Wicked seria uma resposta ao racismo do autor de O Mágico de Oz?
O filme inspirado no romance de Gregory Maguire estreia hoje (21) nos cinemas e apresenta a clássica história de "O Mágico de Oz" sob a perspectiva da vilã
Nesta quinta (21), estreia nos cinemas a adaptação de “Wicked”, dirigida por Jon M. Chu, com participação de Cynthia Erivo (Elphaba) e Ariana Grande (Glinda, a “bruxa boa”). “Wicked” (1995), de Gregory Maguire, que mais tarde foi adaptado para um musical da Broadway, se tornou popular por apresentar uma nova perspectiva sobre os personagens de “O Mágico de Oz”, especialmente Elphaba, a Bruxa do Oeste, retratada como a principal vilã na história original. A trama se passa antes dos eventos de “O Mágico de Oz” e nela Maguire oferece sua própria interpretação de como Elphaba se transformou na vilã conhecida por todos, trazendo uma visão mais profunda e multifacetada de sua personagem.
Embora a obra seja conhecida como uma fantasia familiar, o passado e a trajetória de Elphaba são marcados por violência. Em Wicked, ela se rebela contra o autoritarismo e a crueldade de Oz, imersa em um cenário de caos político e massacre promovido pelo mágico contra um grupo específico. Além disso, sua origem e tom de pele a colocam à margem da sociedade, destacando a sua constante luta contra o preconceito. Não há menções sobre a intenção de Maguire em contestar diretamente o racismo de Baum, mas, para muitos leitores, há semelhanças entre o destino trágico de Elphaba em “O Mágico de Oz” e a visão do autor sobre os povos nativos.
“Comecei a refletir, de fato: ‘O que torna alguém perverso? O que é o mal, e como o utilizamos social e culturalmente? Como empregamos esse conceito para legitimar nossa inclinação para a ganância, o egoísmo e a autojustificação?’ Passei a buscar uma maneira de escrever sobre o mal”, declarou o autor de Wicked em entrevista para o site Broadway World.
Logo após a publicação do livro, a história quase ganhou uma grande adaptação cinematográfica, mas o compositor Stephen Schwartz descobriu a obra e convenceu Gregory Maguire de que a trama seria melhor explorada em forma de musical no teatro.
“Ele disse que meu romance se baseava em uma crença do século XIX em um universo moral, e que os personagens possuíam instintos e emoções profundos, pré-freudianos, pré-modernos, que não funcionariam tão bem na tela grande, mas seriam perfeitos quando cantados. Então, ele continuou e disse: ‘Gregory, estou tão convencido de que você verá a correção da minha visão que já concebi a primeira música. Vai se chamar No One Mourns the Wicked. E com a frase No One Mourns the Wicked, ele me disse, sem exatamente dizer: ‘Eu captei a essência do porquê você escreveu este livro'”, relatou Maguire na mesma entrevista.