Série sobre Gloria Maria revive trajetória da jornalista que revolucionou a TV brasileira
Disponível no Globoplay, "Gloria" reconta a trajetória da comunicadora que desbravou o mundo e abriu caminhos para mais mulheres negras na TV brasileira

Como parte das comemorações de seus 60 anos, a Globo preparou uma homenagem à icônica jornalista Gloria Maria, morta em 2023 no Rio de Janeiro após complicações de um câncer no cérebro. A série documental Gloria estreou no fim de abril, após o Fantástico, e, agora, está no catálogo de streaming do Globoplay. A produção de quatro episódios acompanha os 52 anos de carreira da comunicadora, cuja ousadia e talento redefiniram o jornalismo televisivo no Brasil.
Dirigida por Danielle França (do programa de entrevistas Conversa com Bial) e com roteiro de Paulo Sampaio, a produção resgata imagens históricas e depoimentos exclusivos de personalidades como os artistas Maria Bethânia, Roberto Carlos, Emicida, Mano Brown, colegas como Pedro Bial e Maju Coutinho e o sociólogo e professor emérito da UFRJ Muniz Sodré.
Uma roda de conversa com 18 jornalistas negras também integra a série, destacando o legado da jornalista como pioneira na quebra de barreiras raciais e de gênero na imprensa. Além de jornalistas da Rede Globo, como Maju Coutinho, Aline Midlej, Denise Thomaz Bastos, Flavia Oliveira e Livia Martins, a seleção era composta por integrantes do grupo Herdeiras de Gloria Maria, criado por Letícia Vidica e Cris Guterres em2022, do qual nossa editora-chefe Laís Franklin faz parte.

Da radioescuta ao mundo: uma carreira de primeiras vezes
A série recua às origens de Gloria Maria nos anos 1970, quando começou como radioescuta no Rio de Janeiro, monitorando frequências policiais em busca de notícias. Sua estreia no Jornal Nacional, em 1977, já marcaria história: foi a primeira repórter a fazer uma entrada ao vivo durante o telejornal. Nos anos seguintes, tornou-se sinônimo de coragem, cobrindo desde a Guerra das Malvinas até a posse do presidente americano Jimmy Carter.
Mas foi no Fantástico, a partir de 1986, que Gloria se consolidou como lenda. Suas reportagens por mais de 100 países — da África ao Oriente Médio — e entrevistas com ícones como Michael Jackson, Madonna e Freddie Mercury cativaram o público. Em 1998, assumiu a apresentação do programa, tornando-se a primeira mulher negra no comando de um dominical de grande audiência.

Um acervo de histórias e enfrentamentos
A produção revisita momentos emblemáticos, como a entrevista com o presidente Figueiredo durante a ditadura militar, e a cobertura da epidemia de Ebola na África, em 2014. Imagens inéditas mostram Gloria em situações como mergulhos com tubarões e conversas com Leonardo DiCaprio e Nicole Kidman.
Após deixar o Fantástico em 2007, a jornalista seguiu no Globo Repórter, dividindo a apresentação com Sandra Annenberg a partir de 2019.
Gloria Maria faleceu em fevereiro de 2023, aos 73 anos, vítima de um câncer de pulmão. A série documental, no entanto, foca em celebrar sua trajetória, com registros de sua última aparição na TV durante uma reportagem no Quênia em 2022.