly, durante a comemoração dos 15 anos do longa, a atriz contou que o processo de construção de Miranda foi emocionalmente exaustivo. “Eu estava miserável no meu trailer… Fiquei deprimida”, disse. O motivo: Streep escolheu se manter em personagem o tempo todo, adotando a técnica conhecida como method acting.

Esse estilo de atuação, popularizado por nomes como Lee Strasberg e usado por atores como Daniel Day-Lewis, busca uma imersão total na mente e nas emoções do personagem. Em vez de apenas interpretar, o ator procura viver a experiência como se fosse real. Meryl levou isso ao extremo durante as filmagens, evitando até mesmo interações mais leves com o elenco para não quebrar a atmosfera da personagem. A produtora Wendy Finerman, em entrevista ao podcast Hollywood Gold, confirmou: “Ela permaneceu no personagem o tempo todo. Deixou muito claro que toma suas decisões e se mantém firme nelas.”
No entanto, essa escolha teve um preço. Streep revelou que essa foi a última vez que utilizou o método, por perceber o quanto ele a consumiu emocionalmente. Muitos atores, inclusive, preferem manter uma separação entre o trabalho e a vida pessoal, defendendo que é possível alcançar grandes interpretações sem comprometer o bem-estar psicológico.
Enquanto Meryl mergulhava na densidade emocional de Miranda, outros membros do elenco transitavam com leveza entre cenas e bastidores, contraste que só intensificava sua sensação de isolamento e angústia.